Por Thiago Nascimento
Contradizendo os princípios da Escola Bauhaus, fundada em 1919 no norte da Alemanha, que unificou disciplinas como arquitetura, pintura, desenho e indústria num balaio de gato só – e foi a principal responsável por revolucionar o design, deixando-o mais moderno, com linhas e formas mais simplificadas e retas, o que hoje é chamado pelo mainstream de “clean”, do qual Steve Jobs, genialmente bebeu da fonte para conceber os produtos da Apple ou que reluz nos belíssimos museus: do Van Gogh, Amsterdam e do Tate Modern, Londres, o princípio da escola era simples: "menos é mais". Simples assim. A ideia era contrapor todo o "barroquismo", o excesso de adornos e informações desnecessárias existentes na época, e que, ironicamente, voltou a nos assolar nos dias atuais.
Os nossos smartphones equipados com conexão 3G e internet giga banda larga nos inundam de muito mais informações do que conseguimos raciocinar, quiçá, absorver. Estar por fora, no almoço, do último vídeo do Porta dos Fundos ou, superficialmente, das últimas matérias estampadas na home do UOL virou crime, quase "desconvidável", e motivo de olhares incrédulos.
O assombro é tanto, que tal pensamento já embasou algum punhado de campanhas de jornais levantando a bandeira do seu diferencial: é qualidade e profundidade de conteúdo, por isso custam mais; é mais por mais, sounds coerente, fazendo oposição a toda forma de conteúdo disseminada de forma rasa, resumida em 140 caracteres ou menos.
Às vezes parece que vivemos em um daqueles filmes de Guy Ritchie, diretor de Sherlock Holmes, Snatch e Revolver. O cara das cenas rápidas, em que um piscar ou olhar pro lado significa perder o resto da trama do filme inteiro.
Tudo é o tempo todo, sem trégua. Piscar parece custar caro.
O jornal Valor Econômico revelou recentemente que os RHs de grandes empresas estão buscando pessoas com a capacidade de fazer mais, porém, custando menos. Nos processos seletivos, nos pegamos exigindo, dos novos entrantes, que saibam mexer no Photoshop, Illustrator, Power Point, Keynote, Excel, MovieMaker, Final Cut, Ninja Cut, que falem inglês, espanhol, árabe, francês e mandarim, seja lá quantos dialetos isso significar. Procuramos por ninjas prodígios, com excesso de bagagem, pouca idade e vasta capacidade de entregar mais por menos $.
As empresas entraram no mesmo estágio pelo qual as fábricas foram submetidas pós-Revolução Industrial: é produzir o máximo pelo menor custo possível; cada funcionário e fornecedor que se multiplique por três.
A cada ano aumentam as expectativas, as metas de crescimento, as métricas de share, os índices de engajamento, a multiplicidade de objetivos das marcas (esteja o consumo crescendo ou não) e o investimento diminuindo. É a era do “vamos otimizar, maximizar, espremer, nos desafiar a entregar e conquistar o máximo possível com o mínimo possível”.
É ganhar o dinheiro somente da taxa de embarque com o objetivo de viajar o mundo.
É escrever dez textos no tempo de um.
É criar cinco layouts na velocidade de 1/2.
É conceber uma estratégia anual em uma semana.
É mais por menos, aceite ou não.
Thiago Nascimento é diretor de planejamento da NewStyle
Fonte: meioemensagem.com.br
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