É importante que o profissional faça uma seleção de onde quer trabalhar, avaliando a fundo as condições da empresa que pretende prestar seus serviços
Por Ana Paula Ribeiro e Priscila Dadona
O economista Eduardo Velho e a enfermeira Sueli Fatima da Luz, embora sejam de áreas totalmente diferentes, têm em comum uma experiência internacional interrompida: ambos foram trabalhar em Angola, e voltaram antes do previsto. Mas as coincidências param por aí.
Velho, por exemplo, se dividiu por um bom tempo entre o seu trabalho no Brasil - ele é economista-chefe da Prosper Investimentos - e seu cargo num banco estatal num país africano. Fora a rotina cansativa de viagens e o acumulo de funções, o economista se deparou com uma situação pessoal que o fez desistir de seu posto em Angola e optar em ficar no Brasil. Com o nascimento de sua primeira filha, Velho percebeu que suas idas e vindas ao outro lado do Atlântico ficariam cada vez mais sacrificantes e emocionalmente desgastantes. “Fiquei com muitas saudades da minha filha.” Mas, como Velho ainda estava empregado no país, sua volta não foi traumática.
Para Sueli, a história foi um pouco diferente. Há sete anos, a enfermeira participou de um processo seletivo para trabalhar em projetos de saúde em Luanda. Após um demorado processo seletivo (um ano), Sueli embarcou para África onde foi ser diretora de enfermagem em um novo hospital - na África eles são chamados de clínicas. A expectativa da enfermeira era ver um cenário de pobreza e de dificuldades, mas o que viu a deixou muito surpresa. “Fui esperando uma situação ruim e a clínica era um espetáculo. Não fomos trabalhar para os pobres mas, sim, para os milionários.”
Sueli e os outros brasileiros foram muito bem recebidos, mas logo os problemas não demoraram a aparecer e as condições acordadas no contrato inicial começaram a ser desrespeitadas. De malas prontas para voltar ao Brasil após um ano e pouco, Sueli foi chamada por outro hospital (que também era mantido pelo governo africano) para ocupar outro cargo no mesmo local. Desta vez, o problema foi com a chefia e ante tantos desgastes e estresse, Sueli acabou ficando doente e voltou ao Brasil após dois anos de permanência em solo africano.
“Foi muito difícil a volta para o mercado, mas não me arrependo de ter esta experiência internacional. Me decepcionei com a gestora, mas não com o país”, afirma.
Conselhos
Para a coaching e sócia do Instituto Appana Mind, Káritas de Toledo Ribas, para evitar a insatisfação na mudança de emprego, é importante que o profissional faça uma seleção de onde quer trabalhar, avaliando profundamente as condições da empresa que pretende prestar seus serviços. “O processo de seleção é uma via de duas mãos. Não é só o profissional que está sendo selecionado pela empresa”, diz.
Mas Káritas adianta que não há um roteiro, já que o que agrada ou não alguém varia muito. Entre esses itens, a menor distância entre residência e trabalho ou um home office pode ser mais importante para quem deseja tocar outros projetos ou ficar mais tempo com famílias. Para outros, o mais importante vai ser um bom clima organizacional.
Para o coaching Homero Reis, manter a calma e não se precipitar é o primeiro passo. Outro fator importante é checar os prós e os contra nessa empresa. Káritas lembra que algumas pessoas sempre acham que o melhor lugar para trabalhar é onde elas não estão e conseguem ver apenas pontos positivos, principalmente quando o único contato é com o recrutador.
Para ter uma visão mais realista, a dica é conversar com pessoas que trabalham na possível futura empresa. Melhor ainda se for com profissionais da mesma área. “Converse com sua chefia ou com seus pares, as pessoas ficam mais chateadas com a surpresa do que com os problemas”, completa Reis. Segundo Káritas, o que mais frustra um profissional ao mudar de emprego são os relacionamentos. É muito comum, diz, o executivo não se adaptar aos novos chefes ou clima organizacional da empresa.
Para quem fez a mudança e se arrependeu, a dica é planejar melhor a próxima.
Caso tenha a incumbência de tocar um novo projeto, é preciso avaliar se é possível ficar até o final. Se não for, a coaching aconselha conversar com o gestor, explicar os motivos que não estão agradando para então avisar que não conseguirá ficar. “Ser transparente deixa as portas abertas.”
Fonte: economia.ig.com.br
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