No mês passado, meu amigo Ademar fez uma entrevista de emprego. Como qualquer entrevistado, estava angustiado. Mas, pelo menos, se sentia preparado para responder a todas aquelas questões que os entrevistadores costumam fazer. Até que o Ademar começou bem, matando a pau as primeiras perguntas. Foi quando o entrevistador pediu:
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- Você pode me dar um exemplo de resiliência?
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E o Ademar, de imediato, respondeu:
E o Ademar, de imediato, respondeu:
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- Resiliência. Certo. Perfeitamente. Veja bem...
- Resiliência. Certo. Perfeitamente. Veja bem...
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Enquanto enrolava, o Ademar ia tentando, mentalmente, encontrar alguma pista que o ajudasse a entender que raio de palavra era aquela. Até que, finalmente, se deu por vencido. E reconheceu que resiliência não fazia parte de seu vocabulário. Resiliência é uma palavra muito usada profissionalmente. Nos Estados Unidos. Lá, o termo é familiar em empresas. Aqui, nem tanto. E é por isso que nossos entrevistadores a adotaram. Ela mostra o grau de atualização do candidato. Ou o grau de afetação do entrevistador. Mas isso não resolvia o problema do Ademar, que estava ali, suando frio.
Enquanto enrolava, o Ademar ia tentando, mentalmente, encontrar alguma pista que o ajudasse a entender que raio de palavra era aquela. Até que, finalmente, se deu por vencido. E reconheceu que resiliência não fazia parte de seu vocabulário. Resiliência é uma palavra muito usada profissionalmente. Nos Estados Unidos. Lá, o termo é familiar em empresas. Aqui, nem tanto. E é por isso que nossos entrevistadores a adotaram. Ela mostra o grau de atualização do candidato. Ou o grau de afetação do entrevistador. Mas isso não resolvia o problema do Ademar, que estava ali, suando frio.
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O entrevistador, então, fez aquela cara de catedrático, e explicou. Em física, resiliência é a propriedade que alguns corpos têm de retornar à sua forma original após sofrer uma deformação. Em empresas, é a capacidade, que poucos possuem, de se adaptar rapidamente a uma nova situação. Esse golpe pode ser má sorte, injustiça, ação da concorrência, chegada de um novo chefe, o que for.
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O entrevistador, então, fez aquela cara de catedrático, e explicou. Em física, resiliência é a propriedade que alguns corpos têm de retornar à sua forma original após sofrer uma deformação. Em empresas, é a capacidade, que poucos possuem, de se adaptar rapidamente a uma nova situação. Esse golpe pode ser má sorte, injustiça, ação da concorrência, chegada de um novo chefe, o que for.
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Para ilustrar, o entrevistador mencionou a bíblica figura de Jó. Jó tinha tudo. Riqueza, terras e uma ótima família. Mas o Senhor lhe foi tirando essas coisas, uma a uma. Até que Jó ficou sozinho e sem nada. A não ser sua inquebrantável fé. Resoluto, ele continuou a orar, como sempre fizera. Como recompensa por não esmorecer, Jó receberia de volta, e com sobras, tudo o que havia perdido. "Seria Jó um modelo de resiliência?", perguntou o entrevistador. E ele mesmo respondeu: "Hoje, não". Para os jós modernos, a fé em Deus continua essencial, mas a fé em si mesmo se tornou indispensável. O resiliente não espera pela intervenção de forças externas. Ele mesmo deve operar o milagre. Aí, o entrevistador reclinou-se em sua poltrona de couro, o Ademar fez "Ah..." e a entrevista continuou.
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Na verdade, o Ademar era um modelo de resiliência. Toda a sua carreira tinha sido construída na base da reação e da adaptação. Mas ele não conseguiu o emprego. O escolhido foi outro candidato, não muito resiliente, mas que sabia o sentido da palavra. Não só dela, como de várias outras. E, por isso, impressionou melhor o entrevistador. O Ademar também nunca tinha ouvido falar em Disraeli. Se tivesse, entenderia por que não foi selecionado. Há quase dois séculos, o político britânico Benjamin Disraeli (1804-1881) já dizia: "No fim, sempre vence quem é mais bem informado".
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fonte: Revista Você S.A., setembro de 2005.
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