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Qual é o Melhor Conselho Que Recebeu?


Por Marcelo Nakagawa

O empreendedorismo tem muitas meadas, mas uma delas tem este fio: Mark se aconselhava com Steve que se aconselhava com Larry que se aconselhava com Don que se aconselhava com William que se aconselhou com amigos quando fundou, em 1959, a Draper, Gaither & Anderson (DG&A), primeira firma de venture capital do Vale do Silício.

William Henry Draper Jr já tinha se aposentado quando decidiu mudar para Palo Alto, na Califórnia, para investir em tecnologias geradas pela Universidade de Stanford, afinal iniciativas parecidas já vinham dando um bom retorno na Universidade de Harvard e no MIT. Vai que dá certo?

Draper contratou o Don Lucas, que rapidamente se tornou sócio da firma. Em 1966, todos na DG&A já tinham ganhado um bom dinheiro e Draper se aposentou novamente, aconselhando o jovem Lucas a seguir seu próprio caminho.
Lucas continuou seu trabalho como investidor e passou a prestar atenção nos jovens que alugavam uma pequena sala na parte debaixo do prédio onde ficava seu escritório.

Mesmo não entendendo direito o que faziam, passou a dar conselhos ao jovem fundador da empresa, Larry.
Larry Ellison gostou tanto de Lucas que o nomeou presidente do conselho de administração, cargo pomposo para uma startup que tinha o estranho nome de oráculo.

E a Oracle cresceu e a fama de gênio indomável do seu fundador também. Poucos ousariam contatar Ellison diretamente, mas Steve Jobs passou a pedir seus conselhos sempre que tinha que tomar grandes decisões e também o convidou para ser membro do conselho de administração da Apple.

Da mesma forma, poucos ousariam pedir conselhos ao também egocêntrico co-fundador da Apple, mas Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, era um destes poucos e até hoje agradece os conselhos de Jobs sobre como manter o foco, desenvolver uma grande equipe e produtos de alta qualidade.

Mas não deu tempo para Zuckerberg convidar Jobs para o conselho de administração do Facebook.

Mas o fio desta história não está nos livros e nem na cabeça dos professores e consultores de empreendedorismo. Este fio é a generosidade na divisão daquilo que os empreendedores têm de mais valioso: a sabedoria.

Um sábio tradicional classificaria a sabedoria empreendedora como ingenuidade ou mesmo imprudência.

Não ter sucesso em 10 mil tentativas é uma prova irrefutável de fracasso para o sábio tradicional, mas para Thomas Edison só foram 10 mil descobertas de como aquilo não funcionava.

Escolher qualquer cor desde que seja preta pode ser classificado como um erro para o sábio tradicional, mas era a única cor tecnologicamente disponível para que Henry Ford conseguisse pintar seus carros com apenas uma demão de tinta e assim mantivesse a altíssima produtividade da sua fábrica de automóveis.

Há poucos meses, Wilson Poit, empreendedor da Poit Energia e membro do conselho da Endeavor no Brasil, veio dar uma palestra para a minha classe.

Como sei que a Endeavor atua fortemente por meio de conselheiros, perguntei com quem ele se aconselhava e qual tinha sido um dos melhores conselhos recebidos.

Dentre os vários empreendedores que mencionou, citou o conselho de Jorge Paulo Lemann como um dos melhores que recebeu.
Curiosamente, o conselho também é o nome do barco de Lemann: Vai que dá! Quando estiver em dúvida em algum negócio, vai que dá! Sábios tradicionais pensariam vai que dá m... Mas sábios empreendedores acreditam no vai, que dá certo!


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