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Bem-Intencionadas, Mas Perigosas

por Cristiane Dias


Reconhecer o trabalho de um profissional é fundamental para o crescimento dele na empresa. O problema é a forma como alguns líderes têm feito isso. Colaboradores que só trazem bons resultados quando são recompensados, pessoas com comportamento individualista e grupos envolvidos em conflitos são alguns dos sintomas mais comuns de equipes que estão baseadas, excessivamente, em campanhas de incentivo.

Especialistas afirmam que a campanha é uma forma de integrar funcionários e fazer com que eles atinjam suas metas. Até aí, tudo bem, pois o desejo de todos os líderes é ter colaboradores cada vez mais comprometidos e trazendo resultados para a empresa. O problema é quando esses profissionais só conseguem alcançar os objetivos estipulados pela organização se forem incentivados com alguma recompensa, seja dinheiro, prêmio ou algo que traga benefício para eles, e não para a companhia. É diante dessa situação que o líder começa a ter problemas.

Conceito – O que você precisa entender em primeiro lugar é o que realmente são campanhas de incentivo. Gustavo Andrade, sócio-diretor da Training Performance, empresa de suporte em vendas, marketing e recursos humanos, explica que elas são planos de ação utilizados para incentivar os funcionários a alcançarem as metas e, quando são atingidas, reconhecê-los com um prêmio ou qualquer outro tipo de recompensa.

O problema não está em reconhecer o colaborador por ter realizado um bom trabalho, mas sim em acostumá-lo a sempre ganhar algo por ter feito isso. Para o funcionário, é ótimo, porém nem sempre é bom para a equipe – ainda mais quando o líder pensa que a campanha vai motivar seus colaboradores. “Campanhas de incentivo são ferramentas de gestão de negócios, e não simplesmente recursos comportamentais ou de liderança”, afirma Gustavo.

Fernando Lucena, presidente e consultor do Grupo Friedman, empresa de consultoria e treinamento em varejo, garante que as campanhas são benéficas quando estão adaptadas à realidade da companhia e da equipe, porém recomenda que o líder faça alguns questionamentos importantes: “Essas campanhas são bem elaboradas? Têm regras claras e objetivas? Oferecem premiações que o grupo realmente valoriza? As respostas dessas perguntas podem determinar tanto o sucesso quanto o fracasso de uma campanha de incentivo”. E é justamente quando ela não tem um objetivo claro que começa a se tornar prejudicial para os colaboradores.

O vício – Às vezes, você não percebe se os seus funcionários estão realmente focados na campanha. Os resultados são tão bons quando existe esse incentivo que você nem pensa se isso pode ser prejudicial. Entretanto, experimente pedir o mesmo envolvimento sem usar os incentivos como artifício e confira se o resultado e desempenho serão os mesmos. Se forem, parabéns pela equipe; caso contrário, tome cuidado para não viciar seus colaboradores a sempre conquistarem seus objetivos às custas de estímulos.

Para Gustavo, você consegue identificar se os funcionários estão viciados em incentivos motivacionais quando percebe que eles se preocupam com os resultados da campanha, e não necessariamente com o alcance das metas estabelecidas. “Nessa situação, eles se interessam mais pela distribuição das recompensas e não querem saber o que está sendo incentivado, qual é o objetivo da campanha ou, até mesmo, se ela está surtindo os resultados esperados pela empresa”, explica.

Outro fator que contribui muito para as campanhas de incentivo se tornarem prejudiciais é quando o líder acredita que premiar os funcionários é uma forma de motivar. Vale lembrar que isso pode realmente acontecer, mas será por pouco tempo e com foco errado, pois o colaborador estará visando ganhar algo, e não em desenvolver um bom trabalho. “Uma campanha se torna prejudicial quando o gestor pensa que, com ela, pode motivar sua equipe ou, o que é pior, baseia-se somente nessa técnica de incentivo para gerar motivação”, completa Gustavo.

Diagnóstico – Está comprovado: incentivo demais pode ser prejudicial para sua equipe. De acordo com nossos entrevistados, as consequências mais comuns de um grupo movido a campanhas são:

• Perda de foco no que realmente interessa ao negócio.
• Desmotivação ou frustração quando as metas pessoais não são atingidas, independentemente dos resultados da empresa.
• Comparações indevidas, em que os colaboradores começam a comparar seus prêmios e resultados entre si.
• Dificuldade de mensurar se os resultados são provenientes das constantes campanhas ou do esforço pessoal.
• Comportamentos individualistas.
• Conflitos interpessoais.
• Postura passiva diante dos problemas.


Se algum desses sintomas forem constatados em sua equipe, é melhor analisar todas as campanhas para saber se realmente estão trazendo bons resultados para os colaboradores e, consequentemente, para a equipe. “Não podemos esquecer que muitas das causas desse diagnóstico cabem à própria liderança, que não está preparada para fazer uma gestão adequada, pois de nada adianta ser um ótimo líder, com comportamento positivo e servidor das necessidades do grupo, se não souber geri-lo”, garante Gustavo.

Ação – Após saber as consequências de alimentar uma equipe movida a incentivos, é preciso evitar que isso aconteça. Mônica Marcondes, diretora da Accentiv’, agência de marketing de relacionamento, afirma que o líder deve realizar um diagnóstico prévio da empresa e do perfil dos colaboradores para desenvolver algumas ações. “Cada profissional tem que ser avaliado individualmente, pois não há como tratar todos da mesma maneira”, garante. Além disso, ela alerta sobre o período ideal para se ter bons resultados com campanhas de incentivo: “O mais indicado é a realização de campanhas com seis meses de vigência e avaliações trimestrais. A mensuração dos resultados é essencial para a continuidade do processo”.

Para você não esquecer, acompanhe algumas dicas imprescindíveis que o ajudarão a ter uma campanha saudável e eficaz, em vez de uma equipe viciada em incentivos:

• Planeje-a, definindo regras claras e objetivas.
• Compare a ação e veja se a recompensa é realmente necessária.
• Defina o principal objetivo da campanha e deixe-o claro para a equipe.
• Converse com todos os colaboradores e descubra se isso realmente irá motivá-los.
• Treine constantemente seus funcionários para que os resultados venham de forma espontânea, e não apenas por meio de campanhas de incentivo.


Cristiane Dias é estudante de jornalismo. Atua como repórter-redatora das revistas Liderança e Motivação.
Fonte: Revista Liderança
Fonte da imagem: gettyimages

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