Na década de 1970, um gerente de produtos da Johnson & Johnson, ao observar as dificuldades de integrar colaboradores em torno de objetivos comuns, identificou a necessidade de ações de marketing dirigidas ao público interno. O gerente em questão era Saul Bekin e a iniciativa foi por ele batizada de endomarketing.
Mais de três décadas se passaram e a prática continua com lugar garantido entre as mais eficientes ferramentas da gestão de pessoas. Aprimoramentos à parte, a essência continua a mesma: voltar os olhos para os funcionários, da mesma forma e com a mesma importância que se dá aos clientes externos, aliando as técnicas de marketing às de recursos humanos.
De acordo com Saul Bekin, o endomarketing tem como fundamentos integrar, alinhar, comprometer e obter o engajamento voluntário do público interno das organizações aos objetivos empresariais. É a ação de “vender para dentro”, ou seja, fidelizar o público interno à missão, à visão e aos valores da organização a fim de gerar melhores resultados para o negócio, além de motivar e valorizar os colaboradores. “Serve para reverter dificuldades no comprometimento de funcionários; proporcionar alinhamento e produtividade; melhorar a retenção e reduzir a perda de clientes. Endomarketing significa alinhar os objetivos empresariais do negócio aos objetivos individuais do público interno da organização”, explica o diretor da Bekin Consultoria e autor de dois livros sobre endomarketing.
Diagnóstico
Antes de nos aprofundarmos no tema, que tal fazermos um rápido teste para verificarmos se o endomarketing faz parte da sua empresa? Responda sinceramente às perguntas a seguir:
- O cenário atual (ou anterior) de negócios da empresa já foi tema de alguma reunião entre colaboradores de todos os níveis?
- Ações de comunicações têm sido frequentes para informar a equipe, bem como para comprometê-la com os resultados objetivados?
- Os funcionários são estimulados a colaborar com ideias para melhorar resultados, inovar processos ou para visualizar novas oportunidades?
- Em sua empresa, os discursos correspondem às práticas do dia a dia?
- Campanhas motivacionais são periodicamente realizadas?
- Existem estratégias de retenção de colaboradores, especialmente para os que se destacam mais, minimizando as possibilidades de perdê-los?
- No caso de demissões (crises, por exemplo), para não incentivar um clima de insegurança, os funcionários que ficam são informados das razões que levaram ao desligamento?
- O esforço e a dedicação extras são reconhecidos de forma adequada?
- Há um canal de comunicação aberto, fluente e com feedback garantido entre colaboradores dos mais diferentes níveis? Isso vale também para o CEO da empresa!
Faça
Como estruturar um programa de endomarketing, de preferência com pouco dinheiro? Não existe uma fórmula pronta, pois tudo depende do porte e do segmento da empresa, do momento que ela está vivendo e de seus objetivos. “A empresa que se posiciona corretamente para dentro e estrutura um processo com canais, instrumentos e ações adequadas ao público interno, mantendo-o funcionando de forma sistemática e integrada, está fazendo endomarketing de forma correta e, certamente, colherá os resultados disso. Como resultado, podemos dizer que esse é um público interno consciente das condições da empresa no momento e engajado para lutar por seus processos, programas e projetos”, explica Analisa Brum, sócia-diretora da agência HappyHouse Brasil e autora de seis livros sobre endomarketing.
Programas de endomarketing são mais eficazes quando implementados com calma e formulados com a participação dos colaboradores. “Nunca vi uma empresa se arrepender de ter investido em uma plataforma de endomarketing para, por meio dela, trabalhar a informação e a integração das pessoas”, afirma Analisa.
Algumas ideias básicas podem ser elaboradas com pouco ou nenhum dinheiro, conforme sugere Ralph Chelotti:
- Comece compreendendo os perfis dos profissionais que atuam em sua empresa. Como fazer isso? Há testes de perfis que podem ser baixados da internet e que podem ajudar no processo.
- Feito isso, planeje uma comunicação pessoal – reuniões, conversas, encontros – com os diferentes públicos, de modo a ouvi-los e levar a eles suas mensagens.
- Promova um plano de ação que contemple as considerações que você recebeu, mostrando às pessoas que você está, de fato, querendo mudar.
- Promova encontros periódicos. Anote e registre as sugestões.
- Crie um banco de ideias no qual as pessoas podem sugerir mudanças por escrito.
- Premie as melhores sugestões, nem que seja com um almoço ou jantar em um bom restaurante.
- Mostre, acima de tudo, que você está disposto a ouvir, a reconhecer e a valorizar aqueles que estão interessados em promover o desenvolvimento da empresa.
Este artigo é uma versão editada do capítulo Endomarketing, do livro A hora da virada (Ed. Campus/Elsevier), de autoria de Raúl Candeloro e foi publicado na revista Liderança deste mês:www.lideraonline.com.br
Júlio Clebsch, editor da revista Liderança
Fonte: Revista Liderança
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