Empreendedores contam como se arriscaram em mercados desconhecidos e conseguiram construir negócios de sucesso
Por Priscila Zuini,
Empreender é lidar com incerteza. Para empreendedores que se arriscam em mercados desconhecidos ou muito específicos, este sentimento é ainda mais intenso. É preciso educar o consumidor, explicar o negócio e encontrar a melhor forma de divulgação. Veja as histórias de oito empresários de pequenas empresas que arriscaram seus investimentos em áreas inusitadas e estão tendo bons resultados.
Inesplorato: curadoria de conhecimento
Debora Emm trabalhava com pesquisa de mercado quando teve a ideia da Inesplorato. Depois de uma reunião, um cliente veio pedir indicações para aprender mais sobre sociologia, uma das áreas de formação de Débora. “Pensei em qual era a diferença entre o que eu estava fazendo e o que o Google faria por ele. Nosso trabalho é diminuir a distância e o tempo entre as pessoas e as informações que são importantes para elas”, conta. Foram investidos 80 mil reais para começar o negócio.
A empresa inventou a curadoria de conhecimento, uma espécie de consultoria para quem quer aprender algo novo e não sabe por onde começar. Depois de uma entrevista, o cliente recebe uma caixa com livros, filmes, artigos e comentários para ajudar a aprender. Uma curadoria individual pode custar 1,5 mil reais. “Um dos nossos desafios foi criar uma nova profissão. Nós listamos algumas das primeiras características de um bom curador e começamos as buscas”, conta. A Inesplorato presta consultorias para empresas e pessoas físicas.
Publivídeo: de olho nos recém-nascidos
O mercado de fotografia e filmagem de eventos é bastante consolidado no país. Kátia Rocha e Paulo Gomes inovaram ao investir em transmissões de partos online e fotos de bebês recém-nascidos. “A ideia ganhou força quando nos tornamos parceiros de uma maternidade referência em São Paulo”, conta Gomes.
Para ele, um negócio decola de verdade quando o empreendedor acredita e tem coragem. “Tem que ter coragem e não largar o mercado quando algo der errado, pois, por ser um mercado pouco explorado, muitas vezes não temos referência”, diz.
Laranjas Online: direto do pé
O cultivo dos 150 mil pés de cinco variedades de laranja na Fazenda São Pedro começou com o avô de Alessandra Conde Sodré. “Vendíamos diretamente para a indústria. Com a crise, quis buscar uma alternativa: vender direto do pé uma laranja fresca e recém-colhida, usando a internet”, conta Alessandra.
O maior desafio, segundo ela, foi acertar a logística e ganhar a confiança do cliente. “Um grande desafio foi fazer com que os clientes acreditassem na qualidade de um produto que eles não viam”, conta. “Explorar uma oportunidade nem sempre será fácil, e precisa de tempo para que as pessoas mudem seus hábitos”, diz.
Alergoshop: só para alérgicos
As alergias da filha viraram uma oportunidade para Sarah Lazaretti. Cansada de tentar encontrar produtos adequados, ela resolveu abrir a Alergoshop, uma loja que reúne produtos para vários tipos de alergias. "Há 20 anos, muitas pessoas ainda consideravam a alergia uma doença de ricos, mas os alérgicos e seus familiares sabiam das dificuldades do dia-a-dia, e passaram a consumir os produtos e se sentirem muito melhor”, conta Sarah. O índice de retorno nas lojas é da ordem de 70%, segundo ela. “Pesquise o mercado, veja quais serão seus concorrentes e seja perseverante, porque problemas sempre irão surgir”, aconselha.
Cipolatti: decoração em shoppings
Há mais de 30 anos, Conceição Cipolatti só pensa no Natal. Ela passa o ano planejando a decoração de shoppings centers no país todo. A oportunidade surgiu de maneira inesperada. “Minha irmã foi responsável pelo buffet do evento de aniversário do shopping, e me pediu auxílio para fazer a decoração. O gerente de marketing gostou e me convidou para fazer a decoração de Natal”, conta Conceição.
Transformar o negócio artesanal em uma empresa maior não foi fácil. “Com o aumento dos convites e a ampliação da exigência, tivemos que sair de uma produção artesanal para uma estrutura fabril. Esta transição não foi fácil, mas conseguimos preparar a empresa para atender mais de 130 shoppings por ano”, conta.
My Pet's Nanny: babá para pets
Andressa Gontijo virou babá de gatos e cachorros quando descobriu que o serviço era popular na Europa e praticamente inexistente no Brasil. Diferente de um hotel, a babá visita o animal da casa do dono. No mercado desde 2010, ela conta que seu maior desafio foi ganhar a confiança dos clientes. “Como entramos na casa do dono do pet quando esse dono não está, o maior medo deles era justamente deixar a casa nas mãos de alguém que não conheciam”, conta.
Delicari: a loja de iogurtes
No supermercado, os iogurtes costumam se misturar na geladeira com sucos e outros produtos. Na Delicari, eles são o produto principal. A ideia veio da MIE, uma empresa que cria e desenvolve marcas de alimentos, como o chocolate Amma. “Tivemos a oportunidade de começar um projeto de desenvolvimento de produtos lácteos. Daí nasceu a Delicari. Para esta empreitada contamos com Craig Bell, um dos acionistas da Leitíssimo, uma super marca de leite”, conta Gabriela Borges, sócia-proprietária da Delicari.
Para ganhar o mercado só com iogurtes nas prateleiras, Gabriela batalhou contra a falta de informação. “Tivemos que tomar algumas decisões estratégicas baseadas na intuição, e isso gera muita insegurança”, conta.
Walking Party: festa itinerante
A franquia Walking Party foi inspirada em negócios americanos semelhantes: um ônibus para festas, eventos e promoções. “É um mercado novo no Brasil, mas a aceitação está sendo ótima. Pretendemos ter nossa franquia espalhada por pelo menos 100 cidades no Brasil”, diz Edson Ramuth, diretor do Grupo Multi-Franquias, que controla a marca.
Segundo ele, vale investir em um mercado novo, apesar dos riscos. “Caso você tenha sucesso neste novo conceito de negócio, você será uma referência nacional”, diz.
Fonte: exame.abril.com.br
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