O profissional precisa observar, ouvir e analisar seus colaboradores, com a consciência de que suas ações impactam diretamente na equipe
Bruno Gomes Carvalho Pinto
Atualmente fala-se muito em educação corporativa, entendida como estratégia para formação de capital intelectual, com vinculação do desenvolvimento das pessoas com as estratégias das empresas. Por isso, os trabalhadores precisam construir seu conhecimento continuamente, o que exige maior grau de dedicação pelo profissional.
Além disso, a visão moderna de educação corporativa supera antigos conceitos, como o famigerado treinamento e desenvolvimento (T&D), no qual os colaboradores de uma organização ficavam alguns dias em sala de aula, muitas vezes lendo textos bonitos, mas sem aplicabilidade prática. Ou seja, até bem pouco tempo, sair para treinamento era o mesmo que tirar uma pequena folga. Tanto que a maior parte dos gestores só mandava para treinamentos os funcionários que não “fizessem falta” no escritório.
Hoje a realidade felizmente mudou. A educação corporativa tem importância estratégica, evoluiu e somou a tecnologia da informação às aulas presenciais. Também ocorreu revisão dos conteúdos abordados em cursos empresariais, que passaram a se voltar para a realidade profissional dos educandos, garantindo melhor aproveitamento.
Mas o sucesso da educação corporativa não se resume ao processo em sala de aula ou à qualidade das apostilas disponibilizadas. Um dos elementos mais importantes da educação empresarial é o gestor da equipe, que tem a função primordial de identificar as aspirações de carreira dos seus colaboradores, bem como as necessidades de desenvolvimento deles.
Embora ninguém motive ninguém, precisamos compreender que o ser humano não é determinado, mas é condicionado. Por isso a atuação do gestor é tão relevante para um colaborador.
Desse modo, um gestor eficaz precisa observar, ouvir e analisar sua equipe, com a consciência de que suas ações impactam a visão de mundo dos funcionários, possibilitando mudanças de comportamento. O gestor não pode se limitar a aspectos quantitativos como metas, mas também deve abordar atividades vinculadas às capacidades humanas.
Assim, o gerente precisa apresentar alternativas para formação profissional e geral, mantendo-se atento para que os membros de sua equipe façam escolhas de cursos, livros, filmes e revistas que sejam significativos para suas carreiras, agregando valor a cada história de vida. São necessárias, portanto, ações educativas que conduzam à maior aproximação de realidades distintas de trabalho e que valorizem a experiência das pessoas.
Aliás, a valorização da experiência das pessoas é uma grande evolução da educação, que teve Paulo Freire como um dos principais defensores, e que foi adaptada com sucesso à educação empresarial. Isso é importante num momento em que as organizações vivem um período de encontro de gerações. Todos têm algo a ensinar. O profissional mais experiente transmite segurança ao mais jovem, que por sua vez, sempre ajuda o mais experiente com o computador e outras tecnologias, por exemplo.
E um gestor que valoriza a experiência de sua equipe orientará os funcionários sobre o que precisa ser feito, mas não fará por eles. Concederá autonomia para os colaboradores realizarem suas tarefas, fará sugestões de melhoria, em vez de meramente aprovar ou rejeitar, e esclarecerá dúvidas sobre o trabalho.
Essas ações de orientar, sugerir e tirar dúvidas nada mais são do que expressões do ato de educar. Trabalho e aprendizagem se sobrepõem no mercado contemporâneo. Diante disso, verifica-se que um gestor eficaz é, acima de tudo, um educador, que tem o escritório como sala de aula e seus funcionários como aprendizes.
Fonte: Revista Competência
Fonte da imagem: gettyimages
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