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Ter um Sonho é Criar a Própria Individualidade Profissional

Por Vicky Bloch

'Nunca se afaste de seus sonhos. Porque, se eles se forem, você continuará vivendo, mas terá deixado de existir". Carrego essa frase de Mark Twain quase como um mantra, porque ela serve para todos os aspectos da nossa vida - inclusive no que diz respeito à carreira profissional.

Tenho falado com frequência sobre a necessidade de sermos capazes de identificar os nossos sonhos, aqueles que servirão para alimentar nossa energia e nos indicarão o caminho para encontrar e agarrar nossa paixão. Penso muito nisso cada vez que encontro executivos - e não são poucos - que deixaram seu sonho de lado achando que se tratava de uma bobagem, algo supérfluo. Algo que parece grande demais à primeira vista.

Infelizmente, poucos se permitem enxergar um sonho como a capacidade de nos conectarmos com nós mesmos. Algo que provoca o indivíduo a se conhecer melhor e constatar se tem os recursos pessoais necessários para conquistar esse sonho. Algo que invoca constantemente a busca pelo autoconhecimento, questão imprescindível para nosso desenvolvimento profissional, pessoal e até mesmo espiritual.

No fundo, isso tudo tem a ver com missão, causa. Qual é o legado que queremos deixar e o que vamos pensar quando, aos 80 e tantos anos, olharmos para trás. Não se trata de coisas etéreas, pragmáticas ou materiais. Vejam bem: um sonho não é o próximo passo de carreira, mas sim a projeção de desejos, valores, esperanças e expectativas.

Quando assumimos esse sonho, ganhamos uma maior capacidade de construir nossas competências, investir nos conhecimentos necessários e começar a socializar com as pessoas e construir alianças que nos ajudem a perseguir esses desejos. Sim, na maior parte das vezes não conseguimos tudo sozinhos. Precisamos do outro para nos projetar e nos ensinar.

Ter um sonho serve também para repensar se as escolhas que você tem feito ao longo da vida não estão, por acaso e sem perceber, te levando para uma direção oposta à que gostaria. Conheço muitos casos de executivos que trabalharam uma vida toda em função do dinheiro e do status e que, em um determinado momento, se sentiram completamente perdidos, como se toda uma trajetória de repente deixasse de fazer sentido. Largaram tudo e foram tentar batalhar por algo que lhes trouxesse uma verdadeira satisfação interior, algo que os inspirasse e sobre o que poderiam se orgulhar lá na frente.

Quem não faz esse exercício tende a engatar no sonho de outra pessoa, até que lá na frente vá perceber que não fez nada para si mesmo. Existe algo mais triste do que viver projetado no outro?

Ter um sonho, seja ele de grandes ou pequenas dimensões, é criar a sua própria individualidade. Isso nos dá limites e a possibilidade de uma interação adulta com o outro. Se você ama a sua esposa ou seu marido, por exemplo, mas tem a sua própria individualidade, a relação do casal certamente será melhor.

Nas lideranças do ambiente corporativo, o indivíduo com valores claros tem maior capacidade de criar empatia com o outro, porque ele permite e respeita a individualidade dos seus pares e funcionários e cria um grupo muito mais comprometido.

O discurso do trabalho em equipe, do servir ao outro, é constante e bastante significativo. De fato, a colaboração é fundamental para o desenvolvimento de uma organização e a composição de diferentes habilidades e perfis torna uma empresa capaz de ser competitiva e gerar resultados efetivos. Não se faz um time de indivíduos isolados. Mas é fundamental lembrar que uma pessoa só consegue atuar bem no coletivo quando ela tem muito clara a sua própria individualidade, a sua identidade.

Eu diria que essa deve ser a verdadeira busca de um plano de carreira profissional com escopo para nos tornarmos pessoas realizadas e felizes. E a repercussão de quem tem essa clareza é de que a sua liderança passa a ser mais verdadeira e mais íntegra.

Vicky Bloch é professora da FGV, do MBA de recursos humanos da FIA e fundadora da Vicky Bloch Associados


Fonte: valor.com.br
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