E por que sentir isso é bom
O escritor e consultor Clay Shirky lembra-se de longos momentos de enfado na juventude, até que a internet chegou e pôde entretê-lo, por exemplo, às 4 horas da madrugada. Ele diz ter exultado, mas, com o tempo, percebeu que perdera algo: o alto valor do tédio. Entediar-se, diz Shirky, permite fazer um diagnóstico sobre o fosso entre o que você almeja e sua atual situação. Mas entediar-se na era digital pode ser um ato de disciplina: hoje ficarei olhando pela janela durante algum tempo. Assim como parar e ler um livro, pois o que antes era um hábito comum hoje exige um certo esforço.
Em seu blog, Nicholas Carr somou-se à defesa do tédio. Fugimos dele porque significa a falta de estímulos motivadores, mas é justamente a dor provocada por essa sensação que nos impele a agir, abrindo caminhos para novas descobertas, afirma. A internet e todos os gadgets digitais viraram uma forma de contornar a dor do tédio, preenchendo cada minuto com chats, fóruns, tweets, downloads e notícias, mas ao mesmo tempo bloqueiam qualquer ação para superar o fosso. Isso pode ser perigoso para todos, sobretudo para as crianças, que, na ausência do impulso do tédio, talvez nunca descubram o que é mais importante para suas vidas. Porque o tédio permanente é tão ruim quanto a falta de tédio permanente.
Fonte: Época Negócios
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