por Fernando Lucena
Se você é proprietário, supervisor ou gerente no varejo, já deve ter sido abordado por um conhecido que lhe pediu um determinado favor, como um emprego para alguém que estava precisando trabalhar, não é verdade?
Geralmente, o pedido vem acrescido de adjetivos e de certa carga de emoção do tipo: “Olha, resolvi apelar para você. Tenho uma pessoa que necessita de emprego. É honesta, não tem experiência, mas precisa muito trabalhar... Ela aceita qualquer coisa, até vendas!”. Essa doeu! Até vendas?
Com isso, nem sempre quem procura trabalhar no varejo está querendo construir carreira ou se dedica aos objetivos da empresa. Geralmente, os candidatos não procuram se profissionalizar previamente, mesmo com os diversos recursos disponíveis hoje em dia, como seminários especializados, internet, revistas, etc. Ou seja, a qualidade da mão de obra se torna precária e de difícil escolha.
Por isso, é preciso melhorar o processo de procura e escolha de candidatos urgentemente. Primeiramente, entenda que talentos ou excelentes profissionais não são difíceis de encontrar. São difíceis de encontrar rápido. Portanto, o processo de recrutamento deve ser proativo, e não reativo.
O problema não é só a falta de talentos. É o seu processo que está lento! Acelere, pois o mercado não vai esperar você – e ficar para trás hoje em dia nem sempre tem salvação.
Além disso, o empregador vai se tornando menos seletivo e pode começar a usar a infeliz síndrome da compensação: “Fulano não vende bem, mas, em compensação, é de confiança”.
Esteja sempre atento e procure talentos, até mesmo em outros ramos, pois não existe algo em seu negócio que não possa ser ensinado. O candidato precisa apenas ter vontade, gostar de pessoas e sorrir com facilidade. O restante a empresa poderá ensinar e desenvolver.
Observar talentos é levar em conta mais que experiência anterior na função e conhecimento técnico ou do produto. É comportamento, atitude, brilho nos olhos.
Na hora da entrevista, considere que você pode não ser um profissional de RH e precisa entender alguns conceitos básicos. São eles:
Recrutar e selecionar faz parte do trabalho do gestor e não deve ser delegado (totalmente) à pessoa alguma. Assuma a responsabilidade sobre o fato de construir uma equipe que faça a diferença.
Quanto mais entrevistas, melhor. Você tem uma bola de cristal? Não? Então sua experiência vai ter de ajudar.
Conheça a pessoa, e não o candidato. Procure identificar a personalidade dela e como irá agir com seus clientes.
Tome cuidado com os candidatos profissionais. Portanto, evite perguntas manjadas e/ou questões subjetivas.
Evite arriscar por preguiça de continuar procurando. Nem sempre os candidatos estarão disponíveis aguardando seu chamado.
Escute sua intuição, mas alie o cérebro a ela. Selecionar candidatos não é uma ciência exata, porém merece atenção e metodologia.
Eu sempre digo para meus clientes, principalmente no seminário sobre atração e retenção de talentos, que não existem candidatos prontos. Mesmo aqueles com experiência podem precisar de lapidação. Costumo sugerir o seguinte: contrate devagar e demita rápido.
O varejo moderno é rápido e exige a mesma velocidade de seus integrantes. Não dá para competir se o seu profissional “tá” lento, se sua loja “tá” lenta ou se sua iniciativa “tá” lenta. Quem sabe já não está na hora de preparar o banco de talentos para o Natal? Ou você vai esperar novembro chegar?
Uma boa equipe de funcionários temporários pode originar um ótimo grupo para o ano novo. Pode ser uma dose de ânimo para seus clientes, que encontrarão novos talentos que os encantam e fazem com que eles comprem mais e mais vezes em sua loja.
Fernando Lucena é presidente e principal consultor do Grupo Friedman. É renomada autoridade em gerência e vendas no varejo.
Fonte: Revista Venda Mais
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