Por Betania Tanure
Diante do atual cenário brasileiro, uma pergunta deve ser feita: neste momento de incertezas sobre o ambiente econômico, de postergação de investimentos, de um frustrante "pibinho", de insatisfação com a representatividade do sistema político e de intensos movimentos sociais, que escolhas você está fazendo para sua empresa?
Quando vem a inflação e cai o crescimento econômico, é comum que os dirigentes de empresas busquem proteger o caixa focando o corte de custos e os resultados de curto prazo. Se a medida é necessária nesses momentos, é um grave erro fugir e fingir que nada está acontecendo.
A racionalização dos custos, aliás, deveria ser aplicada de forma inteligente, com visão de longo prazo, mesmo em períodos de crescimento. Sem que se perceba, no entanto, o cuidado com os custos se esvai, levando consigo a possibilidade de resultados sustentáveis. Parece que não aprendemos com as duras experiências que já vivemos.
Em se tratando de custos, racionalização deveria significar "escolhas inteligentes". Temos alguns legados muito ruins nesse sentido em empresas ditas de primeira linha, como a manutenção inadequada de sua produção ou instalações que ficaram precárias. Além disso, grande parte das que dizem que as pessoas são o seu maior ativo parte para a solução que lhes parece mais fácil na hora da crise: cortar pessoas - e muitas vezes de forma desrespeitosa.
É possível pensar diferente, e o momento é agora. Proteja seu caixa, sim, de forma a não colocar em risco o seu projeto empresarial. Crie bases para que ele floresça. Em vez de se concentrar naquelas ações de redução de custos típicas da crise conjuntural, mude o modelo mental e incorpore a racionalização à cultura da sua empresa.
A força da liderança está na expansão dos limites. A meta está sempre à frente do que já foi realizado. A regulação do "stretching" - sempre presente nas empresas consistentemente bem-sucedidas - é tarefa dos verdadeiros gestores, pois elimina o marasmo, a burocracia e injeta energia e combustível. Essa estratégia tem também seus riscos e exige a capacidade de distinguir o que pode ser ultrapassado do que deve ser respeitado.
Nos momentos de perigo e incertezas como o que vivemos, é preciso saber acelerar e frear sem perder o controle. Mas, para isso, você tem de saber combinar a competência "hard" de identificar os desafios do negócio e olhar mais longe do que os concorrentes, com a competência "soft" de mobilizar as pessoas para aproveitar o momento, dinamizar a mudança do modelo mental e da cultura, e fazer as escolhas corretas.
Assim, você distinguirá os cortes que comprometem o futuro dos cortes que se incluem na necessária racionalização. Perceberá que a pressa nunca é bem-vinda, pois traz em si a precipitação. Já a velocidade é produtiva e, por isso, útil ao dirigente que tem a maestria necessária para identificar a hora de cortar e a hora de investir - ou melhor, identificar o que cortar e o que investir, pois esses dois verbos devem estar presentes durante toda a vida empresarial.
Se sua companhia está entre as que têm convicção do seu projeto empresarial e assumem de forma consciente os riscos, pode estar vivendo hoje um momento de excepcional oportunidade. Quando todos recuam, talvez seja hora de ir em frente e até, cuidadosa e responsavelmente, pisar no acelerador - com a devida habilidade para não derrapar na primeira curva.
Qualquer que seja a situação, os resultados não podem ser desprezados. Mas o momento exige mudança de visão e de atitude. É hora de pensar diferente, expandir limites, fazer o devido balanço entre o "hard" e o "soft", além de fortalecer as competências corretas. Se você ainda não faz parte desse movimento, ingresse nele. Será a primeira de uma sucessão de escolhas certas.
Fonte: www.valor.com.br
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