Conheça as profissões com maior procura pelos recrutadores e aquelas que já não atraem tanto a atenção dos empregadores no Brasil
Por Maria Martha Bruno
As previsões pouco animadoras de crescimento econômico no Brasil para este ano e para 2015 já começam a ser sentidas no departamento de RH das empresas. Pelo menos no que diz respeito ao perfil das contratações.
Segundo levantamento feito com exclusividade para a VOCÊ S/A pela consultoria Page Personnel, empresa de recrutamento do PageGroup, neste ano a procura por profissionais de relacionamento com investidores, engenheiros de projetos e analistas de planejamento e demanda caiu entre 5% e 15% em relação ao ano passado.
Na outra ponta, na mesma faixa percentual, houve uma alta na demanda por vendedores e analistas de custos. A mudança de foco nas contratações reflete a postura das empresas de investir menos em novos projetos e de buscar a melhoria dos resultados pelo aumento das vendas e da eficiência nos gastos.
“As empresas estão olhando da porta para dentro, buscando otimizar processos. Como está mais difícil elevar o faturamento, elas preferem aumentar a eficiência e, assim, a rentabilidade”, diz Ricardo Haag, gerente executivo da Page Personnel.
Para Felipe Brunieri, recrutador para as áreas de finanças e contabilidade da Talenses, profissionais que possam trabalhar em projetos de corte de despesas são essenciais no momento. “No atual cenário, se a empresa não consegue aumentar tanto a receita, precisa reduzir custos para elevar a margem de lucro, já que a economia não cresce tanto”, afirma.
De acordo com o especialista em recrutamento, até mesmo a ascensão de cargos como engenheiro ambiental reflete essa tendência de busca de eficiência. “As empresas neste ano estão interessadas em ‘cuidar da casa’ e estão mapeando os pontos nos quais possam diminuir gastos e ser mais eficientes”, diz Felipe.
Isso porque o aperfeiçoamento de procedimentos que reduzam o desperdício de recursos como água e energia ou que facilitem o reaproveitamento dos resíduos pode ajudar nesse contexto. “Os processos são reanalisados para aparar arestas, rever políticas e normas internas”, afirma Felipe.
A procura por vendedores e executivos de vendas também registrou crescimento. “Num momento de baixa de mercado, é ainda mais essencial expandir a carteira de clientes”, diz o gerente de recrutamento da Talenses. Além disso, funções que conseguem absorver o trabalho de seus pares estão em alta.
Analistas de marketing e de inteligência de mercado, por exemplo, foram bastante demandados, enquanto colegas muito especializados, como analistas de mídias sociais e de e-commerce, foram pouco requisitados pelas empresas. Luís Testa, responsável pelo departamento de pesquisa e estratégia da Catho, justifica com o mesmo motivo o enxugamento dos profissionais de relações com investidores: “As atribuições do RI podem ser absorvidas pelos setores de planejamento financeiro e estratégico”.
Em algumas áreas, o cenário de corte de pessoal ficou claro. No setor de recursos humanos, por exemplo, a função de analista sênior de departamento pessoal ficou em alta, enquanto as contratações de analistas juniores de DP caíram, demonstrando o enxugamento pelo qual essas equipes vêm passando neste ano. Na carreira de secretariado, houve aumento da procura por secretária de diretoria e redução na de secretária de presidente, o que pode indicar uma busca de custos menores.
Para quem atua em uma das profissões que estão em baixa, os especialistas que acompanham as oscilações do mercado de trabalho recomendam paciência. E alertam que um olhar mais estratégico e menos imediatista sobre o ano que vem vale não apenas para as empresas mas também para as decisões de carreira.
A orientação, por enquanto, é perseverar e investir em atualização e aperfeiçoamento. “É muito provável que cargos agora pouco demandados sejam buscados em um futuro próximo. Se eu estivesse em uma dessas cadeiras, não me preocuparia tanto em trocar de carreira ou função. Tudo pode mudar”, diz Ricardo Haag, da Page Personnel.
O economista Wilson Amorim, professor da Fundação Instituto de Administração, de São Paulo, está otimista quanto à recuperação da economia no médio prazo. “O Brasil mantém um mercado interno de grandes proporções e tem grande potencial de investimento em infraestrutura.
As empresas que apostarem no cenário mais otimista de médio prazo precisarão de pessoas qualificadas, que tenham visão mais estratégica, que não reajam apenas ao curto prazo”, afirma. A história dos ciclos econômicos está aí para provar que esse raciocínio está correto.
Fonte: exame.abril.com.br
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