Na abertura da Semana Época NEGÓCIOS de Carreira apresentamos as carreiras e os setores da economia mais promissores do ano
Soraia Yoshida
Procuram-se engenheiros, gestores e desenvolvedores de negócio
O número de anúncios como este (não escrito dessa maneira) aumenta exponencialmente nas agências e consultorias de Recursos Humanos do país. E não sem motivo. Com a economia aquecida e o Brasil apostando em grandes projetos como o pré-sal, há uma demanda crescente por profissionais da área de Óleo e Gás, Tecnologia da Informação (TI) e Comunicação. A disputa por profissionais é grande. E se o candidato preencher os requisitos de competências - como flexibilidade e iniciativa - é emprego praticamente garantido. A remuneração também tem ficado mais atraente. "As pessoas que têm todas as características que o mercado procura, certamente vão ganhar mais, porque as empresas precisam reter seus talentos", diz Rodolfo Eschenbach, líder da área de Talentos e Performance para América Latina da Accenture.
"Os dados da economia são muito promissores", afirma Glaucy Bocci, gerente de negócios e referência local para prática de liderança e talento da consultoria de RH Hay Group. “O Brasil é o país onde as coisas estão acontecendo, onde estão as oportunidades. Então, é claro que as empresas querem apostar suas fichas por aqui, o que deixa o mercado profissional aquecido”.
De longe, a área de Óleo e Gás deve se destacar como celeiro de oportunidades. “O pré-sal vai gerar necessidades de conhecimento que até pouco tempo não existiam”, diz Vicente Picarelli Filho, sócio e líder da linha de serviços de Consultoria em Gestão de Capital Humano da Deloitte. Tudo no pré-sal é superlativo: a exploração do pré-sal vai precisar de 40 navios-plataforma (FSPOs) e somente a descoberta da reserva de Libra, na Bacia de Santos, pode gerar até 15 bilhões de barris de óleo. São oportunidades para engenheiros, técnicos e especialistas em análise. “Vamos precisar de engenheiros e geólogos, mas também de profissionais para lidar com os elementos químicos que são uma necessidade de áreas que fazem parte da cadeira produtiva do petróleo”, diz Picarelli.
As multinacionais e grandes empresas não vão deixar passar essas oportunidades, o que sinaliza um mercado aquecido durante muitos anos. “Há espaço para crescer e se desenvolver não apenas nas posições de gerência geral e diretoria, mas também de coordenadora, análise e engenharia de projetos”, afirma Adriana Cambiaghi, gerente sênior das divisões de Marketing e TI da Robert Half.
Outro setor aquecido é de geração e transmissão de energia elétrica. Somente no primeiro semestre do ano estão previstos três leilões de hidrelétricas, além do início de construção da usina de Belo Monte, no Xingu. No Paraguai, empresas brasileiras disputam a licitação de uma subestação de Itaipu. O país tem conhecimento difundido na construção e geração de energia a partir de usinas hidrelétricas, mas agora há outras possibilidades, como energia eólica, que demandam diferentes tecnologias.
A Copa é nossa
Ao crescimento do país – previsto para algo entre 4,50% e 5% este ano – somam-se os eventos pontuais, como Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada de 2016, movimentando os setores de infraestrutura, varejo e serviços.
As grandes redes hoteleiras estão em plena expansão. Dos 15 hotéis construídos pela Accor na América Latina nos últimos dois anos, nove estão no Brasil. O Ibis anunciou em dezembro a inauguração de 51 hotéis no país até 2015. “Somente na chamada rota do petróleo, na Baixada Fluminense, estão sendo construídos 11 hotéis”, diz Jacqueline Resch, sócia-diretora da consultoria Resch Recursos Humanos. “Se você pensar ainda na necessidade de aeroportos, rodovias e portos, já se pode prever uma demanda enorme por engenheiros especialistas, engenheiros mecânicos. Em áreas de hotelaria e eventos, vamos precisar de tudo, pessoas com formação prática e teórica.”
O aumento de renda da população fez disparar o consumo interno no ano passado, marcando recorde na venda de veículos, que cresceram praticamente 12% frente a 2009. O varejo cresceu 8,25%. Para chegar ao consumidor, as empresas procuram profissionais de marketing capazes de entender o produto, assimilar rapidamente as mudanças do mercado (marcado por fusões e abertura de capital) e que saibam lidar com novas tecnologias.
“As empresas estão passando por grandes transformações, como fusões e reestruturações e precisam pensar em sinergia para se fortalecer”, afirma Adriana Cambiaghi, da Robert Half. O mesmo vale para o setor financeiro, que ampliou sua demanda por consultoria e conhecimento diferenciado do mercado. ”O profissional que souber usar estatística combinada a aplicativos da internet de forma positiva tem como oferecer grandes chances de negócios à empresa”, afirma Rodolfo Eschenbach, líder da área de Talentos e Performance para América Latina da Accenture.
Para sustentar esse crescimento, a área de tecnologia será mais exigida do que em anos anteriores. Os sistemas vão redesenhar a estrutura das empresas. Novos projetos surgem diariamente nas companhias, que vão em busca de desenvolvedores de negócios. “Esse profissional ajuda a abrir portas, uma tarefa muito importante para a organização”, diz Adriana Cambiaghi, que observou um aumento de 60% na busca por esse profissional no mercado.
Transformar qualquer ideia em resultado palpável ainda é um desafio para as empresas, que após o susto da crise financeira voltaram a investir em inovação, pesquisa e desenvolvimento. E o profissional que compreender melhor as mudanças de cenário e aprender a tomar decisões mais rapidamente sai na frente. “Antes, se o profissional tinha diploma, era o mesmo que garantir o emprego. Agora ele precisa aprender a usar sua experiência, seu conhecimento, sua cultura e sua iniciativa para resolver um problema e gerar resultados”, diz Vicente Picarelli Filho, da Deloitte.
Na nova ordem, os valores pessoais podem se alinhar aos da empresa. "Logo logo não teremos mais organogramas nas organizações e sim redes de relacionamento. O profissional do novo século, portanto, tem que mostrar sensibilidade e alinhar seu propósito de vida com a organização, deixar de pensar de uma maneira segmentada. Com isso, as empresas se tornam o principal espaço no mundo para que as pessoas expressem o melhor de si.”
Fonte: Época Negócios
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