Por Rogerio Martins
Em recentes pesquisas e apresentações sobre motivação uma pergunta tem sido recorrente: o que nos motiva na vida? Desde que iniciei meus estudos sobre motivação humana descobri diversas explicações, conceitos, teorias e experiências que às vezes me confundiram sobre o verdadeiro princípio da motivação. Porém, isto me estimulou a procurar no convívio diário com profissionais, executivos, alunos e amigos o verdadeiro sentido do que nos motiva na vida.
De certo que não encontrei uma explicação definitiva sobre o assunto, mas percebi uma linha de conduta comum a todas as pessoas bem sucedidas que mantive e mantenho contato até hoje. O traço comum de comportamento que coloco como um dos princípios da motivação humana é a capacidade de pensar positivamente sobre seu futuro.
O fator “visão positiva do futuro” faz com que as pessoas tragam algum significado para suas vidas. Quando pensamos sobre nossos futuros estamos criando uma ponte para o sucesso. Nossas ações passam a ter um sentido à medida que organizamos os sonhos e ambições. É fundamental ter sonhos para que encontremos motivos em nossas vidas. O sonho é o primeiro passo para a concretização dos objetivos. Para alguns o sonho é casar e ter filhos, para outros é ser bem sucedido profissionalmente, em outros casos é ter mais tempo para si mesmo, e assim por diante. À medida que projetamos estes sonhos em nossas mentes criamos condições favoráveis para vivermos motivados para alcançá-lo.
Em função disso, afirmo que para encontrar a motivação para o dia-a-dia é preciso primeiramente ter sonhos, projetos sobre o futuro, uma visão clara e significativa de onde se quer chegar ou o que se quer fazer com a própria vida. É preciso ter um sentido maior e que faça a diferença para si mesmo.
Há um caso real que reforça esta idéia: a do psiquiatra judeu Viktor Frankl que, preso no campo de concentração de Auschwitz, em plena Segunda Guerra Mundial, traçou três metas ao chegar naquele local deplorável: manter-se vivo, ajudar as pessoas com seus conhecimentos médicos e aprender alguma coisa com aquela situação. Ele conseguiu! No livro “Em busca de sentido”, Viktor Frankl descreve os horrores daqueles momentos quando foi quase vítima do extermínio, mas por definir claramente seu futuro agiu diariamente motivado para cumprir suas três metas.
No mundo corporativo também encontramos casos semelhantes de determinação, motivação e foco no sucesso. O exemplo mais recente é da empresa japonesa Toyota. Há alguns anos seus executivos traçaram a meta de ser não somente a melhor empresa de fabricação de automóveis, mas a maior. Este plano está se tornando realidade porque seus funcionários, clientes e fornecedores compartilham este futuro. Um executivo da indústria de autopeças contou-me, certa vez, um fato interessante sobre o relacionamento e visão compartilhada relativo a montadoras, na qual a Toyota foi citada. Segundo ele, quando havia algum problema no material entregue, as montadoras costumavam chamar para uma conversa e apontar “o erro do fornecedor”, enquanto que a Toyota chamava para a reunião abordando “a resolução de um problema nosso”. Os profissionais da Toyota colocavam a situação como algo a ser resolvido em conjunto e o ônus era partilhado entre as partes. Isso fez e faz toda a diferença.
Voltando aos sonhos, é preciso ter cuidado com o tamanho deles. Algumas vezes o sonho é tão grande que, para ser alcançado com sucesso, deve ser dividido em pequenas partes. Caso contrário, a frustração de não atingir aquele objetivo é um fator de desmotivação tão poderoso que poderá ocasionar a sensação de derrota. Para se chegar à vitória é preciso pensar nela primeiro. Vários esportistas e executivos de sucesso já apontaram que o fator determinante de suas conquistas foi a associação de uma visão positiva de seu futuro, com a determinação para alcançar a vitória. É preciso sonhar e agir. Planejar e realizar. Conquistar e comemorar.
Como sabemos, a motivação é um fator intrínseco ao ser humano e influenciado por fatores externos (pelo meio em que vivemos e pelas pessoas que convivemos). Por isso, nada mais natural que o princípio da motivação se encontre em nossos sonhos, desejos e ambições que, aliados a um sentido de ação, tornam-se a visão de futuro que nos impulsiona a realizar, agir, fazer, trabalhar, namorar, crescer e, enfim, viver. Motivos não faltam; basta dar um sentido a eles.
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante. Especialista em Liderança e Motivação.
Fonte: Portal do Marketing
0 Comentários