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O Que Você Fará Quando Ficar Rico?

Por Marcelo Nakagawa 

Muitos empreendedores querem abrir negócios para ficarem ricos! Mas o que fará depois que isto acontecer? Comprará mansões? Carrões? Aviões? E outros ões?

Por isto gosto de ler a história do Sr. Smith para minha filha de quatro anos. Não por acaso, comprei o livro “It’s a Snap” (Tundra Books, 2009) em que sua vida é contada de forma ilustrada.

O Sr. Smith nasceu há muitos anos atrás. Mais precisamente em 1854. Mas seu pai faleceu quando ele tinha oito anos. Para sustentá-lo e suas duas irmãs, sua mãe vendeu tudo o que a família tinha e foi morar em uma pensão barata. Fazia pequenos trabalhos para manter os filhos estudando, mas uma nova tragédia atingiu a família poucos anos depois quando sua irmã contraiu poliomielite, falecendo em seguida.

Mesmo com o esforço da mãe e sua irmã mais velha, o Sr. Smith se viu obrigado a abandonar os estudos aos 16 anos para começar a trabalhar. Sentia-se envergonhado por ser o único a não trazer dinheiro para casa. Arranjou emprego em um banco e nesta época ficou fascinado com a fotografia. Como era mágica aquela imensa e pesada caixa preta que conseguia registrar imagens exatas das coisas e paisagens.

Mesmo sendo um passatempo caro, o Sr. Smith se tornou um fotógrafo amador. Mas continuava a se incomodar com o preço de cada foto (poderia chegar ao equivalente ao salário mensal de um operário), o peso da câmera (só a placa de vidro poderia pesar 20 quilos) e o processo de revelação demorado e complexo (era fácil perder a imagem e todo o investimento feito).

Aos 25 anos, já com uma boa carreira profissional, planejou uma viagem ao Caribe para tirar fotos, mas desistiu quando imaginou o custo e o peso que deveria carregar. Incomodado, ficava horas em sua casa tentando achar um jeito mais fácil e barato para tirar fotografias. Testou várias ideias até chegar ao conceito de filme fotográfico. O conceito era revolucionário não por ser apenas muito mais barato, mas também permitia o uso de câmeras muito leves e portáteis.

O Sr. Smith obteve a patente do filme e da câmera e fundou uma empresa para comercializar seus inventos. O sucesso foi instantâneo. Nos anos seguintes, vendou milhões de câmeras portáteis. Qualquer pessoa com algum recurso poderia se tornar fotografo. “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”, o slogan mais conhecido pela empresa o tornou um dos principais milionários dos Estados Unidos.

Mas não era o dinheiro que o tornava mais feliz, mas a possibilidade de permitir que qualquer pessoa pudesse registrar os momentos mais importantes da sua vida.

Como não se importava tanto com o dinheiro, passou a distribui-lo para iniciativas filantrópicas desde que os projetos fossem absolutamente espartanos, sem luxos mas perfeitamente funcionais.

Sabendo disso, em 1912, o gerente geral da sua empresa, Frank Lovejoy, perguntou se o Sr. Smith não poderia contribuir para a construção do novo campus da faculdade em que havia estudado. Como Lovejoy e Darragh de Lancey, seu outro braço-direito na empresa, haviam estudado naquela faculdade, o Sr. Smith quis saber mais sobre o projeto.

_ Qual é o valor necessário? – perguntou Sr. Smith.

_ US$ 2,5 milhões – responderam. (Algo como US$ 60 milhões atualmente).

O Sr. Smith concordou na hora em contribuir desde que seu nome ou o nome da sua empresa não fossem divulgados.

Era o seu jeito. Ajudava mas não gostava de aparecer. Ele continuou fazendo doações para a escola nos anos seguintes com o pseudônimo de “Sr. Smith”. Somados e atualizados, o valor se aproximaria de US$ 500 milhões agora.

Hoje, todos que visitam o Massachusetts Institute of Technology (MIT) se deparam com uma enorme imagem do “Sr. Smith”, agora publicamente conhecido como George Eastman, fundador da Kodak.

Ele faleceu há muito tempo, a empresa que fundou passa por dificuldades, mas o Sr. Smith continuará existindo no MIT e em todos que por lá passaram e passarão, como, quem sabe um dia, minha filha.


Fonte: Estadão
Fonte da imagem: Clique aqui

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