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Dê Adeus Aos Problemas Financeiros II

Furos no caixa, falta de capital de giro, preços errados, custos altos, investimentos exagerados e inadimplência. É possível, sim, resolver - e melhor, evitar - as armadilhas que fazem com que 74% dos negócios não sobrevivam, segundo dados do Sebrae. Seis especialistas em finanças e 20 empresários de sucesso apontam soluções para perguntas que vieram de todo o país e também podem valer para você.

por Sérgio Tauhata, com a colaboração de Thiago Cid


MEU PROBLEMA > FLUXO DE CAIXA


"Após alguns meses de funcionamento, as vendas caíram e fiquei sem reserva financeira até para pagar o aluguel. O que fazer quando falta dinheiro para operar?"

Marco Aurélio Vitorino, 25 anos, sócio da imobiliária Terra Sul, de Campo Largo (PR)


O QUE FAZER PARA CONTROLAR O FLUXO DE CAIXA

> Atualizar as informações de recebimentos e gastos todo dia. Esse acompanhamento do movimento financeiro permite ao empreendedor saber quais são seus recursos e como são empregados.

> Definir as metas de vendas com critérios claros. Ou seja, com base em pesquisas de mercado, número de concorrentes ou na própria base histórica.

> Projetar recebimentos futuros, como vendas a prazo, novos contratos e crescimento de receita, e desembolsos, como amortizações, impostos, contas, salários e despesas operacionais. Conhecer essa dinâmica é essencial para decidir sobre compras, racionalização de custos e investimentos.

> Comparar o fluxo projetado com o realizado. Esse procedimento ajuda a avaliar se as metas que foram definidas são realistas. Além disso, os dados são úteis para identificar vulnerabilidades e criar estratégias de crescimento para a empresa.

> Investir as sobras de caixa em títulos financeiros ou destinar o dinheiro extra ao capital de giro.

> Identificar momentos de caixa mais baixo para planejar possíveis ações de contingência, como promoções, vendas à vista com desconto de produtos parados em estoque, ou ainda o reforço antecipado do capital de giro.


AS SOLUÇÕES DE QUEM SABE COMO SUPERAR A DIFICULDADE

HAROLDO MOTA, 51 ANOS, PROFESSOR DE FINANÇAS DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL

COMO EVITAR O PROBLEMA

"O empreendedor deve colocar no papel metas realistas. Por exemplo, a de conseguir um novo cliente por mês. Planejar as ações para alcançar essas projeções é uma maneira de saber se elas são pragmáticas. Se não conseguir traçar um caminho claro até a realização, então talvez esses números expressem apenas entusiasmo. Depois, ao calcular o fluxo de caixa mensal, ele irá comparar os recebimentos e os gastos reais com os projetados e poderá fazer ajustes no seu planejamento."


COMO RESOLVER O PROBLEMA

"Um bom começo é a modelagem do fluxo de caixa, ou seja, detalhar cada entrada de dinheiro e cada gasto, da compra de material para escritório à amortização de empréstimos. Isso obriga o empresário a ter uma perspectiva mais objetiva da operação. Por exemplo: qual a consequência de diminuir meu preço em 5%? Vou ganhar em volume? As receitas são recorrentes ou a empresa às vezes passa meses sem ganhar nada? Os custos fixos podem ser menores? É preciso também renegociar as condições de pagamento das dívidas para que não causem um fluxo de caixa negativo. Pensar em um conjunto de soluções para cada ponto vulnerável ajuda a traçar um planejamento para voltar a uma situação financeira confortável."

MARCELO ALECRIM, 44 ANOS, DONO DO GRUPO ALESAT

"É preciso velocidade para corrigir os rumos da empresa. Estabelecer metas de curto prazo para o fluxo de caixa ajuda a identificar e enfrentar um problema no início. Quando você deixa a dificuldade prosperar, pode perder anos até conseguir se equilibrar de novo."

MAURÍCIO EUGÊNIO, 42 ANOS, DONO DO GRUPO EUGÊNIO

"Por inexperiência, o empreendedor tende a prestar pouca atenção a situações que podem comprometer o fluxo de caixa no começo do negócio, como o número reduzido de clientes e o descasamento entre o pagamento das despesas e o recebimento das receitas. Se for recorrer a empréstimos para cobrir os buracos, tem de trabalhar com horizonte de curtíssimo prazo. Então é necessário fazer um planejamento detalhado de sua capacidade de honrar os compromissos sem comprometer o lucro e a capacidade de continuar investindo. Esse é o limite para recorrer à ajuda financeira. Mas, se o negócio já se tornou deficitário, o melhor que o empreendedor tem a fazer é não entrar em dívidas. É preciso realizar uma análise profunda: o produto ou o serviço podem ser melhorados? Além de cortar custos, é possível conseguir novas receitas, com aumento de vendas ou novos serviços?"

ALEXANDRE TADEU DA COSTA, 39 ANOS, DONO DO GRUPO CACAU SHOW

"Lembro-me daqueles primeiros anos, quando era um garoto de 17 anos que não tinha acesso a crédito e precisava me virar para fazer a empresa crescer. Quando você não tem, precisa cuidar ainda mais. Aprendi a olhar cada custo, cada gasto, e a negociar com os fornecedores. São esforços que você faz quando tem uma meta clara. É melhor subir um degrau de cada vez. Tem empreendedor que usa a receita da empresa para financiar a vida pessoal. Quando entra o dinheiro tem de reinvestir, para poder comprar mais material e em condições mais favoráveis."

LITO RODRIGUEZ, 42 ANOS, DONO DA DRY WASH

"Seis anos atrás, no pico do nosso crescimento, é que o problema apareceu. Estávamos gerando resultado negativo. O faturamento crescia, mas as despesas cresciam mais ainda. Me senti sobrecarregado. Nesse momento, o empresário tem de ser humilde e cercar-se de gente que resolva os problemas melhor do que ele. Descobrimos que o serviço não era padronizado, que havia desperdício e funcionários sem preparo. Cortamos os integrantes mal qualificados, trouxemos novos profissionais e fundamos uma academia de formação. Criamos a base para sustentar o nosso crescimento."




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