Você tem experiência ou uma boa ideia na cabeça ?
Por Michelle Ferreira
Se você tem o sonho de ter um negócio para chamar de seu e ainda não sabe se escolhe uma franquia ou se abre uma empresa do zero, conhecer opiniões diferentes é fundamental. Época NEGÓCIOS conversou com alguns especialistas no assunto que nos revelaram as vantagens e as desvantagens de empreender em cada modelo.
Para quem tem dinheiro no bolso e a dúvida de criar uma marca própria na cabeça, Cássio Spina, fundador da associação Anjos do Brasil, que conecta empreendedores a investidores, recomenda que o futuro empresário coloque na balança o que é mais importante para ele. “Os dois modelos têm benefícios, o empreendedor é que precisa decidir qual se encaixa em seu perfil”, afirma.
Para Ruy Barros, consultor do Sebrae, o modelo de franquia é hoje um dos mais bem-sucedidos do mundo. “Serve para aquele empreendedor que não quer inventar a roda. Mas, apesar de ser um bom negócio, não serve para todos. Se eu sou aquele empreendedor dinâmico, que gosta de mudar o produto ou a forma de divulgação, pode haver conflitos com o franqueador”.
Marketing
Uma das vantagens da franquia é o baixo valor investido com a divulgação da marca, que já é, na maioria dos casos, conhecida no mercado. “O marketing da franquia é compartilhado, o que reduz os esforços e os custos com a divulgação. Os gastos gerais também são muito mais altos quando se decide criar uma marca do zero”, afirma Spina.
Compra coletiva
Na franquia, tudo é comprado em conjunto, o que reduz os valores dos produtos. “A negociação em rede beneficia a compra em escala. Até o preço dos uniformes tende a ser menor”, afirma Adir Ribeiro, CEO da Praxis, empresa especializada em consultoria e educação corporativa para o franchising e o varejo.
Liberdade
Apesar do baixo custo, os franqueados estarão sempre sujeitos às regras dos franqueadores, até mesmo na decisão de onde será instalado o negócio. “Caso o franqueador já tenha outro franqueado na região onde você deseja abrir, não vai ser possível ter um negócio ali. A falta de liberdade engessa o negócio. O franqueado não poderá nem mesmo alterar os produtos. Ele estará sujeito à decisão do franqueador”, afirma Spina.
Lucro
Parte do lucro do franqueado tem destino certo – o bolso do franqueador. Ter um modelo de negócios relativamente pronto tem seu preço. Apesar de a marca já ter sido testada e todo o modelo já estar praticamente desenvolvido, as franquias possuem três taxas. São elas: taxa de franquia, valor pago na assinatura do contrato para utilizar a marca e para transferir o know-how, taxa de royalties, percentual do faturamento pago mensalmente ao franqueador e taxa de marketing, habitualmente mensal, que serve para custear a divulgação de toda a rede. “Em minha opinião, essas taxas tem valor para o franqueado, pois ele recebe uma marca mais consolidada. Na franquia, a taxa de mortalidade é bem menor do que no negócio independente. O valor vale a pena”, afirma Ribeiro, da Praxis.
Risco
Como a franquia já foi testada em outras regiões por outros donos, o modelo é tido como mais seguro, mas, segundo Spina, crescer é mais difícil. “A chance de expandir o negócio é bem maior quando se tem uma marca própria. Você pode virar um franqueador. O risco é maior, mas o potencial de crescimento também aumenta”.
Boa ideia
Se o futuro empresário tiver desenvolvido um produto ou um serviço comerciável que tenha aceitação no mercado, é hora de criar a sua própria marca. “O modelo favorece o empreendedor mais criativo, já que ele não precisará seguir padrões”, afirma Ribeiro.
Empréstimo
Conseguir um empréstimo quando se tem uma franquia é muito fácil, de acordo com Barros, do Sebrae. Se você ainda não tem o dinheiro todo para começar ou precisará de mais verba no meio do trajeto, ter uma franquia pode ser um bom negócio. “Conseguir crédito no banco para uma franquia é muito mais fácil e isso gera motivação. A franquia trabalha como órgão garantidor e o franqueado consegue uma linha de crédito especial”.
O perfil de quem já escolheu ...
... franquia
Roberto Bonecker decidiu abandonar o cargo de diretor de marketing em uma multinacional para empreender em 2011. Como ele já tinha experiência em marketing de alimentos, resolveu abrir uma franquia da rede Divino Fogão no shopping Morumbi, zona sul de São Paulo, e se sente muito satisfeito com a escolha – ele irá abrir uma nova franquia em junho deste ano, desta vez, no Shopping Vila Olímpia, zona oeste da cidade. “A franquia 'queima' muitas etapas, principalmente para aquela pessoa que não possui experiência no comércio. Começar do zero sem ter experiência deve ser muito sofrido”, afirma Bonecker.
Apesar da facilidade e do sucesso, Bonecker assume que, se pudesse, mudaria algumas características da rede. “Como eu já fui executivo de marketing, eu mudaria algumas coisas na divulgação, mas eu não faço isso por respeito pela empresa. Mas mesmo assim eu estou totalmente satisfeito. Eu até comecei a participar do comitê de marketing da rede”, afirmou.
... negócio próprio
Os donos da startup Super Agendador, conjunto de ferramentas online para prestadores de serviços, também estão satisfeitos com o modelo que escolheram em 2011. “No começo, escolher uma franquia teria nos trazido mais retorno, mas no longo prazo nós acreditamos que teremos um retorno muito maior. Hoje, nós já temos uma taxa bem interessante”, afirma Davi Iglesias.
Para ele e o sócio, Pablo Neves, a decisão de abrir o próprio negócio surgiu depois de os dois terem uma ideia tida como inovadora. “Na franquia, nós seriamos controlados por outra empresa. Se o negócio é inovador, você não pode ser influenciado. Nós corremos um risco maior e esperamos colher bons frutos deste risco que a gente correu”.
Outro fator que fez os dois optarem por uma marca própria foi a experiência. Davi trabalhou na área de tecnologia por 13 anos, já Pablo Neves foi da área comercial por mais de dez anos.
Fonte: Época Negócios
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