Por De São Paulo
Executivos que planejam se afastar do mundo corporativo por um período devem estar atentos à posição da empresa em relação a essa atitude. Se por um lado saber negociar as condições do retorno ao trabalho pode dar ao profissional mais tranquilidade durante a pausa, especialistas em recursos humanos não aconselham a suspensão das atividades em uma fase de ascensão na carreira.
"A percepção da chefia sobre a parada pode ser positiva, mas isso depende de como o funcionário vai conduzir essa ausência", diz Márcia Oliveira, da consultoria Right Management. "É preciso planejamento. Afastar-se, simplesmente, pode significar falta de horizonte, o que não é bom", ressalta.
Segundo Márcia, o sucesso da negociação na saída também estará relacionado ao valor do funcionário na organização. As licenças não remuneradas, porém, estão menos comuns. "As empresas têm atuado com quadros enxutos. Se o gestor se ausentar, poderá ter as funções absorvidas por outro profissional, o que dificultará sua volta", explica. "Vivemos um tempo de mudanças rápidas."
Por outro lado, quando um executivo pede demissão para acompanhar o cônjuge em uma transferência profissional ou licença especial de estudo, Márcia diz que a chance não deve ser desperdiçada. "É uma oportunidade de obter mais experiências sem o ônus financeiro". A executiva Valeria Café deixou a gerência de marketing e comunicação da HP para acompanhar o marido em um novo cargo, em Paris. A estadia durou dois anos e, nesse tempo, ela estudou francês na Sorbonne e fez um curso de sustentabilidade na HEC. Hoje, é consultora e professora de sustentabilidade. "Também fui a aulas de culinária", conta.
Para Flora Victoria, presidente da SBCoaching Empresas, a suspensão na carreira poderá ser desastrosa se o funcionário estiver no meio de uma escalada profissional. "Em início de carreira, uma pausa de um ano para fazer um MBA no exterior, por exemplo, pode se tornar uma vantagem competitiva", diz. Se a interrupção for feita no exterior, por períodos mais longos, ela aconselha visitas ao Brasil para manter os contatos mais importantes.
Fernanda Schröder, coordenadora do Ibmec Carreiras, diz que hiatos por projetos pessoais ou profissionais são mais bem resolvidos pelo topo da hierarquia. Segundo ela, boa parte dos executivos brasileiros se preocupa em conseguir um equilíbrio entre o escritório e a família. "Essa equação aflige diretores e gerentes, mas são os presidentes que estão conseguindo resolver melhor a questão. Eles têm mais controle sobre o próprio tempo e já superaram crises de consciência sobre o valor do trabalho em suas vidas." (JS)
Fonte: valor.com.br
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