Angelica Kernchen
Para alguns, talento é aquilo que você faz com paixão, o que te dá prazer em fazer. E como consequência, você executa a tarefa muito bem. Para outros, são sentimentos, pensamentos e comportamentos frequentes em uma pessoa, que podem ser utilizados de forma produtiva. Mas todos concordam em um fato: assim que uma pessoa consegue descobrir seus talentos, ela superar desafios e se sente mais confiante, pois consegue trabalhar tendo certeza que realizará algo com excelência.
Para Hugo Nisembaum, consultor nas áreas de identificação e gestão de talentos e educação corporativa e diretor da Mapa de Talentos, muitos entendem que talento está relacionado a um alto potencial que alguns poucos possuem. Entendem que trata-se de um ponto existente em um grupo especial, a elite da empresa, e que, por esta razão, deve ser cuidada e tratada de forma diferenciada. “Esta abordagem pressupõe que talentos são dons especiais, que somente este grupo em particular possui. Para mim, talento tem outra conotação. São capacidades naturais do indivíduo. Exemplificando: empatia, proatividade e espírito de competição são talentos difíceis de aprender, duráveis nas pessoas que os possuem e que podem ser transferidos para as diversas posições que estas venham a ocupar”.
Quando uma pessoa descobre seus principais talentos, o ideal é tentar relacioná-los com suas áreas de interesse, com suas competências, e aplicá-los como projeto de carreira e de vida. Mas muitos podem se perguntar: talento tem a ver com aptidão? Qual a relação entre eles? Ainda segundo Nisembaum, aptidão é uma capacidade natural ou adquirida para realizar determinada atividade. E sendo assim, a confusão entre talento e aptidão pode acontecer, pois colocamos no mesmo pacote aquilo que é natural e o que pode ser adquirido. “Mas para que alguém esteja apto a alguma coisa, é preciso considerar uma soma de fatores, que incluem os talentos, conhecimentos, habilidades e experiências necessárias para a realização da tarefa”, diz ele.
Paulo Araújo, escritor e conferencista, diz que talento todos têm, pois todo mundo faz algo melhor do que outro faria. A chave está em descobrir quais são eles. “E talento é muito diferente de dom, pois dom sim é uma aptidão natural, e é muito comum nas artes, no esporte. O dom pode ser definido como o talento nato. E sendo assim, todo mundo tem um talento, basta a pessoa descobrir o que sabe fazer melhor que os outros, por exemplo”, completa Araújo.
A Mapa de Talentos, empresa focada nesse tema, entende que talento é, em si, potencial para desempenho. Ou seja, qualquer pessoa pode desenvolver determinados potenciais e aplicá-los de forma produtiva. No entanto, alguns aspectos importantes, citados por eles, podem fazer com que esse potencial aplicado se transforme em excelência. São eles:
1. Ter uma visão clara de objetivos a serem alcançados
2. Reconhecer as suas possíveis contribuições
3. Estabelecer um plano, considerando que conhecimentos, habilidades e experiências são necessárias, e isso se refere à formação adquirida
4. Definir com quem e como eu me relaciono para alcançar um bom resultado
“Aproveitar uma capacidade natural permite chegar a um desempenho diferenciado. Num ambiente de trabalho, ao evidenciar seus talentos, bem como os talentos dos outros membros da equipe, pode-se trabalhar a complementaridade e aumentar a eficácia e produtividade, promovendo o engajamento e aproveitando o que cada um tem de melhor”, completa Nisembaum.
Ou seja: talentos podem ser desenvolvidos. Uma pessoa pode se tornar excelente em algo, mesmo que não seja algo natural dele. “Um exemplo disso é a oratório. Muitas pessoas não nascem sabendo. Mas se ela treinar, e existem muitos cursos para isso, ela pode desenvolver essa habilidade”, diz Araújo.
Existem exercícios interessantes para identificar talentos, e um deles é observar, nas atividades diárias e rotina de trabalho, os seguintes aspectos que indicam quando um talento se manifesta:
1. Me sinto atraído por aquela atividade
2. Ao realizar a atividade, não sinto o tempo passar, as coisas fluem
3. Quando concluo a atividade, fico energizado e não vejo a hora de voltar a fazer
Paulo adiciona que o principal exercício na tentativa de descobrir esses talentos é a autoconsciência. “O importante não é se comparar com os outros, mas ter autocrítica. Tente se perguntar como está sua carreira de acordo com o que estava três anos atrás, veja se você está conseguindo evoluir, se está conseguindo crescer”.
Talentos e pontos fortes
Os talentos pessoais podem estar, de alguma forma, relacionados ao desenvolvimento de competências. “Nós trabalhamos com o conceito do Ponto Forte, que é a soma de talentos, conhecimentos, habilidades e experiências. Isto permite estabelecer uma diferenciação clara entre o que é natural nas pessoas e aquilo que pode ser aprendido. Esse mesmo conceito nos permite destrinchar, dentro de determinada competência, o que pode ser aprendido e o que não”, informa Nisembaum.
E isso nos leva à outra questão: é possível potencializar os pontos fortes? “Potencializo um ponto forte quando, ao utilizar talentos, conhecimentos, habilidades e experiências, consigo alocá-lo numa posição certa. Também quando adquiro mais conhecimentos e habilidades que me permitam fazer melhor uso dos meus talentos. Por exemplo: espírito de competição é um talento. Se somo ele a conhecimentos do mercado, habilidades de negociação e experiência no setor específico, transformo esse conjunto em um ponto forte, que com certeza terá impacto positivo no desempenho”.
Muitas vezes, as pessoas se apegam muito mais a seus pontos fracos do que a seus pontos fortes. E, para Araújo, isso é incorreto. Os pontos a desenvolver devem ser levados em consideração, porém, trabalhar mais ainda os pontos fortes individuais resultaria em maior ganho, pois é exatamente aí que um profissional conseguiria destaque.
A Mapa de Talentos faz uma analogia que torna bem simples entender como talentos devem ser gerenciados, e ela começa com uma pergunta: qual a relação entre os Ramones e a gestão de talentos? Para eles, a resposta é simples: quando quatro caras com pouquíssimo conhecimento e técnica musicais aproveitam ao máximo os três acordes que sabem, gastando toda a energia em criar um estilo próprio, único e original com os recursos disponíveis, estão dando ênfase ao que têm de melhor.
E se é preciso mais conselhos, além de buscar autodesenvolvimento e aperfeiçoar o que já se tem como ponto forte, eles sugerem:
• Conheça os seus talentos
• Identifique de que conhecimentos, habilidades e experiências precisa
• Veja como profissionais, na mesma posição que você, se tornam úteis
• Imagine como pode redesenhar a sua posição de forma a poder manifestar esses Talentos com todo seu potencial.
Fonte: Carreira & Sucesso
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