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Para Aumentar a Produtividade, é Preciso Trabalhar em pé



Por Lucy Kellaway

Acabei de perceber que há algo de errado com minha nova cadeira no escritório. É uma peça imponente de mobiliário chamada "Freedom by Humanscale" e vem com "encostos avançados para os braços" e uma forma engenhosa de equilibrar "a tensão de reclinação" ao meu peso. O problema é que, de tão confortável, não há incentivo para levantar-se em momento algum. Acabei de perceber que passo 12 horas por dia sentada. Em comparação a mim, as pessoas médias - que passam apenas nove horas sentadas - podem ser consideradas bastante ativas.

Até a semana passada, no entanto, essa vida sedentária no trabalho estava lá no fim da minha lista de preocupações, muito mais abaixo, por exemplo, do fato de ter me esquecido de colocar minha consulta com o dentista na agenda. Mas, então, li no blog da "Harvard Business Review" que ficar sentado é o "novo cigarro". Deixa-nos gordos e, depois, nos mata.

A autora, Nilofer Merchant, solucionou o problema realizando reuniões enquanto caminha - ela faz seus parceiros de trabalho percorrerem as ruas com ela. A cada semana, ela caminha entre 30 e 50 quilômetros, o que a deixa repleta de alegria e criatividade. "Se você quiser sair dos limites da mentalidade convencional, precisa literalmente sair dos limites", diz.

Deixando a pieguice de lado, o esquema é ótimo. Caminhar e conversar é algo que até a mais estúpida das pessoas pode fazer. Na verdade, é até mais fácil falar quando se caminha, em especial se o que estiver falando for algum assunto delicado. E a pessoa com quem você fala pode até estar prestando atenção, já que é mais complicado checar e-mails enquanto se caminha.

O contra é que só funciona com duas pessoas: você não pode levar toda uma equipe para caminhar pelas ruas da cidade, a menos que use megafones para ser ouvido em meio ao barulho do trânsito ou que esteja preparado para empurrar os outros pedestres para fora da calçada.

Mesmo sendo uma boa ideia, as reuniões com caminhadas não resolvem meu principal problema com a vida sedentária. O que me preocupa não é a gordura e a morte iminente. É que meu cérebro e força de vontade ficam fragilizados após longos períodos em cadeiras. Não consigo acreditar que seja só comigo: suspeito que os avanços nos móveis de escritório sejam o principal motivo para a produtividade insistir em não melhorar. Com todos sentados tão confortavelmente, nunca há pressa em se resolver nada.

Se ficar sentado é o novo cigarro, a resposta não é amenizar o problema com reuniões em pé ou enquanto se caminha, mas deixar inteiramente de ficar sentado e trabalhar o tempo inteiro em posição vertical. De fato, mesas especiais para ficar de pé estão vendendo como pão quente nos Estados Unidos - uma tentativa de contrabalançar o efeito que o verdadeiro pão quente provoca na cintura. Também ficaram populares as "mesas-elevador", em que você pode optar por ficar de pé ou sentar-se, e as mesas com esteira, em que pode caminhar enquanto trabalha.

Tudo isso, porém, é um tanto caro e um resultado similar pode ser obtido de graça. O primeiro que fiz nesta manhã foi levantar pilhas de livros sobre administração não lidos do chão até a minha mesa (satisfeita em encontrar, enfim, uma utilidade para eles), e posicionar meu teclado e mouse em cima deles.

O efeito foi instantâneo: senti-me mais animada e comecei a atacar as tarefas do dia com urgência. Quando chegou a hora do almoço, já havia avançado em montes de tarefas, sem ter enviado um único e-mail inútil ou desperdiçado tempo no Twitter. Estava tão adiantada que, em vez de sair e comprar um sanduíche para comer na mesa enquanto desperdiçava mais tempo, tive um almoço de verdade com um colega e sentei-me durante abençoados 60 minutos para comer.

Agora, de volta ao meu computador, não sinto nenhuma sonolência pós-almoço, já que é difícil adormecer quando se está de pé. O único desperdício de tempo digno de nota que tive até agora foi ir ao banheiro com mais frequência do que a estritamente necessária; pelo simples prazer de ficar sentada.

O verdadeiro problema com esse novo arranjo vertical são as outras pessoas. Elas não gostam do fato de que eu possa olhá-los por cima, tanto moral como literalmente - e, portanto, também consiga detectar qualquer avanço em seus pontos de calvície. Também estou ficando cansada de dizer a todos os que passam pela minha mesa: "Não, não machuquei minhas costas. E o motivo pelo qual estou com meu pé esquerdo sobre a Harvard Business Review é porque essa perna é mais curta que a outra". É claro, sinto-me terrivelmente desconfortável. Estou com dor na panturrilha direita e nas solas dos pés, mas tenho certeza que vai passar com o tempo.

Charles Dickens escreveu, em pé, cerca de 20 livros, com mil páginas cada um. Ernest Hemingway também escrevia em pé, assim como Vladimir Nabokov. E, até onde sei, nenhum deles teve varizes, arteriosclerose carotídea ou qualquer outro dos males sobre os quais alertam os médicos. Sim, Hemingway matou-se com um tiro, mas não acho que seu principal problema fosse ficar na vertical. 


Fonte da imagem: Clique aqui





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