Caio Lauer
A palavra coaching (treinamento em inglês) foi utilizada primeiramente nos esportes para denominar a atividade da pessoa que ajuda um atleta a melhorar seu desempenho. Com o passar dos anos, o termo foi expandido para outros campos da vida, como o lado empresarial e particular dos indivíduos. Hoje, o coach, profissional que atua nesta atividade, ganha cada vez mais espaço no Brasil e no mundo.
Este profissional tem por atividade principal contribuir para o desenvolvimento profissional e pessoal de seu cliente (denominado “coachee”) para que potencialize habilidades em determinada área ou situação da vida. O desafio é entender o momento que a pessoa está passando e, por meio de metodologias, desenvolver competências para que consiga traçar objetivos, planos de vida e metas. Este diagnóstico é feito através de uma entrevista pessoal e uma série de questionários. Um destes questionários mede o nível de desenvolvimento da pessoa em cada hábito da vida ou carreira. Há também um questionário de personalidade, em que é avaliado o autodesenvolvimento da pessoa. “O coach trabalha como um ‘perguntador profissional’ e levanta o estado atual do cliente para que encontre o que pode fazer de diferente. Com isso, deixa evidente potencialidades individuais que podem não estar sendo usadas ou bem desenvolvidas”, explica Sulivan França, presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching.
Muitas vezes a pessoa que requisita o serviço não tem a ideia clara do que precisa evoluir ou mudar na vida, e é papel do coach desde o início do atendimento identificar essas necessidades. Em cima deste levantamento, o coach desenvolve planilhas que variam em plano de vida de curto, médio e longo prazo, detalhamento de valores, crenças potenciais e limitantes e matriz de gestão de mudança. “O que vem fazendo, que comportamentos vem tendo na vida e que não estão surtindo em resultados desejados. Indicamos o que deve fazer para alterar este quadro e quais atitudes devem ser desenvolvidas com mais afinco”, explica Thiago Cury, coach executivo e pessoal, e autor do livro “Vontade de Vencer”.
O coach aterrisou no Brasil em meados dos anos 90 com o desenvolvimento exclusivo para executivos e para a difusão do conceito de que esta aplicação é viável para a vida como um todo demorou um pouco. Atualmente são diversas as opções de atuação, mas são três as principais categorias:
Executivo: a empresa contrata o serviço para desenvolver o trabalho com profissionais de alta gestão com foco em metas da organização ou desenvolvimento de competências dos gestores.
Vida: uma pessoa contrata o serviço para alcançar metas particulares, como trocar de casa, de carro, convivência familiar, lazer e diversão, entre outros. Ou seja, é totalmente de âmbito pessoal.
Carreira: o profissional atua por meio da contratação dos serviços por parte da empresa ou do próprio cliente. A organização pode requisitar o trabalho para auxiliar na promoção de um colaborador ou o próprio contratante do serviço recebe auxílio em uma transição de carreira ou aprimoramento de competências.
Existem outras categorias, como coach de relacionamento, esportivo, comercial e de liderança. Ao longo dos anos, as pessoas e o mercado foram identificando necessidades específicas onde o processo de coaching pôde ser aplicado.
Para Sulivan, o crescimento de profissionais no mercado se justifica pela forma de aplicação do trabalho, que é totalmente individualizada. É uma atividade personalizada e, por este fato, traz um retorno muito rápido em cima de um investimento que o coachee fez no processo. Números da SLAC (Sociedade Latino Americana de Coaching), em que ele é presidente, comprovam isso. No ano passado, a entidade formou 160% a mais de coaches que em 2009, quando já tinha registrado um aumento de 140% se comparado a 2008.
Cuidados
Na onda do sucesso do coaching, muitas pessoas “pegam carona” e atuam sem a formação e especialização necessária. Hoje, não há nenhum órgão que regulamente a profissão de coach no Brasil, porém, existem organizações que estabelecem padrões no mercado.
Muitos consultores de carreira, vendo o sucesso da atividade, simplesmente alteraram a denominação da profissão para coach para “entrar na onda”. Porém, são processos diferentes e cabe à pessoa que busca a aplicação do coaching, pesquisar instituições e referências como em qualquer contratação de serviço. Thiago Cury conta que no processo de coaching não é apenas fazer perguntas e sim qual questionamento será mais eficaz. “Vejo pessoas, por exemplo, que aplicam coachs com ênfase exotérica e espiritual, relacionada com o tarô e baralho cigano. O caminho não é esse: o coach trabalha a espiritualidade, mas de maneira a trazer resultados efetivos para a vida da pessoa”, finaliza Cury.
Fonte: Jornal Carreira & Sucesso - 416ª Edição
0 Comentários