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O Equilíbrio Entre a Vida Profissional e Pessoal

Maiara Tortorette

Vida agitada e falta de tempo, duas características muito comumente associadas ao perfil de grande parte dos trabalhadores do mundo atual. De um lado, a dedicação profissional, reuniões, busca por resultados, reconhecimento, promoção. De outro, a vida pessoal, cuidar da família, arrumar a casa, acompanhar o desenvolvimento dos filhos e lembrar de pagar todas as contas. Administrar o tempo parece simples, mas com tantas responsabilidades, muitas vezes o trabalho acaba em casa ou os problemas do lar são resolvidos no ambiente corporativo.

O homem moderno está cada vez mais ligado à vida profissional, e as empresas realmente exigem essa dedicação. Para alcançar sucesso na carreira, é fundamental abraçar os objetivos da empresa e trabalhar o tempo que for necessário para resolver problemas ou buscar melhorias. No entanto, para que tudo ocorra de maneira saudável é necessário que os dois lados da vida estejam em sintonia.

Para a coaching Evania Vieira, não há como separar por completo a vida pessoal da profissional já que estamos ligados a elas o tempo todo. “Se imaginarmos que as organizações são estruturas cuja base é formada por indivíduos, com pensamento, sentimentos e vontade, podemos inferir que a separação da vida pessoal e profissional não se dará como um ato de girar um botão que as transformam instantaneamente em ora profissionais, ora indivíduos. Porém, é necessário que o profissional tenha em mente que vivemos num mundo moderno, dinâmico e com transformações constantes e rápidas. Esse dinamismo exige que desempenhemos diversos papéis em diferentes espaços”, explica.

O grande problema é realmente perceber quando há uma sintonia entre o profissional e o pessoal, e em que momento é necessário ter mais dedicação com um ou com outro. Apesar de manter os dois lados em equilíbrio, algumas vezes é preciso cancelar um jantar com a família para terminar um projeto, por exemplo, ou adiar um relatório simples para cuidar do filho pequeno que está doente. No entanto, há como saber qual é a hora certa para essas escolhas?

“As situações aceitáveis são aquelas que abalam completamente a estrutura física e emocional de uma pessoa como, doença pessoal e familiar, falecimentos ou perdas patrimoniais. As prejudiciais são aquelas que fazem o profissional se esquecer das suas responsabilidades, funções e tarefas, tornando o ambiente de trabalho um espaço para resolver suas questões pessoais, como problemas conjugais e afetivos, usar o telefone da empresa sem a concordância e de forma excessiva ou faltar e chegar constantemente atrasado por causa de pendências pessoais”, conclui Evania.

Além de prejudicar sua imagem na empresa, o profissional que costuma levar problemas de casa para o trabalho pode ter o rendimento comprometido. Embora algumas vezes seja difícil deixar um conflito de lado e focar apenas no trabalho, é importante que em situações 'menos relevantes' o profissional procure resolver cada coisa em seu momento adequado.

Nelson José Rosamilha, diretor executivo da Six Sigma Brasil, acredita que existem algumas formas de amenizar o problema pessoal para que ele não atrapalhe na execução das tarefas. “Sem dúvida nenhuma, um familiar doente, um processo de separação no casamento ou dívidas financeiras, por exemplo, são problemas que comprometem o rendimento de qualquer profissional e tornam a busca por “separar” os assuntos muito difícil. É importante, neste momento, ter alguém com quem compartilhar seus problemas, no horário do almoço ou mesmo em um happy hour, pois o fato de conversar sobre o assunto já alivia muito. Conheço pessoas que reservam, religiosamente, uma vez por semana para almoçar com esposa ou filhos”, exemplifica.

Postura Profissional

Um profissional com problemas pessoais pode contornar essa situação sem deixar uma imagem negativa na empresa, para isso basta tomar as atitudes corretas e mostrar comprometimento, apesar das dificuldades. A imagem que demonstra na organização terá grande influência no seu futuro dentro da empresa. Em casa, a solução deve ser semelhante, pois apesar de haver maior flexibilidade, muitas vezes a ausência com os filhos ou companheiro podem resultar em chateações, portanto é fundamental tomar cuidado com as coisas que combina ou se propõe a fazer.

“Uma postura que considero importante é exatamente manter a consciência ativa de quem você é e onde está. O profissional deve ter em mente que o local de trabalho é um ambiente hierárquico, onde as relações podem e a gente espera que sejam pautadas por princípios democráticos, mas isso não dissolve a hierarquia. Logo, as relações que se estabelecem ali diariamente são entre chefes, subordinados e colegas de trabalho. O modo como o profissional se comporta, independente do cargo que ocupa na estrutura organizacional, deve ser levado em conta neste ambiente, não para se manter no lugar em que está, mas para mostrar maturidade para galgar outras funções dentro da organização, se tiver interesse”, define Evania.

Para Nelson, a disciplina é uma das características mais importantes para a organização das atividades, seja no ambiente familiar ou corporativo, o importante é fazer as coisas certas, na hora certa. “A palavra mágica aqui é disciplina espartana, hora de jantar, hora da ginástica, hora da novela, tudo na sequência correta, apenas casos extremamente críticos devem ser tratados como exceções”, afirma.

E nessa constante disputa entre o profissional e o pessoal, podemos entender que um não funciona sem o outro, e por isso, os interesses devem caminhar sempre juntos, para que não haja conflito em nenhum dos lados. Estar realizado não significa apenas ser bem remunerado, ou viver para cuidar da família, significa encontrar um ponto de equilíbrio, onde conseguimos ponderar nossas atitudes e realizar os compromissos de forma saudável, sem que ninguém seja prejudicado e todos saiam ganhando.



Fonte: Carreira & Sucesso

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