Quem não tem recursos para investir em formação profissional, já no começo da carreira tem de dar mais braçadas para vencer a forte correnteza
Por Luiz Gonzaga Bertelli
As analogias aquáticas parecem ter saído de moda, mas convém resgatá-las para debater os resultados de uma inédita pesquisa feita pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) sobre o padrão de vida do brasileiro. Por meio de entrevistas com mais de 2 mil pessoas de 143 municípios, a CNI, em parceria com o Ibope, mapeou a mobilidade social sob a ótica dos próprios brasileiros. Apesar de chegarem a resultados positivos – 77% dos entrevistados consideraram o padrão de vida melhor ou muito melhor do que o dos seus pais –, captaram que a possibilidade de ascensão econômica é diferente nas mais diversas regiões do Brasil.
O fato é que os avanços não eliminaram certa desesperança que mina, com mais ou menos força, o crescimento social dos brasileiros. Nada menos do que 35% deles avaliam que a possibilidade de ascensão está igual ou mais difícil hoje. Ao contrário do se imaginaria, as dificuldades são maiores na região sudeste, onde 45% dizem que a possibilidade de mobilidade social é igual ou pior do que antes. No nordeste, o índice é de 26%; norte/centro-oeste, 26%; e sul, 31%.
A pesquisa não se debruça sobre esse aspecto, mas certamente o competitivo mercado de trabalho da região mais desenvolvida do país impacta esses resultados. Tudo começa já na conquista da primeira oportunidade: candidatos competem por vagas com requisitos cada vez mais rigorosos. Quem não tem recursos para investir em formação profissional, já no começo da carreira tem de dar mais braçadas para vencer a forte correnteza. Qualquer iniciativa que ofereça diferenciais competitivos para os jovens socialmente vulneráveis mostra-se, portanto, uma valiosa ação de assistencial.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.
Fonte: administradores.com.br
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