Por Luís Sérgio Lico
A urgência de resultados sempre foi um motor da evolução humana. Naturalmente, as coisas se davam segundo uma relação intrínseca de necessidade e busca de solução. Neste âmbito, forjaram-se, não sem resistências, alguns dos valores máximos da humanidade: técnicas, culturas, sociedades e éticas. Este panorama, mais idílico, que ainda permitia horizontes de realização, além do trabalho, foi solapado pela economia de mercado e as oportunidades de consumo. Coisas da história. Outros conflitos.
Hoje, padronizados os processos e, com a maquinaria corporativa projetada para sistemáticos ganhos de velocidade, parece que todo ambiente laboral é pressurizado. Assim, se um dia pedirem para você responder a esta pergunta: - Você consegue trabalhar bem sob pressão? Tome muito cuidado com o que vai dizer. Em primeiro, porque em ambientes organizacionais, comentários vagos costumam ser interpretados como uma promessa. Segundo, porque negativas enfáticas podem gerar suspeitas de falta de comprometimento. Terceiro, porque, se você achar que estão propondo um “desafio” importante para sua carreira, acabará abraçando a situação e seguirá, obrigatoriamente, dizendo sim, sim, sim. Neste último caso, seu futuro bifurca: ou vai ou racha. Conseguirá o bicho-homem alcançar seu destino? Chegará à gerência ou será o próximo a ser descartado, com a desculpa da crise? Neste cenário altamente competitivo e, artificialmente complexo, todo o cuidado é pouco.
Nesta sinuca de bico, a resposta deve considerar outras condições, além de seus sonhos, percepções e competências: sua capacidade para overtime, ambição, tipo físico e resistência psicológica ao burnout. Eis os ingredientes. Nem todos sabem (ou concordam), só que uma empresa existe apenas para gerar lucro, e passa a existência toda pensando nisto. Como a concorrência faz o mesmo, todo mundo acaba exigindo mais dos seus funcionários. Afinal, pessoas são, em média, 80% de uma companhia, e é delas que se obtém a produtividade. Claro que, nas organizações mais avançadas, existem políticas de amortecimento social, planejamento de carreira e benefícios, porque elas sabem que, tratando bem seus colaboradores, terão mais receita e menos custos. Mas não se fiem nisso, pois um abalo global pode mudar as condições gerais. Aliás, o mundo já mudou, enquanto você está lendo este artigo e alguém pode decidir não mais investir em pessoas, e sim, comprar novas máquinas ou terceirizar.
Do ponto de vista das organizações, o importante é a sobrevivência: participação no mercado, redução de custos, aumento de margens e diversificação de ativos. Assim, não necessariamente, quando existe um aumento de carga laboral, haverá a contrapartida na carreira. O foco, nestes casos é a melhoria de eficiência em seus processos internos. E isto é normal. Mas, podemos encontrar complicadores, quando entram em jogo as chamadas superstições corporativas, que são as interpretações subjetivas dos responsáveis acerca de como o trabalho deve ser (ou não) realizado. Muitas vezes, por falta de bom senso, situações bizarras ocorrem, inclusive com efeito reverso (ou perverso), de aumentar os retrabalhos e instabilidade no clima. Aí a pressão sempre aumenta, pois, além da rotina, tem-se que gastar tempo e esforços para corrigir os problemas que, aliás, não precisavam ter sido criados. A cobrança, porém, não pode virar assédio, cabendo ajustes entre as partes envolvidas. É a lei!
Saber disso é importante para a saúde psicológica e afetiva, pois assim é possível evitar (ou minimizar) a frustração e manter a capacidade de análise crítica, que é indispensável para um líder. Além de manter a dignidade e auto-estima, o detalhe precioso que pode fazer a diferença no ajuste na atmosfera ao seu redor é: não tente saber de tudo ou fazer tudo, apenas contribua com seu melhor. Evite cair na armadilha da agitação paralisante, como dizem os doutos. Cada um possui sua maneira de atuar. Ter o respeito devido a estas capacidades, competências e limites, mantém a empresa viva e o profissional sempre produtivo. Regularidade, a longo prazo, é preferível à ilusão da eterna alta performance.
Luís Sérgio Lico é Filósofo e Consultor. Desenvolve Treinamentos e Palestras em Excelência Profissional.
