Ana Fontes conta a sua experiência na organização do Startup Weekend São Paulo - Women
Por Ana Fontes
Sou, em alguma medida, organizadora de eventos. Esse não é o meu papel principal, mas assumi essa faceta porque eles são importantes para os empreendedores. Faço muitos eventos – um exemplo é a Virada Empreendedora, um acontecimento gigante que organizo uma vez por ano. É tão trabalhoso que parece mais um desfile de escola de samba.
Em 2011, fui convidada para ser mentora de um evento chamado Startup Weekend. Como o nome diz, a ideia é transformar uma ideia em uma startup em um final de semana. Achei o modelo fantástico. De lá pra cá, acompanhei várias edições da iniciativa pela internet. Como meu maior foco de trabalho são as mulheres empreendedoras, resolvi encarar o desafio de organizar a 1ª edição do Startup Weekend São Paulo – Women. É claro que não encarei a missão sozinha, mas sim com outras supermulheres: Fernanda Nascimento (Stratlab), Silvia Valadares (Microsoft), Camila Achutti (Mulheres em Computação) e Marianne Oliveira (Raízes).
Desafio dado é desafio aceito. Afinal, empreendedores que somos, não fugimos do desconhecido. Enfrentamos tudo, mesmo com medo. Foram dois meses de trabalho para planejar e estruturar o evento. No último final de semana, ele finalmente aconteceu.
Foram 54 horas de trabalho na veia. Mais de 170 pessoas, entre mentores, jurados e participantes, reuniram-se no coworking da Fiap, em São Paulo. Foi uma maratona que, desde a sexta-feira, incluiu a apresentação de 56 ideias. Delas, 16 foram selecionadas por votação. E lá partiram 125 pessoas (a maioria mulheres) para o desconhecido mundo de pitches, validações, MVPs, canvas, prototipação e mentorias. Houve muito sangue, suor e lágrimas – empreendedor chora, sim, e muito. Frases como “Os clientes não gostaram da minha ideia, e agora?”, “Como vou ganhar dinheiro com isso?” e “As pessoas vão comprar?” eram ouvidas aos montes. E muitas perguntas não tinham resposta.
O final de semana foi cheio de emoções. Nós mulheres somos mais emotivas, sim. Isso é do nosso DNA, e não é ruim, como algumas pessoas falam. Muito pelo contrário: as empresas também são feitas de emoções.
A primeira dinâmica de construção dos grupos, em que cada pessoa recebeu um crachá numerado, já gerou euforia e entrosamento. Na sequência, em outra atividade, os grupos tiveram de criar uma startup fictícia a partir de palavras ditas pelos participantes. Tudo isso em 10 minutos. A iniciativa foi ótima para quebrar o gelo e um pouco da tensão. Todos perceberam que trabalho em equipe era o nome do jogo.
Os participantes apresentaram as suas 56 ideias em pitches de apenas 1 minuto. Foi um show à parte, com muita descontração. É claro que os donos das ideias que não foram escolhidas ficaram um pouco decepcionados. Mas logo os líderes das ideias vencedoras convocaram os participantes a ajudar na construção da startup, e tudo ganhou espírito de equipe de novo.
Os facilitadores Tony Celestino e André Hotta (Up Brasil) e os mentores convidados acompanhavam os grupos e os ajudavam quando o trabalho insistia em não andar da forma desejada.
Antes de fazer o pitch final, todos se reuniram no meio da avenida Paulista para tirar foto com um drone – o que, claro, chamou muita atenção. Mas a grande preocupação do momento era a melhor forma de apresentar a startup.
No final da tarde, as pessoas ensaiavam seus pitches onde fosse possível, nos corredores, nos banheiros, no chão. Muitos desabafavam, preocupados: “Eu não vou conseguir falar”. E a banca estrelada aguardava. Ninguém perguntava qual era o prêmio para os vencedores. O que importava mesmo era a jornada.
Depois das apresentações dos projetos, muitos suspiros de alívio e música para descontrair na área aberta do coworking da Fiap. Em uma sala reservada, os jurados conversavam. Com muita discussão e votação, eles escolheram os três melhores: Take Car-e, Up2u e Conserta.me.
No final, foi lindo ver aquela pessoa que chegou com muitos medos e dúvidas superar tudo e subir ao palco para contar como será a sua startup.
E, se você pensa que havia um perfil comum aos participantes, sabia que, apesar da palavra “women” no nome do evento, houve muita diversidade. Concorreram também homens, e desde jovens até pessoas da terceira idade. Ainda acredita em estereótipos? #sabedenadainocente
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