Peter Drucker desenvolveu os primeiros conceitos de Marketing; Philip Klotter organizou-os, fez deles uma disciplina e tornou-os conhecidos. No entanto, foi só depois que Al Ries e Jack Trout publicaram o antológico Teoria do Posicionamento e posteriormente Marketing de Guerra que o marketing realmente aconteceu. A partir daí apareceram as segmentações, até porque pela própria teoria do posicionamento passou a ser necessário identificar o consumidor e saber de seus hábitos para então atingi-lo com mensagens. Foco, comportamento do consumidor, fidelização, marca; este temas, hoje tão conhecidos, foram sendo apresentados aos profissionais a medida que o marketing evoluía. Neste período tive a oportunidade de publicar vários livros, que foram os primeiros dos temas publicados no Brasil.
Foi já no início dos anos 90 que publiquei o primeiro livro de Marketing Pessoal e que me impactou muito. Pelo meu estilo de fazer marketing, a imagem pessoal e profissional sempre foi muito importante, e lendo o livro comprovei que muito do que fazia intuitivamente era agora apresentado na forma de uma nova segmentação denominada Marketing Pessoal. Eu me apaixonei pelo tema e decidi não só ler, mas também, como editor, publicar vários livros. Um deles, Guerra dos Executivos, marcou muito minha maneira de pensar e agir desde então.
Este livro parte da ideia de que o Marketing Pessoal só funciona se você criar uma Marca Pessoal. Ou seja, uma marca que o identifique junto às pessoas, ou grupo sociais com quem você se relaciona tanto nas áreas profissionais como sociais. Esta marca significa você ser reconhecido de alguma maneira por qualidades, comportamento, estilo e até pela apresentação física e pessoal.
O fato de ser reconhecido gera a possibilidade de se praticar um networking mais competente e bem-sucedido. Aliás, nos tempos de hoje, relacionamento é fundamental nos negócios e na vida social. Um comentarista de Recursos Humanos disse em um programa de alta audiência na TV que networking era conhecer pessoas, o que não é totalmente certo. O correto seria dizer que networking é ser reconhecido pelas pessoas. Você participa de um Seminário, distribui e troca um monte de cartões, e depois vai tentar marcar uma reunião com algum deles. Se você não conseguir com que a pessoa fixe sua imagem, dificilmente conseguirá marcar a reunião. Uma marca pessoal é fundamental para que as pessoas lembrem de você.
Jeffrey Gitomer, autor dos nossos best-sellers A Bíblia de Vendas e O Livro Negro do Networking, conta que no início de sua carreira mandou fazer cartões de visita para si e um outro com o nome do cachorro. Nas reuniões, ele oferecia seu próprio cartão e o cartão do cachorro. Depois, ao procurar as pessoas para tentar marcar uma reunião, ele dizia à pessoa que o atendia que era aquele que havia dado o cartão do cachorro. Era reconhecido e recebido na hora.
Não vamos chegar a este extremo, porque muitos que conheço são reconhecidos pelas qualidades profissionais, que acabam sendo uma marca pessoal. Há alguns anos publiquei um livro em Inglês, sobre encomenda, de um autor brasileiro que utilizou o livro como referência para ser identificado como especialista no tema. Ele acabou tornando-se uma referência para os meios de comunicação, jornais, revistas e até TVs. Quando precisavam de alguém para entrevistar sobre este tema específico, ele era o contatado. Criou então uma marca pessoal através da publicação de um livro.
Marca Pessoal é fundamental para a prática do Marketing Pessoal. Se você não tem ainda algo que o diferencie de seus concorrentes, ou algo que o torne reconhecido no meio que frequenta, saiba que é possível fazê-lo. Basta você analisar suas potencialidades e investir em uma característica que o diferencie.
Einstein está relacionado à inteligência assim como Kottler à administração. Fausto Silva e Silvio Santos construíram suas marcas na comunicação. Pelé, Romário e Ronaldo foram tão bem-sucedidos jogando futebol que mesmo depois de encerrarem suas carreiras como jogadores profissionais, continuam com uma marca consolidada. Carlos Drummond poeta, Milton Nascimento e Djavan música, Brad Pitt e Gisele Bündchen beleza e profissionalismo, têm suas marcas inconfundíveis fixadas em todos nós.
Por outro lado, temos exemplos de marcas pessoais que em um período de tempo conseguem comunicar, mas que, por sua frágil competência, podem não se sustentar. A própria mídia cria, divulga por um tempo e depois pela perda de consistência ignora, e estas marcas acabam se dissolvendo. Mulher Melancia, Samambaia, principalmente profissionais das áreas artísticas e de comunicação que pela própria natureza do trabalho têm a possibilidade de uma maior visibilidade durante um tempo que depois não se sustentam. O Carnaval no Brasil oferece um ambiente tremendamente próprio e atraente para marcas pessoais que acabam se esvaindo na quarta-feira de cinzas.
Estes são exemplos de marcas pessoais que podemos facilmente identificar, por serem nacionais e universais. Acontece que em nossos relacionamentos profissionais e pessoais, mesmo dentro no nosso “pequeno” mundo, este conceito é também aplicado e fácil de identificar. No mercado que atuamos, no clube, na igreja que frequentamos, não é difícil identificar pessoas por suas marcas pessoais. Na área editorial, eu posso indicar os editores que têm a marca pessoal de publicar best-sellers. Eu mesmo sou reconhecido por ter publicado bons livros de marketing e ter utilizado as ferramentas como promoção e divulgação.
Dentro de uma empresa, marketing pessoal e networking se confundem. Conheci um profissional que tinha a marca pessoal estabelecida na empresa de ser o melhor promotor e vendedor, ganhava todos os prêmios. Um outro que tinha prazer de ser solícito e colaborador. Era o famoso “deixa comigo que eu faço“. Todos o queriam em seu grupo.
A marca pessoal pode ser desenvolvida através do tempo ou pode ser construída através de um plano de ação específico. Em ambos os casos pode funcionar.
Quando falamos em Mídias Sociais, a marca pessoal é fundamental para que um twitteiro tenha um número grande de seguidores. E os que conseguem se sobressair podem tornar-se referência e serem utilizados na promoção e recomendação de produtos aos seus seguidores. O mesmo acontece no Facebook e Linkedin. As pessoas se sentem atraídas e desejosos de participar das páginas de pessoas com mais visibilidades.
Marca pessoal é estratégia profissional e pessoal. Quem já é profissional ou quem ainda está iniciando ou nos bancos das universidades, recomendo como sugestão final que avaliem seu estágio atual de vida. Como é reconhecido nos meios que freqüenta? Que imagem pessoal as pessoas têm de você? Ela é adequada ao futuro que almeja? Faça uma reflexão e verifique se com algumas ações estratégicas e comportamentais poderia iniciar a construção ou consolidar uma imagem que irá ajudá-lo a praticar com sucesso o Marketing Pessoal.
Milton Mira de Assumpção Filho, Administrador, editor, presidente da M. Books e membro da Academia Brasileira de Marketing.
Fonte: Academia Brasileira Marketing
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