José Luiz Weiss, um dos fundadores do movimento capitalismo consciente no Brasil, fala sobre o novo modelo de organização, durante o congresso nacional sobre gestão de pessoas (Conarh)
POR ARIANE ABDALLAH
No ano passado, foi fundado no Brasil o capitalismo consciente, um movimento que começou nos Estados Unidos e que tem um propósito que pode soar utópico: gerar empresas nas quais o lucro é uma consequência de um bem maior, a criação de valor para seus clientes funcionários, fornecedores, investidores, comunidade e meio ambiente. Segundo seus fundadores, John Mackey, co-CEO da rede Whole Foods, e o consultor indiano Raj Sisodia, autores do livro que leva o nome do movimento (editora HSM), companhias como Google, Southwest Airlines e Costco se encaixam nesse perfil.
Um dos fundadores do movimento no Brasil, o executivo José Luiz Weiss, diretor de RH para a América Latina na empresa Syngenta, fez uma palestra sobre o tema nesta terça-feira (19/08), no CONARH 2014. De acordo com ele, uma nova forma de encarar e vivenciar esse modelo econômico se faz necessária. Para justificar essa defesa, o executivo ressalta, por um lado, um aspecto positivo do capitalismo: o aumento da renda per capita no mundo, gerada nas últimas décadas. Por outro, reconhece a queda de confiança das pessoas em relação às empresas em decorrência da má distribuição dessa renda e também de crises de ética. Outro problema apontado por ele foi a explosão dos salários, incentivando os executivos a priorizar os ganhos de curto prazo.
Weiss apresentou os quatro princípios que definem uma empresa inserida no capitalismo consciente. “Não se trata de um modelo perfeito”, afirmou. “Mas, sim, de estar em uma jornada de evolução. Esses princípios não foram criados por ninguém, mas reconhecidos nas empresas que têm o perfil consciente”. O que o RH tem a ver com isso? “Os profissionais de Recursos Humanos são fundamentais para, ao lado das lideranças, garantirem esses quatro pilares”.
1. Ter um propósito além do lucro
Para gerar lucro com consciência, a empresa deve focar em “fazer o bem” para a sociedade, para o mundo e para os clientes.
2. Liderança consciente
“São os líderes que definem muitos dos princípios, valores, estratégias e visão de mundo da empresa”, disse Weiss. Segundo ele, os gestores conscientes, tem uma diferença principal em relação aos demais: “Buscam o que é melhor para a empresa e para os stakeholders, e não a satisfação de seus egos e ambições”.
3. Impacto consciente
A relação ganha-ganha com todos os envolvidos no negócio é essencial em uma empresa com esse modelo. “O objetivo dessas organizações é maximizar o valor do negócio para acionistas, colaboradores, clientes, sindicato, governo e imprensa.”
4. Cultura consciente
O modelo de gestão permeia todos os sistemas e processos da empresa e se reflete em cada detalhe. Por exemplo, na remuneração. Weiss usa como exemplo a rede Whole Foods. A empresa tem como premissa que o salário mais alto seja, no máximo, 19 vezes mais que o mais baixo. “A maioria dos concorrentes tem salários até 200 vezes maiores que outros, dentro da mesma organização”, diz ele. Ele usa a Whole Foods para ilustrar outro indicador de uma cultura consciente: a transparência de resultados em relação aos funcionários. “Noventa por cento deles são sócios”.
Fonte: EPOCA NEGOCIOS
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