Então aprenda a ser liderado!
Silvana Piñeiro Nogueira
Neste mês me deparei com várias palestras e artigos que abordavam mais ou menos o mesmo assunto: em uma empresa existem, em média, quantos líderes para quantos liderados? Não tenho dados para responder a essa pergunta, mas uma coisa eu posso garantir: todos nós queremos ser líderes pelo menos uma vez na vida.
Uma pesquisa realizada pela Page Personnel, em agosto deste ano, com cerca de 200 jovens profissionais entre 26 e 30 anos, mostrou que 60% dos entrevistados se consideram aptos a ocupar um posto de liderança. Dentre as justificativas para tal, estão espírito de liderança, empreendedorismo, relacionamento interpessoal e ambição.
A pesquisa chama atenção, pois os entrevistados não mencionam que aprenderam a ser liderados para, então, saberem liderar equipes. Hoje, a valorização do crescimento profissional vertical pelo mercado e, até, pela mídia faz com que sejam realizadas promoções erradas, colocando em postos estratégicos gestores que não aprenderam a serem líderes ao longo do tempo. Afinal, esta é uma habilidade que não é ensinada nas universidades, mas desenvolvida durante a carreira profissional.
A vontade de evoluir, obviamente, é benéfica e é o motor para as pessoas almejarem sempre mais, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Entretanto, vemos por outra pesquisa, desta vez realizada pela consultoria de gestão de pessoas DBM, com 770 executivos de diversas áreas, que 45% deles não pretendem passar mais do que três anos em suas organizações. Na área financeira, a situação é ainda mais crítica, chega a 58%. Dentre os motivos, está a falta de perspectivas e desafios oferecidos pelas empresas. Diante desse cenário, é possível perceber que há uma diferença entre a ambição de chegar ao cargo de liderança e a satisfação de estar nele. Talvez porque quando chegam lá, os profissionais descobrem que têm dificuldades para mobilizar e motivar a sua equipe ou tomar decisões estratégicas ou ainda diminuir o turnover e aumentar a produtividade de seu setor. Essas são situações que exigem estudo profundo da situação, maturidade, experiência, discernimento e segurança. Habilidades que, em muitos casos, o líder não teve tempo nem destreza para desenvolver ao longo do seu percurso como liderado.
Antes de pensar no cargo de liderança, o profissional deve desenvolver a sua capacidade de escutar e ouvir o que o grupo está expondo, deve ajudar o colega a encontrar as soluções para os impasses do cotidiano, deve estar concentrado no contexto geral de sua organização, desenvolver relacionamentos em todos os setores da empresa e, por fim, acreditar e mostrar com ações do que é capaz como líder.
Afinal, todo líder quer uma equipe ambiciosa, motivada e cheia de iniciativa, mas para isso, os liderados precisam de um gestor seguro de si, de suas atitudes e que saiba comunicá-las com propriedade. Por outro lado, a fim de evitar erros e até comprometer uma carreira de sucesso, é preciso que os responsáveis pelas promoções estejam treinados para identificar os profissionais realmente prontos daqueles que são ambiciosos, mas ainda precisam ser lapidados. A diferença é tênue, porém, em uma organização, os resultados de uma má avaliação profissional e a escolha de um líder despreparado podem gerar consequências importantes e, até, prejuízos na produtividade.
Artigo escrito por Silvana Piñeiro Nogueira, assessora de imprensa especializada em comunicação empresarial e diretora da Smartcom – Inteligência em Comunicação.
Fonte: Revista Competência
Fonte da imagem: gettyimages
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