Antes de partir para o valuation, use esses indicadores para observar se a empresa está evoluindo
Por Sergio Goldman
A determinação do valor de uma empresa não é tarefa simples, principalmente se quisermos fazê-lo da forma correta, que é usando o método do fluxo de caixa descontado.
Por meio desse método, projeta-se a geração de caixa da empresa, sob o conceito do fluxo de caixa livre, para os anos seguintes e traz-se esse fluxo a valor presente utilizando uma taxa de desconto. Esta é determinada principalmente por taxas de mercado, acrescidas do risco específico do negócio sendo avaliado.
Portanto, é um processo complexo, que envolve, além de outras atividades, a definição de cenários futuros e a análise de como a empresa avaliada irá se comportar nos diferentes cenários considerados.
Em função da complexidade do processo, pequenas e médias empresas tendem a não se preocupar com o tema criação de valor. Entretanto, é difícil negar a importância do tema para empreendedores e para investidores.
Apesar da complexidade, sugiro a empreendedores que pelo menos uma vez por ano dediquem parte do seu tempo para buscar determinar qual o valor do seu negócio e como este está evoluindo ao longo do tempo.
Antes disso, seguem aqui alguns sinais e métricas que podem ser utilizados como indicadores de que o valor do seu negócio está evoluindo (ou não).
1. Manutenção ou crescimento de margens operacionais
Crescimento de vendas é importante, mas apenas agrega valor se acontecer sem redução de margens operacionais. Portanto, considero mais relevante monitorar o comportamento das margens operacionais de um negócio do que olhar apenas para o nível de crescimento de vendas.
2. Capacidade de aumentar vendas com limitado consumo de capital de giro
Investimento em capital de giro reduz o valor do negócio. Em um cenário ideal, a empresa cresceria sem ter de aumentar sua necessidade de capital de giro. Mas os cenários ideais não existem. Por isso, empreendedores precisam cuidar bem de perto do consumo de capital de giro, principalmente em períodos de crescimento acelerado.
3. Retornos sobre investimentos acima da média do setor e estáveis ou crescentes
Investir é positivo para um negócio desde que o retorno sobre o investimento remunere os riscos envolvidos. Gosto bastante do conceito de retorno sobre o capital investido que mede a relação entre o fluxo de caixa gerado e o volume de capital investido. O retorno sobre o capital investido precisa ser superior ao custo de capital ponderado do negócio para garantir que a gestão da empresa está criando valor.
4. Capacidade de absorver dívida com o objetivo de reduzir o custo de capital ponderado do negócio
Em situações normais, em que não há risco de solvência do negócio, o custo da dívida deve ser menor que o custo do capital próprio. Claro que, no caso de startups, pelo risco elevado de geração de caixa, não é recomendado a absorção de dívida. Mas, à medida que a receita se torne mais previsível, faz sentido pensar em reduzir o custo de capital ponderado por meio do aumento da parcela de dívida na estrutura de capital do negócio.
Sou um grande admirador da gestão baseada em valor. Não consigo entender como um empreendedor pode administrar um negócio sem se preocupar como suas decisões impactarão o valor desse negócio. Além disso, a gestão permite identificar claramente quais são os indicadores-chave para a criação de valor de um negócio.
Vejo também a gestão baseada em valor como uma ferramenta importante para motivar e engajar funcionários de uma empresa, independentemente de seu tamanho. A política de remuneração deveria estar de certa forma vinculada à contribuição da equipe para a geração de valor do negócio.
Se, por um lado, o conceito já está bastante disseminado entre as grandes empresas, me parece que existe espaço relevante para ganhar penetração no segmento de pequenas e médias empresas. E os impactos podem ser extremamente positivos.
Fonte: revistapegn.globo.com
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