Emoções negativas podem levar a mais criatividade
Por Paulo Eduardo Nogueira
Da próxima vez em que fizer um processo de seleção de funcionários, não descarte logo de início aquele mal-humorado ou carrancudo: é possível que ele seja mais criativo ou produtivo que os sorridentes. Esse conselho aparentemente colide com conclusões da psicologia tradicional, segundo a qual a criatividade é um processo não só intelectual como também emocional, que se expande sempre que sentimos emoções positivas. Mas, segundo pesquisa publicada pelo Academy of Management Journal, pessoas que acordam de mau humor, com sentimentos negativos, no fim do dia apresentam maior criatividade e produtividade que aquelas que já acordam sentindo-se bem. Ronald Bledow, da Universidade de Ghent (Bélgica), e Kathrin Rosing e Michael Frese, da Universidade Leuphana (Alemanha), autores do estudo, pesquisaram 102 pessoas consideradas muito criativas para obter a explicação desse aparente paradoxo: emoções negativas geram um foco mental mais estreito e alerta, muito útil para lidar com coisas que exigem uma solução rápida, além de produzir maior motivação.
Um segundo estudo experimental dividiu 80 participantes em dois grupos, com a tarefa de escrever um pequeno texto autobiográfico em tom positivo ou negativo, antes de enfrentar um desafio de ideias sobre algum tema. Resultado: o grupo dos textos negativos gerou depois ideias melhores e mais variadas. Na opinião dos autores, encarar apenas as emoções positivas como fonte de criatividade pode ser um obstáculo a seu desenvolvimento. Não se trata de uma apologia do mau humor: uma vez estabelecido esse foco mental mais estreito, a pessoa deve adotar o que os autores chamam de “guinada afetiva”, permitindo que emoções mais positivas substituam as negativas e abrindo caminho para soluções inovadoras. No trabalho cotidiano, isso significa que não devemos esperar a “hora certa” para desempenhar uma tarefa, mas iniciá-la mesmo se estivermos dominados por emoções negativas. O truque é operar a tal guinada afetiva e transformar o fel em mel.
Fonte: epocanegocios.globo.com
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