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Benchmark de Felicidade

Autor: Nicolai Cursino

O Benchmark é uma prática bastante conhecida e utilizada no mundo empresarial e há quem pregue que ela é simplesmente fundamental para que as empresas mantenham sua competitividade nos dias de hoje.

Trata-se da prática de olhar para fora, descobrir o quê e como os outros estão fazendo as coisas, para aprender (ou copiar, para os menos criativos) com o que já existe no mercado. Um novo produto será lançado? Vai-se ao mercado e se descobre quais outras empresas já o lançaram, como elas o fizeram, como propuseram aos consumidores, etc. Se estamos falando de uma nova prática de gestão ou qualidade, que aparece como uma nova onda do momento, recorre-se ao mesmo recurso, descobrindo-se como os outros estão fazendo isso.

Eu acredito pessoalmente que é possível aprender e até economizar muitos tropeços, recursos e dores de cabeça com isso. Afinal, não há a menor necessidade de se reinventar aquilo que já existe. E a evolução das coisas acontece de novas idéias construídas em cima de idéias que já existem.

Mas o que me parece absurdo é o quanto este conceito também se apresenta hoje quando falamos dos nossos objetivos pessoais de vida, como seres humanos. Vejo uma cultura que prega que devemos fazer benchmark de outras pessoas para saber o que fazer com a nossa vida, onde buscar nossa satisfação pessoal, onde investir nosso tempo, onde encontrar felicidade.

Então já na escola e pela televisão, aprendemos que as pessoas realizadas são aquelas que vão para a faculdade, que encontram um emprego ou criam uma empresa que ocupe um andar inteiro na grande cidade (e que seja multinacional), que se casam com uma pessoa bonita (e bem sucedida nos mesmos moldes), que tem um carro de modelo novo e até mesmo, que trabalha 15 horas por dia (é, por incrível que pareça, até número de horas de trabalho por dia é em alguns lugares um desses requisitos de sucesso…).

Vemos nas revistas qual é a empresa em que deveríamos trabalhar, qual o carro e a marca de roupa que deveríamos ter, qual o lugar que deveríamos ser capazes de passar as férias, ou mesmo quanto dinheiro já deveríamos ter acumulado a esta idade, pois afinal, fazendo o benchmark dos nossos amigos da mesma idade, talvez estejamos atrasados. Até o número de filhos pode ser um item de comparação, pois você pode ter já seus 35 anos e ainda não começou.

E o que se vê por aí é que nada disso resolve, quando voltamos ao que está por trás de tudo isso. Encontrar felicidade. Isso mesmo, essa é a única coisa que se você perguntar para cada ser humano presente neste planeta, ele vai dizer que busca também. Tudo o que fazemos afinal, em meio a um mar de inconsciência, é uma tentativa da alma de chegar aí.

Fácil? Nem pensar. Ou pelo menos não no meu estágio de desenvolvimento. Não sei como é no seu.

Lembro na minha época de estudar para o vestibular, o benchmark (e praticamente uma obrigação), era estudar em um determinado cursinho específico da cidade de São Paulo, pois ali os professores eram isto e aquilo, as aulas tinham o método tal e tal, eram aprovadas tantas centenas de alunos por ano e havia lendas urbanas de orientais que estudavam dezoito horas por dia. Parecia não haver saída.

Caramba, esse benchmark não me ajudava em nada, só me deixava mais nervoso. Eu não morava em São Paulo e tampouco queria fazer isso. Parecia aprender muito mais com menos informação na classe e mais tempo sozinho em casa do que enfiado na escola. Se estudasse dezoito horas por dia ia ficar tão mal humorado que não ia nem ter mais vontade de ir pra faculdade, pois como ia ficar o futebol com o pessoal no final da tarde.

Boa parte dos meus amigos foi para São Paulo e foi difícil resistir, já que eu parecia estar assinando um destino de insucesso. E como não tive que me preocupar com trânsito, com uma nova casa, com o excesso de informação e muito menos com a competição com os japoneses imbatíveis, concentrei toda a minha energia no meu estudo, no melhor que eu podia, olhando para dentro.

É realmente possível comparar-se com os outros para encontrar felicidade? Dá para se comparar com os outros para descobrir como cada um de nós aprende melhor? Dá para buscar nas revistas aquilo que vai realizar nossa própria alma?

Eu acredito que não. Mas que dá para ocupar seu tempo, encher sua cabeça de preocupações, sugar sua energia e te encher de frustrações, isso dá.

Não sobra tempo, nem energia e nem foco para encontrar o seu caminho.

Imagine se Steve Jobs tivesse olhado para o mercado para criar o iPhone, a quem ele teria recorrido?

É preciso muita disciplina para se perguntar todos os dias se o que estamos procurando está fora, ou dentro de nós. E um caminhão de coragem para seguir este caminho, que parece muito estranho, já que não se encaixa nos estudos gerais de benchmark de felicidade.

Nesta manhã, eu desejo a você em 2012 esta disciplina e esta coragem, e aproveito para recomendar o livro “Felicidade”, de Matthieu Richard, para que ilumine seus caminhos neste novo ano.

Um abraço.

Nicolai.


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