Advertisement

Responsive Advertisement

Inovação no Brasil x Inovação no Mundo

A transformação de conhecimentos novos em resultados sustentáveis

Filipe Cassapo 

A Inovação tem sido destacada como a grande força propulsora e renovadora das empresas e, consequentemente, do crescimento sustentável das nações. O fato de “fazer diferente” é reconhecido por todos como algo que proporciona uma posição de destaque junto aos clientes, fornecedores e a sociedade, gerando, com isso, valor econômico para as organizações. 

Mais do que uma intuição, inovar é a chave do crescimento sustentável. Um estudo realizado em 2005 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) com 72 mil empresas brasileiras com mais de dez funcionários demonstrou que, apesar destas empresas representarem apenas 1,7% da indústria, as que investem em inovação são responsáveis por 25,9% do faturamento industrial no Brasil, e por 13,2% do número total de empregos gerados no país. 

Inovar, pragmaticamente, é transformar ideias novas em resultados sustentáveis, ou seja, consiste no justo equilíbrio entre criatividade e processos para geração de valor. Em termos de criatividade, o Brasil tem um diferencial oportuno em comparação com outros países. É, ao mesmo tempo, o país da biodiversidade e da etnodiversidade. É uma nação multicultural e linguisticamente unida - diferente da Europa, por exemplo -, em que o respeito e admiração da diferença, de forma geral, prevalecem. Por outro lado, o Brasil tem, também, um enorme desafio, que consiste na própria inserção efetiva desta diversidade no contexto organizacional. Para mencionar um único e bastante revelador dado, no Brasil, menos de 27% dos cientistas atualmente trabalham em projetos ligados a empresas. Nos Estados-Unidos, país que viu nascerem empresas como Cisco, Xerox, Google, Apple, Facebook, entre outras grandes marcas, 80% dos pesquisadores são inseridos em trabalhos empresariais. Na Correia do Sul, que acelerou de forma exemplar seu crescimento nas últimas duas gerações, este mesmo número é de 77%. 

O Brasil tem um cenário empreendedor interessante que o coloca como país de destaque no mundo. Porém, este destaque está mais ligado ao tamanho da população empreendedora do que pelo planejamento empreendedor. Infelizmente por aqui essa atividade ainda acontece mais no sentido de um da necessidade e não de oportunidade, e com muito pouco conteúdo inovador. 

Os dados da PINTEC (Pesquisa de Inovação Tecnológica) coletados pelo IBGE, demonstram que o protagonismo privado nos investimentos em inovação e, consequentemente, na cultura do risco como contrapartida da oportunidade, ainda é baixo. Efetivamente, a porcentagem total de investimentos privados em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) no Brasil é de 0,55% do PIB, contra 1,87% nos Estados Unidos e 2,45% na Correia do Sul. 

Naturalmente, não se deve utilizar de tais dados para autenticar que o país estacionou a inovação. No Paraná, por exemplo, tem se incentivado e verificado um esforço cada vez maior de desenvolvimento da inovação por meio de parcerias. Redes internas e externas de parceria, que decorrem do incentivo ao trabalho interno em rede (potencializado pela chamada web 2.0), e pela busca constante pela aproximação de empresa-empresa, universidade-empresa, ONG-empresa e governo-empresa, têm sido decisivas para o fortalecimento da cultura de empreendedorismo inovador no Estado. 

Entre os esforços que estão propulsionando o Paraná em termos de referência para o Brasil em inovação, e que tem despertado o interesse de outros países, está a iniciativa da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), com a criação do C2i - Centro Internacional de Inovação (www.c2i.org.br). A abordagem do C2i para acelerar o desenvolvimento do setor produtivo do Estado, consiste em propor que “inovar é transformar conhecimentos novos em resultados sustentáveis”, e que a gestão da inovação está na “capacidade sistemática e estratégica de inovar”. Apontando, portanto, para dois pilares essenciais e em constante equilibro desta disciplina: a Cultura da Inovação, e os Processos de Inovação. 

Filipe Cassapo é especialista em gestão da inovação e diretor executivo do C2i - Centro Internacional de Inovação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) filipe.Cassapo@fiepr.org.br

Postar um comentário

0 Comentários