A urgência de resultados sempre foi um motor da evolução humana. Naturalmente, as coisas se davam segundo uma relação intrínseca de necessidade e busca de solução. Neste âmbito, forjaram-se, não sem resistências, alguns dos valores máximos da humanidade: técnicas, culturas, sociedades e éticas. Este panorama, mais idílico, que ainda permitia horizontes de realização, além do trabalho, foi solapado pela economia de mercado e as oportunidades de consumo. Coisas da história. Outros conflitos.
Hoje, padronizados os processos e, com a maquinaria corporativa projetada para sistemáticos ganhos de velocidade, parece que todo ambiente laboral é pressurizado. Assim, se um dia pedirem para você responder a esta pergunta: - Você consegue trabalhar bem sob pressão? Tome muito cuidado com o que vai dizer. Em primeiro, porque em ambientes organizacionais, comentários vagos costumam ser interpretados como uma promessa. Segundo, porque negativas enfáticas podem gerar suspeitas de falta de comprometimento. Terceiro, porque, se você achar que estão propondo um “desafio” importante para sua carreira, acabará abraçando a situação e seguirá, obrigatoriamente, dizendo sim, sim, sim. Neste último caso, seu futuro bifurca: ou vai ou racha. Conseguirá o bicho-homem alcançar seu destino? Chegará à gerência ou será o próximo a ser descartado, com a desculpa da crise? Neste cenário altamente competitivo e, artificialmente complexo, todo o cuidado é pouco.
Nesta sinuca de bico, a resposta deve considerar outras condições, além de seus sonhos, percepções e competências: sua capacidade para overtime, ambição, tipo físico e resistência psicológica ao burnout. Eis os ingredientes. Nem todos sabem (ou concordam), só que uma empresa existe apenas para gerar lucro, e passa a existência toda pensando nisto. Como a concorrência faz o mesmo, todo mundo acaba exigindo mais dos seus funcionários. Afinal, pessoas são, em média, 80% de uma companhia, e é delas que se obtém a produtividade. Claro que, nas organizações mais avançadas, existem políticas de amortecimento social, planejamento de carreira e benefícios, porque elas sabem que, tratando bem seus colaboradores, terão mais receita e menos custos. Mas não se fiem nisso, pois um abalo global pode mudar as condições gerais. Aliás, o mundo já mudou, enquanto você está lendo este artigo e alguém pode decidir não mais investir em pessoas, e sim, comprar novas máquinas ou terceirizar.
Do ponto de vista das organizações, o importante é a sobrevivência: participação no mercado, redução de custos, aumento de margens e diversificação de ativos. Assim, não necessariamente, quando existe um aumento de carga laboral, haverá a contrapartida na carreira. O foco, nestes casos é a melhoria de eficiência em seus processos internos. E isto é normal. Mas, podemos encontrar complicadores, quando entram em jogo as chamadas superstições corporativas, que são as interpretações subjetivas dos responsáveis acerca de como o trabalho deve ser (ou não) realizado. Muitas vezes, por falta de bom senso, situações bizarras ocorrem, inclusive com efeito reverso (ou perverso), de aumentar os retrabalhos e instabilidade no clima. Aí a pressão sempre aumenta, pois, além da rotina, tem-se que gastar tempo e esforços para corrigir os problemas que, aliás, não precisavam ter sido criados. A cobrança, porém, não pode virar assédio, cabendo ajustes entre as partes envolvidas. É a lei!
Saber disso é importante para a saúde psicológica e afetiva, pois assim é possível evitar (ou minimizar) a frustração e manter a capacidade de análise crítica, que é indispensável para um líder. Além de manter a dignidade e auto-estima, o detalhe precioso que pode fazer a diferença no ajuste na atmosfera ao seu redor é: não tente saber de tudo ou fazer tudo, apenas contribua com seu melhor. Evite cair na armadilha da agitação paralisante, como dizem os doutos. Cada um possui sua maneira de atuar. Ter o respeito devido a estas capacidades, competências e limites, mantém a empresa viva e o profissional sempre produtivo. Regularidade, a longo prazo, é preferível à ilusão da eterna alta performance.
Luís Sérgio Lico é Filósofo e Consultor. Desenvolve Treinamentos e Palestras em Excelência Profissional.
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