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Quando a Melhor Estratégia de Gestão é Não Fazer Nada

Livro "Não Faça Nada!", de J. Keith Murnighan, defende que o papel do gestor é apenas pensar estratégias e direcionar a equipe

Por Bárbara Ladeia

O bom chefe é aquele que elabora estratégias, coordena a equipe e... não faz nada. Por incrível que pareça, “Não faça nada!” (Editora Saraiva) é a ordem que intitula o último livro de J. Keith Murnighan, professor da Kellogg, renomada escola de negócios americana.

Para ele, é possível conquistar grandes objetivos – e ser merecedor deles – apenas observando a equipe em atuação. Para isso, é necessário deixar de lado itens bastante frequentes no padrão de atividades da gestão, como a falta de confiança no talento dos subordinados e os hábitos centralizadores. 

Murnighan começa a obra sugerindo uma situação hipotética: como seria se, após as férias, um líder encontrasse sua equipe a todo vapor e com novas conquistas para a empresa? 

Ele mesmo responde. “Para a maioria das pessoas, a realidade é que nunca tiram três semanas seguidas de férias e, mesmo se o fizessem, com certeza levariam o celular e o laptop para verificar constantemente o que está acontecendo no escritório, mesmo sem necessidade.”

Para mudar esse cenário de “dependência” mútua entre líder e equipe, a sugestão de tomar todas as atitudes partindo do que o autor chamou de “Lei da Liderança”. “Pense primeiro na reação desejada e depois decida as ações que você pode realizar para maximizar as chances de ocorrência dessas ações”, afirma no livro.

Uma forma de botar a lei em prática é elaborar as estratégias de trás para frente. Em uma sequência de diagramas, o professor da Kellogg sugere que o objetivo seja mirado primeiro e, na sequência, o último passo antes dele. Assim, sucessivamente. 

“Como podemos não saber com perfeita clareza qual deve ser o nosso próximo passo, deveríamos nos concentrar em qual deveria ser nosso último passo e decidir o que podemos fazer para chegar lá, a um passo da nossa meta”, afirma.

A ideia é que essa ferramenta facilite a vida do líder na hora de decidir como, quando e para quem delegar cada trabalho a ser realizado. No entanto, sem confiança nas habilidades e talentos da equipe, com certeza o caminho do líder será mais tortuoso. “Sem dúvida é melhor confiar mais do que menos”, afirma Murnighan, que parte do exemplo de uma corriqueira compra online: se é possível confiar seu dinheiro e desejos de consumo a um estranho que possivelmente mora em outro país, por que não oferecer essa confiança à equipe?

Pessoas

A gestão de pessoas também requer a observação do comportamento e dos relacionamentos na equipe. Olhar mais para a atividade da equipe que para as próprias atitudes é uma das sugestões que o autor traz em “Não Faça Nada!”. Essa é uma das ferramentas importantes até mesmo para que os elos de confiança sejam estreitados, o que, para ele, garante bons resultados.

“Os líderes que não se dedicam a conhecer bem os membros de sua equipe ou que violam a Lei da Liderança concentrando-se nas próprias ações em vez de enfatizar as reações dos membros de sua equipe, muitas vezes cometem uma série de erros diferentes que nunca admitem”, afirma.

Esse componente humano conta também com um certo afastamento dos números e metas. Para Murnighan, as energias do gestor devem estar concentradas na evolução do aprendizado da equipe. “Os líderes eficientes realizam muito mais quando se concentram no aprendizado e ignoram as metas de desempenho.”


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