O valor do conhecimento e dos “talentos” para as organizações e como fazer isso gerar resultados são o assunto desta entrevista com a especialista Sandra Betti.
Por Carolina Pezzoni
“O capital humano de uma empresa está intrinsecamente ligado aos seus talentos, aos profissionais que se destacam por terem alto potencial e alto desempenho”, destaca a especialista em assessment center, identificação de talentos, desenvolvimento gerencial e team building, Sandra Betti. Para ela, esse tipo de profissional é capaz de transformar o ambiente de trabalho e gerar resultados concretos. E atraí-lo é possível mesmo para as pequenas organizações, desde que saibam proporcionar autonomia, reconhecimento e propósito. Confira a seguir.
Endeavor: Qual é a relação entre o aprendizado individual e o capital intelectual de uma empresa?
Sandra Betti: Existe uma estreita relação entre o capital humano das organizações e o aprendizado dos indivíduos. O capital humano de uma empresa está intrinsecamente ligado aos seus talentos, aos profissionais que se destacam por terem alto potencial e alto desempenho. Aqueles que demonstram elevada capacidade de aprendizagem, de resolução de problemas, de adaptação, de tomada de decisões, de compreensão e de adaptação. Pessoas capazes de transformar positivamente os ambientes, com sua competência, comprometimento e atitudes positivas, gerando equipes de alta performance.
E: Como fazer bom uso desses conhecimentos?
S.B.: O mais importante no aprendizado não é a mera aquisição dos conhecimentos, é a aplicação efetiva e a transformação em resultados. É fundamental também nos lembrarmos que no aprendizado 70% das ações devem ser o mais práticas e vivenciais que for possível. Por exemplo, se você quiser aprender a nadar, não será tão sábio apenas ficar lendo como nadar. Temos que "entrar na piscina", certo? E isto vale para competências como liderar times, falar inglês ou trabalhar com planilhas eletrônicas. E devemos procurar coaches (que podem ser gestores, pares ou até funcionários) internamente, dispostos a nos transmitir conhecimentos e experiências e estarmos prontos a assimilar estes conteúdos com avidez, flexibilidade, humildade e abertura.
E: A empresa tem condições de criar oportunidades para incentivar essa atitude?
S.B.: É importante que a empresa fomente e estimule as pessoas talentosas a otimizarem o seu potencial e a devotarem sua energia, criatividade e motivação ao trabalho. Para tanto, é importante que elas percebam propósito, que tenham autonomia e que se sintam proficientes no que fazem. As organizações devem procurar alocá-las em projetos estimulantes, interessantes, desafiadores e inovadores. Devem dar reconhecimento profissional e organizacional por suas conquistas, bem como crescentes níveis de responsabilidades e possibilidades concretas de aprendizagem. Devem ter uma administração orientada para o futuro, ter respeito à dignidade humana, valores elevados, aceitar e valorizar as diferenças e diversidades, valorizar a cultura e o saber, reforçar ideias inovadoras e dar espaço e autonomia. E nunca (mas nunca mesmo!) ter uma cultura organizacional rígida e conservadora, estruturas burocráticas e punitivas, apego excessivo às normas, resistência a mudanças, gestores centralizadores, autocráticos e acomodados, comunicação difícil ou truncada, falta de diálogo, ambiente físico inadequado, insalubre ou estressante, cultura gerencial retrógrada, indefinição de objetivos, falta de monitoramento de resultados, desalinhamento das ações e dos objetivos, lideranças fracas e falta de empowerment. Todos estes fatores podem transformar príncipes e princesas em sapos...
E: Como alocar essas pessoas?
S.B.: As pessoas deveriam ser alocadas onde pudessem dar sua melhor contribuição. Onde pudessem "jogar" o seu melhor. E vários fatores são importantes: os talentos naturais destes profissionais, seus skills e conhecimentos, seus interesses, expectativas e aspirações. Quanto mais conhecermos as pessoas das nossas equipes, quanto mais próximos e conectados estivermos com elas, mais fácil será fazer este matching e estas negociações, para que tenhamos um esquema ganha-ganha onde todos saiam satisfeitos e realizados.
E: Como isso se traduz em vantagem competitiva para a empresa?
S.B.: Quanto mais talentos a empresa tiver em seus quadros, maior a probabilidade dela ter resultados expressivos e consequentemente se destacar com relação à concorrência, obtendo vantagens competitivas substanciais. Gente talentosa atrai gente talentosa, que traz resultados e faz o ciclo virtuoso se manter!
Fonte: endeavor.com.br
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