Daniel Limas
Quem nunca teve uma noite mal dormida que dê uma cochilada agora! Ter sono ao longo do dia é mais que comum e os causadores dos nossos bocejos diários são os mais variados: problemas psicológicos, doenças, estresse, trabalho. Não existem números ou pesquisa concreta que mostrem o quanto os distúrbios do sono influem no trabalho. Mas é fato que os problemas são inúmeros e atingem mais pessoas que podemos imaginar.
Para os médicos especialistas em sono, o sinal de alerta deve ser acionado quando a pessoa tem dificuldade para dormir em mais de três dias em uma semana. Mas, se uma pesquisa for feita para saber se a pessoa já teve insônia, quase 100% vai responder positivamente. Se as perguntas forem mais específicas, questionando se a pessoa tem problemas para dormir com frequência, esse número passa para 20%. É um número alarmante, sem dúvida.
Para o Centro de Estudos Multidisciplinares em Sonolência e Acidentes, o CEMSA, os problemas mais comuns relatados pelos pacientes são o ronco e a apnéia (que são as paradas repetidas e temporárias da respiração durante o sono), que correspondem a 30% das queixas. Mas, esses distúrbios não afetam em mesma proporção para ambos os sexos. "O ronco e a apnéia são mais relatados pelos homens, enquanto as mulheres sofrem mais de insônia, cerca de 32%", explica Samantha Lemos Paim, médica especialista em sono do CEMSA.
Samantha reforça que estes números são colhidos com base na população de São Paulo, uma cidade que não para e reconhecidamente estressante. "Esse número alto é alarmante, pode ser considerado como uma epidemia. Na média mundial, esse número está entre 20 a 30%", aponta. Mas a médica reforça que apenas as pessoas com casos mais recorrentes de distúrbios do sono devem procurar ajuda de especialistas. "Em muitos casos, o paciente reclama que está dormindo mal, mas ao passar por exames, completa todos os estágios do sono pelos quais deve passar".
Outra dúvida muito comum se dá com relação à quantidade de horas necessárias de sono. Geralmente, ouvimos nossos pais e amigos dizerem que oito horas são fundamentais. Não necessariamente isso é verdade. Quem explica é Samantha, que afirma que a necessidade varia de pessoa para pessoa. "Tem gente que se satisfaz dormindo quatro ou cinco horas por noite. Outras precisam de oito. O mais importante é estar bem no dia seguinte." Saiba que privar seu corpo do descanso necessário pode trazer, ao longo do tempo, uma série de problemas que afetam sua vida pessoal e profissional.
Quais os sintomas de que algo não vai bem? Cansaço excessivo, falta de concentração e atenção, perda de memória e sonolência durante o dia. E isso afeta diretamente o trabalho de qualquer empregado. "Há um prejuízo cognitivo muito grande, afeta a criatividade, traz consequências físicas, como indisposição e cansaço, alteração no ritmo biológico, alterações hormonais, até mesmo problemas digestivos", enumera Luciane Carvalho, coordenadora do ambulatório Neuro-Sono, do Hospital São Paulo.
Para complementar, Samantha exemplifica com um número que ajuda a mostrar as consequências no nosso cotidiano: sem sono, se o tempo de execução de uma tarefa corriqueira leva cinco minutos, com sono, a mesma tarefa é executada em cerca de oito. Mas a lentidão não é o único problema. A probabilidade de acontecer um acidente de trabalho é muito maior. De acordo com a médica, em pesquisa realizada com 400 motoristas profissionais, 16% assumiram que já haviam cochilado ao volante. "No entanto, se a pergunta avaliasse se o profissional conhecia alguém que dormia ao volante, 55% afirmaram que sim. Ninguém gosta de assumir que pode cochilar no trabalho", alerta Samantha.
Outro dado trazido pela médica Samantha indica que, em São Paulo, após a implantação do rodízio para caminhões, no segundo semestre de 2008, a quantidade de acidentes com estes trabalhadores aumentou bastante. "Esse número aumentou porque o rodízio obriga que os caminhoneiros entrem na capital antes das 5h da manhã. E é nesse horário que o corpo está mais sonolento. Agora, associe o sono com o cansaço de horas e dias de trabalho".
Mas não só os motoristas sofrem dos males do sono. Profissionais que trabalham em turnos, que trocam o dia pela noite, e que têm seu hábito de sono modificado merecem um alerta, principalmente aqueles que trabalham ora num período ora em outro. "Cerca de 13% das pessoas consegue inverter totalmente o dia pela noite sem muitas consequências. O problema maior consiste numa coisa bastante comum, que é a rotatividade dos turnos. Os distúrbios mais comuns são não conseguir dormir, depressão, ansiedade e as doenças gastrointestinais. Isso ocorre porque o corpo humano é regulado por um relógio biológico e existem muitos hormônios que só são liberados enquanto a pessoa dorme", aponta Luciane.
Agora que você já sabe os prejuízos que noites mal dormidas podem ocasionar, é hora de acompanhar algumas dicas para fazer antes de dormir:
- evitar café, chás, bebidas estimulantes e chocolate;
- álcool e cigarro;
- exercícios físicos intensos em horário próximo de dormir. Atividade física regular faz bem para o sono;
- ter uma rotina de sono: dormir e acordar no mesmo horário;
- praticar atividades relaxantes antes de dormir;
- não trazer trabalho para casa;
- não fazer do quarto um local de trabalho;
- banho quente;
- ambiente escuro e tranquilo.
Fonte: Carreira & Sucesso
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