Como os empreendedores podem aproveitar os movimentos da economia para faturar mais e proteger seus negócios
Por Priscila Zuini
Quase sempre no começo do ano as pessoas fazem promessas para uma nova fase. Com as empresas, a coisa não poderia ser diferente. Cuidar mais das finanças, contratar um novo funcionário e crescer estão estre as resoluções de ano novo dos empreendedores.
Para isso tudo dar certo, é preciso contar com a ajuda da economia. “2012 indica um ano bastante complicado na economia mundial. A crise europeia parece que não tem perspectiva de curto prazo para ser resolvida. Mesmo assim, isso é uma belíssima oportunidade de avanço da economia brasileira”, opina Adriano Gomes, professor de finanças no curso de Administração da ESPM.
Mas nem tudo são boas notícias. “Não é porque mudou a folha do calendário que os problemas mudam. O empresário da pequena empresa é um herói que luta contra um conjunto de adversidades no campo burocrático e fiscal”, diz Gomes.
Para Otto Nogami, professor de economia do Insper, alguns cuidados independem do cenário econômico. “Existe um conjunto de medidas que de alguma maneira protege os empreendedores, como focar no cliente e não se endividar”, diz. Confira a seguir sete pontos cruciais para o seu negócio dar certo neste ano.
1. Observe a inflação
A projeção dos especialistas para este ano é que a inflação continue fora da meta, mas ainda dentro do teto de 6,5%. Pressionada pela taxa de juros, a inflação eleva o custo do dinheiro e faz tudo ficar mais caro. “Há uma perspectiva clara de queda na taxa de juros. Isso seria fundamental porque tiraria uma pressão existente na inflação brasileira”, diz Gomes.
Já com uma pequena queda, aumenta a chance do crédito ficar mais barato. “A queda na inflação causa o barateamento do custo financeiro da empresa”, explica Gomes.
Mesmo assim, todo cuidado é pouco. Com os preços mais altos, o poder de compra do consumidor diminui e quem comercializa itens que não são essenciais pode ter problemas. “O poder de compra tende a cair cada vez mais e isso exige um rearranjo da estrutura de consumo. Muitas vezes, o produto do pequeno e médio empresário entra na lista dos descartáveis”, ressalta Nogami.
2. Proteja-se do câmbio
Os economistas esperam que o câmbio permaneça na casa de R$ 1,70. “O câmbio não deve sofrer qualquer tipo de mudança brusca”, opina Gomes. Mesmo assim, as empresas que importam ou exportam devem, sempre que possível, fazer uma blindagem contra possíveis movimentações. “Nunca é demais recorrer à profilaxia do cambio: usar instrumentos financeiros para não padecer com as movimentações do dólar”, diz o professor de finanças da ESPM. A orientação é fazer uma proteção cambial, ou hedge cambial, que funciona como um seguro contra as oscilações bruscas da moeda.
Por outro lado, a inflação pode fazer a taxa de câmbio subir e deixar o produto importado mais caro por aqui. “Isso abre perspectiva de exploração de uma oportunidade de mercado”, diz Nogami.
3. Conheça os números do negócio
Para saber como sua empresa vai reagir com os movimentos da economia, os especialistas recomendam conhecer bem os números essenciais do negócio. “Precisa ter controles internos confiáveis: de estoque, de compras e de pagamentos”, diz Gomes.
Segundo o professor da ESPM, uma empresa é uma forma de rentabilizar o capital investido. “Quando você não conhece o que foi aplicado e quanto custou, não sabe se o negócio é interessante”, explica. Custos, preços, capital de giro, rentabilidade, lucratividade e risco financeiro do negócio são informações essenciais.
4. Controle custos
Em tempos de crise, o melhor é controlar custos. “A gente sempre alerta que custo deve ser uma preocupação sempre presente. Em época de crise, isso é fundamental”, recomenda Nogami.
Preste atenção principalmente nos custos fixos. Quanto menor, melhor. “Quando os custos fixos são menores, a empresa consegue ter um ponto de equilíbrio sempre mais baixo e isso torna o negócio menos suscetível às movimentações de mercado”, explica o professor do Insper.
5. Atente para preços e estoque
Depois de controlar custos, saber precificar o seu produto é essencial para a empresa ser saudável. “Em alguns casos, como os produtos essenciais, não é recomendado fazer promoções na ilusão de que vai aumentar a lucratividade”, alerta o professor do Insper. Outra recomendação para tempos de crise é manter o menor estoque possível. “Em determinados momentos, o empreendedor vai precisar de recursos líquidos. Vender o estoque para fazer caixa compromete a margem”, diz.
6. Foque no mercado interno
Com a perspectiva de que a crise na Europa continue, este pode ser um bom momento para focar no mercado brasileiro. “Os consumidores estão aqui. Creio que tem um celeiro de oportunidades para investimento, mas o mercado interno requer muito trabalho. Tem que suar a camisa para chegar a outros locais dentro do Brasil”, ensina Gomes.
Para Nogami, independente do cenário econômico, o cliente deve vir sempre em primeiro lugar. “Foque no cliente. Para isso, é preciso conhecer o mercado em que atua, saber qual o posicionamento do seu produto neste mercado e conseguir vislumbrar o que o consumidor deseja”, define.
7. Não tenha dívidas
Segundo Nogami, muita gente ainda acha que crescer é uma forma de se preparar para enfrentar momentos de crise econômica. “Em momentos de crise, tem que procurar posicionamento adequado, não grandioso, e se sustentar sem buscar capital de terceiros”, ensina.
Por isso, a orientação é não fazer dívidas. “Tenha a preocupação de crescer de maneira sustentável. Uma hora as dívidas acabam prejudicando o patrimônio pessoal do empreendedor”, alerta o professor do Insper.
Fonte: exame.abril.com.br
Fonte da imagem: gettyimages
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