Por Rodrigo Batalha*
Pare por um minuto tudo o que está fazendo e responda a si mesmo uma pergunta: quantas e quais de suas convicções mais contribuíram com o crescimento e sucesso em seu negócio? Você pode usar isso em todos os segmentos de sua vida, e também perguntar-se quais te levaram às derrotas. Pense, e não esqueça que pensar é diferente de ter pensamentos.
Busque embasamento e sustentação para cada uma delas que lhe vier à mente. Um bom exemplo são as pontes, com suas vigas de sustentação. As vigas são as experiências, fatos ou algo que você ouviu de alguém que lhe fez estabelecer lealdade a alguma convicção-chave. Ou seja, quais são as vigas de sustentação daquilo em que você insiste em acreditar, mas que continua obtendo resultados ruins?
Um exemplo é um rapaz que conheci há alguns anos, o Garret. Desde que seu pai faleceu - e com um princípio de vitiligo - após conversar com um médico, decidiu que definitivamente não comeria mais nenhum tipo de carne. Estava convicto de que a carne bovina estava lhe causando aumento das manchas do vitiligo, pois ouviu essa informação de “um” médico. A partir daí, a certeza estava estabelecida.
Depois de 12 anos sem comer carne, e ao mesmo tempo sem também suprir as necessidades fisiológicas de seu organismo, foi parar no hospital com uma imensa carência de vitamina B12 no sangue e uma anemia profunda. Quase morreu! A história é simples e deixa uma pergunta: você não está deixando morrer muitas oportunidades de sucesso pessoal por causa de convicções fajutas e mal constituídas?
O século em que vivemos é ainda muito influenciado por crenças e paradigmas do passado. Até pouco tempo acreditávamos que a gastrite era causada por alimentos ácidos – hoje sabemos que é pela bactéria H-pylori – e que a melhor maneira de se fazer propaganda era escancarando propositalmente marcas em programas de televisão – hoje sabemos que a melhor maneira de se fazer propaganda é como se não quiséssemos fazê-la, ou seja, sem mostrar que temos esse convicto interesse. Vivemos permeados de convicções sobre tudo, o dia todo, e muitas delas são convicções esfarrapadas, sem pernas firmes e consistentes.
Dias desses, voltando de um seminário em Los Angeles, encontrei no avião que vinha para São Paulo uma revista americana com um material impresso fazendo propaganda de um Estado brasileiro logo na contracapa. Falava das riquezas do Estado, da história, dos potenciais turísticos e tinha até um razoável texto, mas pouco convincente. O que me chamou muita atenção foram as duas fotos usadas em uma duas páginas inteiras do material: de um lado, uma moça e uma igreja, do outro, três pessoas numa estrada rural, com um carro rural atrás, numa estrada de barro. Nada mais!
Já no primeiro contato visual com as imagens, fiquei me questionando porque fotos tão sem vida e alegria estavam ali, sendo que outras potencialidades – com muito mais belezas, cores e graça, além de barro – poderiam ter sido exploradas, como cachoeiras, riachos, esportes de aventura, vôos panorâmicos, belas montanhas, monumentos, estados de felicidade, sorrisos esfuziantes, alegria escancarada, e natureza viva. Mas não, era uma estrada de barro e mato por trás, com pessoas sorrindo sem a ninguém convencer.
Não tenho a menor dúvida da convicção dos responsáveis pelo material ao escolherem essas fotos para publicação. Provavelmente se encheram de motivos e sustentaram tal decisão baseados em certezas (ou valores pessoais) de suas próprias referências. Mas quando bati os olhos nas imagens e não senti a menor vontade de conhecer o local, mesmo sendo brasileiro – e tendo depois lido o texto em inglês – pensei: porque não buscaram novos parâmetros e embasamentos para decidir o melhor material a ser veiculado em uma conhecida revista de bordo dos aviões daquele país? Afinal, as imagens ocuparam 90% de duas das principais páginas comercializadas pela revista.
O resultado foi que mostrei a matéria e perguntei a seis americanos sentados próximos a mim – e que havia feito amizade durante a viagem – se aquele material os fazia pensar em visitar o local. A resposta não surpreende. Todos disseram não, e com sorrisos irônicos de reprovação. Logo após a pergunta, alguns falaram do Rio e outros de São Paulo. Enfim, uma estatística pequena, mas que eu consideraria relevante. Após chegar ao Brasil, alguns amigos executivos tiveram a mesma visão que eu.
Esses exemplos mostram apenas que durante uma vida inteira, pessoas constroem muitos tipos de convicções a todo tempo, baseados em referências tão pessoais, que muitas vezes colocam tudo a perder em algum momento. Ficam cegas e não admitem sequer opiniões dos outros, sem mal procurar saber de forma profunda se realmente podem estabelecer algo melhor como parâmetro. Umas levarão a grandes vitórias, outras a derrotas, ao caos.
Logo, nada como rever nossas próprias referências, seja ela de ordem pessoal, seja de ordem profissional. É imprescindível Intensificar dentro de nós cada vez mais a análise de cada uma dessas convicções, deixando espaço para mudanças, caso contrário, corremos o risco de passar uma vida inteira nos perguntando o que fizemos de errado, sendo que nós mesmos definimos esses erros em momentos diversos de nossa história.
* Rodrigo Batalha é Pós Graduado em Gestão Empresarial, escritor e especializado em Condicionamento Neuroassociativo (Robbins Research International – LA).
Fonte: Mundo do marketing
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