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Como Manter o Controle Mesmo em Tempos de Crise

Para coach italiano Roberto Re, crises trazem oportunidades para aprimoramento pessoal, profissional e social; basta fazer as perguntas certas

Por Talita Abrantes

Quando uma crise chega a um país, empresa ou pessoa, a primeira (e talvez a única) coisa que dá para se ter certeza é que há situações que fogem ao controle de simples mortais. 

Mas, em vez de dar lugar ao desespero que paralisa, o coach italiano Roberto Re sugere uma nova maneira para encarar este fato da vida.

“Na Europa, há pessoas que não fazem nada por causa da crise, enquanto outras estão se perguntando ‘como tirar vantagem dessa situação’”, afirmou em entrevista a EXAME.com, na última quinta-feira em evento do braço paulista da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP).

Para ele, momentos difíceis da história trazem em seu cerne a possibilidade de levar as pessoas para um estágio mais evoluído de pensamento, comportamento e relacionamentos. Entenda: 

EXAME.com: O título do seu livro “Líder de si mesmo” pressupõe certo controle sobre quem você é, sua carreira e sucesso. Como ter este tipo de controle quando a economia, as mudanças do mercado trabalho estão fora do seu controle? 

Roberto Re: O fato é que há coisas que você não pode controlar. Só temos controle sobre a nossa reação diante destes eventos.

Na Europa, especialmente na Itália, há um momento de grande incerteza e medo. Então, há pessoas que não fazem nada por causa da crise. Enquanto outras estão se perguntando “O que eu posso fazer nesta situação? Como tirar vantagem?”. 

EXAME.com: Como aprender a fazer isso? 

Roberto Re: Primeiro, você precisa de uma mentalidade diferente do passado. Mudar hábitos, crenças, modos de pensar e de agir. Isso é difícil para um ser humano porque temos uma resistência natural à mudança.

Mas, com certeza, momentos difíceis na história exigem que a gente alcance outro nível de pensamento, que a gente evolua na forma como nos comportamos, pensamos e nos relacionamos com as outras pessoas. 

EXAME.com: Isso significa ser otimista?

Roberto Re: Depende do que você entende por otimismo. O pensamento positivo diz que a pessoa tem que dizer que não há problemas e que tudo dará certo. Não é assim, se você não cuidar das coisas, elas não darão certo por conta própria. 

Se você negar o que é negativo, você não é realista. Se eu tiver um jardim cheio de ervas daninhas e falar para mim que “não há ervas daninhas, não há ervas daninhas”, elas vão acabar com as outras plantas. 

Não acredito neste tipo de pensamento. Mas também não acredito em pensamento negativo: ver ervas daninhas e falar que a sua vida está acabada [por causa delas]. Acredito em pensamento realista: há ervas daninhas e eu posso mudar isso.

A questão é estar atento sobre o que se pode fazer e acreditar que você pode mudar as coisas. Então, não precisa ser otimista. As pessoas têm muitos recursos. O problema é que crescemos e vamos nos limitando. 

EXAME.com: Como fazemos isso?

Roberto Re: Não temos equilíbrio, damos mais peso para a percepção negativa. Não somos neutros. Quando fazemos isso, criamos uma imagem de nós mesmos e lemos tudo através desse filtro. 

Os americanos dizem que nós fazemos as emoções, que elas são feitas por outras emoções. É verdade. Precisamos ter consciência de como criamos nosso mundo interior e como isso afeta o exterior. 

EXAME.com: No seu livro, você diz que as questões certas levam para o comportamento certo. Como isso funciona?

Roberto Re: Temos um diálogo interno constante. Muitos dos nossos pensamentos são perguntas e respostas. Então, é automático: quando você se pergunta sobre algo, seu cérebro começa a trabalhar nesta direção. Perguntas tolas levam para respostas tolas. Boas questões para boas respostas. 

Questões do tipo “por que isso está acontecendo comigo?” não são boas. Primeiro porque há uma predisposição a pensar que isso está acontecendo só com você. Segundo, você pensa só no problema e não na solução. Quando as pessoas começam a se perguntar “como” elas movem o foco do problema para a solução. 

EXAME.com: Em termos de liderança de si mesmo, qual é a fraqueza dos brasileiros, na sua opinião? 

Roberto Re: Como em qualquer cultura latina, ser muito bom consigo mesmo ou justificar demais. Ao fazer isso, você diminui os padrões. A qualidade de nossa vida não está conectada com nossas metas, mas sim com os padrões que instituímos. 

EXAME.com: Qual é a diferença?

Roberto Re: Por exemplo, se sua meta é 10, provavelmente, ficará satisfeito com 8 ou 9. Agora, se seu padrão é 8, tirar 7,5 será doloroso. Na escola, tinha uma colega que sempre tirava 9 e chorava com um 8. Eu não entendia porque para mim 8 era sucesso. Na verdade, os padrões dela eram muito altos.

Brasileiros e italianos diminuem seus padrões e falam “tudo bem, a vida é bela, não há problema”. No final, a vida não será tão bela se você fizer isso. 

EXAME.com: Ter padrões muito altos não pode ser um peso? 

Renato Re: Há alguns problemas potenciais se os padrões altos têm relação com uma não aceitação de você mesmo ou de suas fraquezas.

A pessoa tem que performar, performar porque de outro jeito não terá satisfação. Corre, corre, conquista as coisas, mas, no final, não encontra a satisfação profunda que buscava. 

Agora, se você faz algo com paixão e sua meta não é a perfeição, mas fazer o melhor, então, não há stress. No primeiro caso é fuga da dor. No segundo, mover-se por meio do prazer. 

EXAME.com: Mas, no prefácio do seu livro, o jornalista italiano Marcello Foa fala que você não gosta de escrever. Como explica isso?

Roberto Re: Odeio escrever e estou escrevendo meu quarto livro. Este não é meu jeito natural de comunicação, mas é uma ferramenta para mim. Sem ela, não estaria aqui.

Quando você vai para a academia, com certeza é cansativo. Mas, se você manter o foco no objetivo, vai superar isso. 

Não é a meta que nos dá motivação, mas sim o propósito. Todos têm que fazer coisas na vida que não são divertidas, mas que são importantes. É parte do jogo. 

EXAME.com: Novamente, é uma questão de como encarar as coisas ... 

Roberto Re: Sim. Nada é como é. Tudo é a percepção que você tem, que é algo criado e não objetivo.


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