Daniel Limas
Aceitar uma nova proposta de trabalho ou permanecer no atual? Quem já não passou por uma situação como essa, certamente algum dia, vai passar. É claro que essa resposta é muito mais fácil de ser respondida caso você esteja desempregado ou não esteja feliz com seu atual emprego. Tomar uma decisão como essas requer muitos cálculos, análises, autoconhecimento e uma dose de ousadia.
Antes de tomar a decisão, não analisar uma série de fatores e se cercar de diversos cuidados pode ser muito prejudicial para a sua carreira, e ao invés de promover crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal pode resultar em frustração, desemprego e ter seu passe desvalorizado no mercado de trabalho.
E para que isso não ocorra, a primeira análise que a pessoa deve fazer é levar em conta se haverá ou não possibilidade de incremento ou de consolidação da carreira. “Em primeiro lugar, devemos pensar no desenvolvimento profissional. Em seguida, sugiro analisar se os ganhos serão maiores”, explica Odair Montanaro Gazzetta, diretor-presidente da Gazzetta Talent, empresa especializada em “executive searching” e aconselhamento de carreira.
Para a Gerente de Atendimento da Catho Online, Camila Mariano, a análise do momento profissional também é fundamental. “Algumas pessoas têm o objetivo de subir de cargo, outras querem salário maior, ou maior qualidade de vida. De acordo com esse objetivo, devemos avaliar as empresas e a proposta oferecida”, explica Camila. E esse objetivo varia de acordo com o momento em que o profissional está. Há quem queira mais tempo para se dedicar à família. Há aqueles que querem estudar e não podem trabalhar muito longe. Assim como há quem busque um salário maior.
Para Gazzetta, estas análises são fundamentais e não são complicadas de fazer. Ao procurar informações sobre a empresa, ele recomenda que se estude o porte, a organização, a solidez, a estrutura e a cultura da organização, entre outras características. A gerente também segue esta mesma linha de pensamento e recomenda que o trabalhador analise, inclusive, como está o mercado para as duas empresas e como elas estão posicionadas neste mercado. “Isso é fundamental para saber se a empresa é segura ou não”, declara.
E, ao pensar em seu desenvolvimento profissional, o mais importante é pensar nos desafios que estão sendo oferecidos. “Afinal, se ele está pensando em trocar de emprego, significa que está tentando dar um up grade em sua carreira. Portanto, o foco deve estar na possibilidade de obter conhecimento e gerar valor, não agregar valor”, analisa Gazzetta.
Ao analisar as empresas, é importante procurar conhecer um pouco da cultura da empresa e ver se suas práticas e modo de agir com o mercado e com a sociedade são compatíveis com as suas. “É importante, mas não deve ser uma questão determinante. Se fosse assim, as indústrias de cigarro, as que fabricam máquinas que derrubam árvores e as de bebidas alcoólicas deveriam fechar amanhã. O papel social de uma empresa é importante, sim, mas não vai alterar em nada a sua carreira. Não podemos ser hipócritas de acreditar que as empresas têm outros objetivos além do lucro”, comenta Gazzetta.
Uma outra dúvida muito comum é quando você está numa empresa de grande porte e a oportunidade surge em uma empresa menor. A recomendação continua a mesma: fazer uma avaliação da sua carreira, analisar seus objetivos profissionais, traçar planos e metas. “Às vezes, é mais importante você ser o João em uma empresa pequena que ser o número 25 numa empresa grande. Geralmente, numa empresa menor, você pode ser polivalente e multifuncional. Já, numa grande, você acaba sendo especialista em alguma coisa”, explica Gazzetta.
Além do aprendizado, deve-se ainda levar em conta que numa empresa de pequeno ou médio porte, as chances de crescimento profissional são maiores. “Se a empresa cresce, geralmente, você cresce junto. Nas empresas maiores, o desenvolvimento de carreira é mais lento”, aponta Camila. Outro ponto levantado pela consultora é que nas empresas maiores, normalmente, os salários e benefícios são melhores que nas menores. “Nessa situação, a escolha também deve estar de acordo com os interesses profissionais da pessoa”, explica.
Depois de muito refletir sobre seu desenvolvimento profissional e pessoal e pesquisar sobre a empresa que está lhe oferecendo uma nova oportunidade, o profissional deve avaliar a remuneração, que deve ser entendida como um conjunto de salário mais benefícios. Tudo isso deve ser colocado na ponta do lápis e pensado se está de acordo com os objetivos do profissional.
Pensar nos detalhes financeiros é importante, sim, afinal quando estamos trocando de emprego não queremos ir para uma situação pior. Mas Gazzetta recomenda cautela e faz um alerta: “quem pensa em centavos ganha em centavos. Quem pensa em reais, ganha em reais. Se o que obstaculiza seu desenvolvimento é sua zona de conforto, você está fadado a desaparecer do mercado. No entanto, se você tem ousadia e capacidade de senso de oportunidade e visão de futuro está fadado ao sucesso. Como dizem alguns headhunters, cavalos selados não passam duas vezes”.
Também não é válido aceitar um cargo maior por um salário muito menor do que seria o valor de mercado. “Caso você não tenha experiência na nova função, é aceitável receber um pouco menos. Mas, aceitar uma função com uma faixa salarial muito abaixo do normal, desmerece sua experiência e desvaloriza o currículo do profissional”, sugere Camila.
E depois de tomar a grande decisão, a recomendação dos dois consultores é que o profissional não se queime nem com a empresa atual nem com a nova, muito menos com os colegas. “Afinal, os colegas de trabalho e, principalmente seu chefe, podem indicá-lo para uma nova posição ou se reencontrarem em uma outra oportunidade”, indica a consultora. Então, vá com bastante cautela, pense bastante nos seus objetivos pessoais e profissionais antes de mudar de trabalho.
Fonte: http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=10536
4 Comentários
Status não paga conta nem mata fome. Pagando-se bem, o resto vc dá um jeito.
No momento estou pra sair da empresa atual, pois sou pj e meus trabalhos são por contrato. Meu contrato está no fim. Porém só tenho recebido propostas ruins com salários inferiores ao atual. Estou descartando todas e aguardando uma que no mínimo se equipare a atual. Se aceitar coisa inferior, tá descendo a escada... É o que eu penso.
Um abraço. Espero ter ajudado
Obrigada