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Movimente-se e Construa Coisas Como se a Empresa Fosse Sua

Por Alexandre Hohagen

Comprometimento é uma palavra muito complexa. Não literalmente, claro, mas em decorrência de todo significado que carrega. Há muito tempo ouço falar - e imagino que vocês também - sobre "vestir a camisa", "dar o sangue" pela empresa, e se determinado funcionário está realmente envolvido nos processos corporativos.

A verdade é que hoje vejo um movimento mais profundo. O comprometimento foi elevado a outro patamar e estimula a formação de uma nova mentalidade por parte dos funcionários e empresas: a do empreendedor corporativo.

Especialmente em companhias com DNA inovador e traços de startup, o empreendedorismo corporativo vem ganhando cada vez mais espaço. Isso porque tudo acontece de maneira muito acelerada, os times são enxutos, funcionários têm grande liberdade e a performance individual é valorizada e estimulada.

Trata-se de um conceito que cresceu nas empresas e se tornou um diferencial competitivo para candidatos em processos seletivos. São profissionais com perfil empreendedor, capazes de funcionar dentro da dinâmica de uma organização e, ainda assim, reconhecê-la como se fosse sua. São aqueles que enxergam as necessidades do negócio, abraçam oportunidades e têm a vocação para preencher lacunas, propor, desenvolver e atuar em projetos diversos.

Estamos falando de profissionais audaciosos, estratégicos, capazes de assumir riscos controlados e que não têm medo de errar ou recomeçar. Existe um lema que costumamos incentivar que traduz exatamente isso: "movimente-se rápido e construa coisas".

Característicos das empresas de internet, que cresceram no Vale do Silício e se acostumaram a mudar com a velocidade rápida da rede, esses atributos já são desejados por diversas companhias de setores considerados tradicionais, da construção civil ao varejo. Isso porque é nítido o valor que essa mentalidade pode trazer a praticamente todo tipo de negócio, já que fomenta um ciclo virtuoso baseado em inovação nascida dentro da própria companhia.

É importante ressaltar que nós, brasileiros, estamos em uma posição privilegiada neste sentido. Números oficiais mostram que a vocação para empreender é natural do brasileiro: hoje são mais de seis milhões de empresas espalhadas pelo país, segundo o Sebrae. Negócios tradicionais, digitais, inovadores, ousados. A última edição do Global Entrepreneurship Monitor destaca que a maioria (52%) dos brasileiros empreendedores são jovens de 18 a 34 anos.

Trata-se de uma geração bastante ativa no mercado de trabalho - muito em decorrência da economia local pulsante -, que está iniciando a carreira e já leva consigo uma carga desse espírito. É essa nova força de trabalho que deve deixar a sua marca e mudar a cultura empresarial brasileira nos próximos anos, como já vemos acontecer.

O fato é que encontrar e contratar pessoas com essas características é apenas o primeiro passo. Depois disso, é preciso permitir que eles se desenvolvam continuamente e sintam-se livres para trazer novas ideias. Só assim essa nova dinâmica funciona e os talentos adquiridos conseguem se sentir motivados a continuar no negócio.

Entretanto, perpetuar um ambiente propício a esse empreendedorismo corporativo ainda é um desafio, principalmente diante das tarefas cotidianas e da pressão imposta por metas muitas vezes agressivas. Manter o negócio girando ao mesmo tempo em que é dada essa liberdade para arriscar dentro de novos projetos é hoje um dos principais desafios da maior parte das empresas que apoiam o empreendedorismo corporativo.

Acredito que a transformação organizacional impulsionada por esses "empresários dentro da empresa" está atrelada à capacidade do profissional de colocar em prática seus planos e de seus gestores em definir prioridades.

O mesmo DNA daquele que enxerga em uma demanda do mercado a oportunidade de ganhar a vida deve estar presente em todos os níveis hierárquicos da corporação para que essa dinâmica dê certo. Determinação, imaginação, adaptação, e jogo de equipe são, portanto, palavras-chave nesse processo.


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