por Raul Candeloro
Algumas formas de pensamento são armadilhas mentais e podem induzi-lo a decisões erradas. É importante ter consciência disso para corrigir e evitar erros. O especialista Kare Anderson sugere algumas ideias para evitar as armadilhas mentais, conheça quais são e saiba como evitá-las.
1ª Armadilha mental – Evidências confirmatórias
É a tendência que temos de procurar informações que confirmam nosso ponto de vista, ao mesmo tempo em que evitamos dados que mostrem que estamos errados. Isso afeta os lugares e as pessoas que buscamos para reforçar nossas opiniões e também como interpretamos as evidências que recebemos.
Como evitar essa armadilha mental?
Verifique se você está examinando igualmente todas as informações. Não aceite evidências positivas sem questionamentos, só porque elas são favoráveis. Peça a alguém que você respeita para fazer o papel de “advogado do diabo” ou faça isso você mesmo. Qual seria o principal motivo para tomar uma decisão diferente? E o segundo mais importante? Assegure-se de que os “advogados do diabo” não estejam contaminados pela sua opinião e que tenham liberdade para falar – só assim poderão oferecer opiniões e perspectivas diferentes.
2ª Armadilha mental – Criar molduras
Consiste na maneira como você enxerga suas opções ou como você monta as suas perguntas em torno delas – ou seja, em que molduras você as coloca. Uma moldura pode estabelecer uma realidade, um limite ou introduzir uma âncora. Pode levá-lo a justificar ações no passado ou distorcer informações como se fossem evidências que confirmam o que você pensa. As pessoas tendem a enquadrar uma situação na moldura em que ela lhes foi apresentada, em vez de questionar um pouco e reenquadrar essa situação de forma pessoal.
Como evitar essa armadilha mental?
Tente criar várias molduras para um problema ou oportunidade, procurando o máximo possível de pontos de vista e suas respectivas consequências. Tente também “emoldurar” essas situações de decisão de forma neutra, combinando relações de custo-benefício e possíveis ganhos e perdas.
3ª Armadilha mental – Estimativas e previsões
É comum as pessoas tomarem decisões baseadas em previsões e estimativas incertas, como tempo, volume, distância e peso. São três os erros nesses casos:
1. Excesso de confiança – Acreditamos que somos melhores em estimativas e previsões do que realmente somos. Em um teste realizado em faculdades americanas, pediu-se a um grupo de pessoas que fizessem a previsão do fechamento do índice Dow Jones (bolsa de NY) da semana seguinte. Já que estavam lidando com um número incerto, pediu-se uma faixa de fechamento (mínima e máxima) dentro da qual a estimativa deveria ficar. Mesmo podendo “chutar” qualquer número (por exemplo: 0 e 15 mil), mais de 30% das pessoas erraram. Excessivamente confiantes nas suas habilidades, a maioria criou faixas desnecessariamente estreitas na hora de decidir.
2. Excesso de prudência – Ao enfrentar decisões difíceis, temos a tendência de ajustar nossas estimativas e previsões para o lado mais seguro. Um exemplo disso é a análise do “pior cenário possível”, feita quando se desenham armamentos bélicos. Os engenheiros o desenham para que operem na pior combinação possível de circunstâncias, tornando-os caríssimos e complicados de usar – mesmo sabendo que as chances de o “pior cenário possível” ocorrer são virtualmente nulas. É como uma empresa estruturada permanentemente para atuar nos picos de demanda, com o restante do tempo com capacidade ociosa e desperdiçada.
3. A armadilha da memória – Quando usamos experiências passadas para prever o futuro, influenciados exageradamente por eventos que nos marcaram de alguma forma. Por exemplo: algumas pessoas distorcem as probabilidade (raras, mas catastróficas) de que ocorram desastres, porque sempre que ocorrem recebem uma atenção desproporcional da mídia. Você pode começar a achar que coisas semelhantes vão acontecer no futuro com você.
A grande dica: para minimizar os efeitos das armadilhas mentais, examine cuidadosamente todas as suas certezas. Muitas das armadilhas trabalham juntas, amplificando seu poder de distorção. Quando tomamos decisões rápidas, pensando que estamos usando nosso instinto ou sexto sentido, na verdade, o que estamos fazendo é dar vazão a preconceitos, que podem até estar certos, mas, na maioria das vezes, não passam de armadilhas mentais.
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Raúl Candeloro é palestrante e editor das revistas VendaMais e Liderança. Autor de vários livros, é também mestre em Empreendedorismo pelo Babson College.
Fonte: Revista Liderança
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