Quem trabalha todos os dias para ser "o melhor" não tem tempo para se solidarizar com o próximo, cercando-se de justificativas para focar em suas próprias demandas
Por Eduardo Shinyashiki
Por conta de diferentes elementos da sociedade, acabamos sendo orientados para uma conduta que valoriza apenas "o melhor". Porém, o que se esconde atrás desse modo de pensar é que, para garantir que exista um único lugar de destaque, devemos também ter "o pior". E o que fica no meio do caminho desses dois pontos é a competição, tão acirrada em nossos dias, que deixa de lado a visão de mundo que privilegia o coletivo e a união das diferenças. Essa discussão, inclusive, faz parte das exigências de quem está em busca da tão falada sustentabilidade.
O poder do grupo fica muito claro quando assistimos ao filme Duelo de Titãs, estrelado por Denzel Washington. Mesmo tendo sido lançado em 2000, a história se mantém atual e serve como inspiração para repensarmos nossas práticas. Ao quebrar os paradigmas que circulavam em torno do racismo, o técnico de futebol americano Herman Boone consegue criar um ambiente em que os sentidos maiores são o desenvolvimento e o sucesso do grupo, e não a busca pelo estrelismo.
No ambiente de trabalho, podemos ver isso quando um profissional está com um problema para resolver e conta com a ajuda sincera de seus companheiros, sem que exista uma ordem direta dos superiores. Em casa, o comportamento contribui diretamente para diminuir as frustrações que surgem quando todos tentam copiar um modelo ao qual se atribuiu o nome de "bem-sucedido". Porém, o coletivo só pode ser bem organizado quando os indivíduos que o compõem estão de bem consigo mesmos. Vamos entender isso melhor.
Quem trabalha todos os dias para ser "o melhor" não tem tempo para se solidarizar com o próximo, cercando-se de justificativas para focar em suas próprias demandas. Para esse tipo de profissional, os colegas estão classificados mentalmente em um ranking, em que comumente os pontos fracos de cada um estão em maior evidência. Na posição contrária, quem trabalha em prol do grupo não se preocupa em alcançar uma posição de destaque solitária, mas, sim, desenvolver-se em sintonia com os demais para que, juntos, possam chegar ao objetivo maior.
Na maioria das vezes, essa pessoa tem grande capacidade de interação, seja com seus pares ou clientes, e possui uma energia capaz de cativar os que estão ao seu redor. Afinal, ele sempre tem uma resposta simpática e positiva para os que o procuram, estando pronto para refletir sobre desafios que não fazem parte de seu universo. No entanto, ainda que não fique explícito, em todos os momentos de engajamento esse profissional consegue crescer com a equipe, melhorando constantemente.
O sucesso reside exatamente aí: em nossa busca constante por melhorar todos os dias, mas em relação a nós mesmos e não aos outros. As comparações trazem sentimentos que nos desequilibram, como inferioridade e medo. Na outra ponta, ao se abrir para o grupo, é possível alcançar a felicidade e a sensação de bem-estar por aquilo que é compartilhado, mesmo que, naquele momento, nosso interior esteja balançado.
Não invista seu tempo em uma corrida sem fim para ser "o melhor". Antes disso, procure se conhecer bem e fazer parte de algo que vai além de você. Deixe que as diferenças façam parte do seu dia a dia e veja o que pode aprender com elas, deixando passar tudo o que impediria o seu desenvolvimento. Comunique-se! E isso quer dizer mais que, simplesmente, se expressar por meio de palavras e aparelhos tecnológicos como o celular. Então, rompa as barreiras do cotidiano para entrar em contato com as possibilidades criadas pela interação do seu "eu" com outras subjetividades.
Fonte: www.administradores.com.br
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