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A Conquista Feminina em Cargos de Gestão

Caio Lauer



A última década foi marcante para as mulheres no mercado de trabalho: elas dobraram sua participação em cargos de presidência, diretoria e gerência de empresas e já ocupam quase metade dos postos de coordenação. O mais recente levantamento da Catho Online, realizado em fevereiro deste ano com 101.369 empresas listadas, traz dados expressivos: hoje, essas profissionais representam 21,88% dos cargos mais elevados (presidentes e CEOs), sendo que eram apenas um pouco mais de 10% há 13 anos.

A educação pode ser uma das explicações das mulheres estarem conquistando o mercado de trabalho. O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, mostrou que a escolaridade média das pessoas do sexo feminino em áreas urbanas é de 9,2 anos. Já a dos homens não passa de 8,2 anos de estudo. “Preconceitos existem e superamos com trabalho e preparo. Concluí meu mestrado com 23 anos e fiz um segundo, primeiro na área de marketing e depois na administrativa. Hoje, estou tentando fechar meu doutorado”, relata Sheyla Rocha, diretora de negócios do Gad’Retail, empresa que oferece soluções de inteligência estratégica de varejo com foco na experiência de marca. Sheyla diz que preparo, foco e bagagem fazem a mulher decolar e superar qualquer barreira.

Um outro fato de destaque é que as mulheres são promovidas mais rapidamente que os homens. Elas conquistam cargos mais elevados, em média, três anos antes. Qualificadas, elas estão hábeis para disputar postos de trabalho com os homens em condições de igualdade. “Noto que conforme a mulher demonstra a sua capacidade, desenvoltura e segurança profissional, ela vai realmente conquistando essa receptividade. Isso é notório, e pelas áreas que dou consultoria percebo que ela ganha espaço pela credibilidade da sua competência”, observa Dilza Franchin, consultora e conselheira da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de São Paulo. Dilza acredita que existem áreas que são mais resistentes à entrada do sexo feminino. “Às vezes a mulher tem muito mais dificuldade, por estar possivelmente ocupando o lugar de um homem que está na mesma linha e nível na corporação”, completa.

Além de ganhar cada vez mais campo no universo corporativo, a mulher tem diversos outros compromissos na vida pessoal. A principal dificuldade que encontram hoje para assumir cargos de direção e gestão, é a questão da conciliação da vida particular com a profissional. Um dos grandes desafios é harmonizar toda a responsabilidade profissional com a família. “É dar conta da casa, da família e estar tudo a contento. Olho e está tudo caminhando bem com os filhos, no casamento e na casa. Dá uma satisfação muito grande, porque são muitos desafios”, opina Leda Blagevitch, diretora de novos negócios da Asyst International, multinacional brasileira de gestão e operação de Tecnologia da Informação. Sheyla Rocha reforça: “as pessoas pressupõe que a mulher tem que conciliar a vida pessoal com a profissional, e podemos fazer as duas coisas bem, não abrindo mão de uma coisa para outra”.

Os índices de contratação de mulheres para cargos mais elevados são para todos os portes e perfis de empresas, porém elas continuam recebendo salários inferiores aos dos homens, segundo o estudo da Catho Online. Atualmente, para cargos de gerente e diretor, por exemplo, os homens ganham 11% a mais que as pessoas de sexo feminino.


Quebra de paradigmas


Hoje em dia, vemos as mulheres em áreas estritamente masculinas como ciências biológicas, computação e engenharia, por exemplo. A consultora Dilza Franchin avalia: “a mulher é analítica, detalhista, organizada e tem uma visão mais abrangente das coisas, talvez pelas suas funções tão diferenciadas, de ocupar tantos papéis, sociais, profissionais e familiares”. De acordo com Dilza, a mulher também tem uma sensibilidade diferente e um olhar de percepção um pouco mais aguçado. “A mulher sentiu o gosto da liderança e do poder de decisão. Estudamos tanto e seria um absurdo não usarmos toda a preparação que é feita. De fato, eu nunca me senti ou me portei como minoria, embora sempre tenha sido. Sempre entrei em salas onde 14 ou 15 cadeiras eram ocupadas por homens e eu, a única mulher. E é assim até hoje”, aponta Leda Blagevitch.

Uma das chaves para a manutenção e conquista desses cargos nas áreas de chefia é a capacidade que as mulheres têm de lidar com desafios e transformá-los em oportunidades. “Conseguimos superar os paradigmas psicológicos e sócio-culturais e temos que usar em nosso favor tudo aquilo que a mulher tem de característica própria. Sensibilidade, percepção, análise mais detalhada e mais apurada, utilizo muito no meu dia a dia e faz a diferença”, diz Sheyla Rocha. Leda Blagevitch finaliza: “achar o equilíbrio é o grande divisor para qualidade de vida e para dar conta de saúde mental, física, financeira e familiar”.


Fonte: A conquista feminina em cargos de gestão – Mulher - Jornal Carreira e Sucesso

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