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Quanto Custa se Reinventar?

Três profissionais contam quanto investiram para tirar a carreira do ponto morto e promover mudanças no trabalho

Por Mariana Amaro

Segundo uma pesquisa da consultoria Pactive, especializada em gestão de pessoas, 58% dos profissionais brasileiros já pensaram em largar tudo para começar uma carreira nova. Desses, 26% afirmaram que pensam no assunto várias vezes.

As razões para o desejo de dar essa virada profissional passam por insatisfação com a remuneração, falta de reconhecimento e até vontade de atuar em áreas mais afinadas com a própria personalidade. Embora o questionamento da própria carreira seja tão comum, 31% dos entrevistados admitem que não fazem essa troca por medo de arriscar, e outros 16% continuam onde estão por duvidar da própria qualificação.

De fato, é preciso se capacitar para recomeçar numa nova profissão, e isso demanda investimentos. "Transformações assim exigem, além de coragem, planejamento", diz o educador financeiro Mauro Calil. Confira, a seguir, como três profissionais se prepararam financeiramente para dar esse passo.

Descobrindo uma nova vocação

Após pedir demissão do emprego onde trabalhava com comércio exterior, a administradora Luciana Praxedes, de 38 anos, buscou uma empresa de recolocação. Diante das propostas que recebeu no período, a administradora foi percebendo que não queria mais seguir uma carreira executiva e que gostaria de empreender. 

Para isso, ela procurou a ajuda de consultorias, em busca de orientação sobre como iniciar um negócio. O investimento foi possível porque Luciana havia economizado 20% do salário por seis anos para ter uma reserva. "Poderia me manter por dois anos, mesmo se ficasse em período sabático", diz ela.

É o que aconselham os especialistas: ter uma reserva suficiente para sustentar a família por dois anos, já que, em uma mudança drástica de profissão, o novo salário costuma ser bem mais baixo, pela falta de experiência. Nessa transição, Luciana visitou feiras de negócios e se matriculou em cursos gratuitos para pequenos e microempresários do Sebrae. 

Acabou abrindo uma pet shop e um hotel para animais. "Contratei um veterinário, e eu cuido dos números", afirma Luciana, que se considera satisfeita após a mudança profissional

O custo do networking

Mudar de carreira significa mudar também de ambiente”, afirma Mauro Calil. O escritor e palestrante Luiz Gabriel Tiago, de 36 anos, que prefere ser chamado de Senhor Gentileza, percebeu isso quando decidiu fazer a transição profissional. Durante 17 anos, ele trabalhou como agente de aeroporto e gerente de recepção em um hotel.

Porém, após alguns enfrentamentos com o chefe, criou um blog, em que dava dicas para lidar com a raiva no trabalho. O conteúdo virou o livro Como Driblar a Raiva no Trabalho, e Luiz Gabriel passou a receber convites para dar palestras. Foi então que vislumbrou a oportunidade de mudar de trabalho. Para isso, entretanto, precisava investir em sua rede de contatos.

Todos os meses, Luiz Gabriel passou a separar pelo menos 200 reais do orçamento para pagar cafezinhos com quem ele queria manter contato. "Convidava todo mundo para um café. Todo mundo mesmo. As indicações de trabalho podem vir de qualquer lugar", diz.

A receita deu certo e, graças aos contratos de palestras que fechou por causa de sua rede, hoje ele é dono de uma empresa que oferece palestras e treinamentos motivacionais. Mesmo assim, Luiz Gabriel se arrepende de não ter poupado o suficiente para fazer a transição com tranquilidade. A reserva de capital comportava apenas seis meses.

A solução foi apelar para empréstimos até que as contas entrassem no azul de novo. "Se pudesse voltar no tempo, teria esperado um pouco mais. Fui pedir demissão no impulso, depois de uma grosseria do chefe, e acabei passando dificuldades no começo da nova carreira."

Mudança lateral

Quando a jornalista Ana Gomes, de 37 anos, decidiu abandonar o jornalismo para se dedicar à área de gestão de pessoas, adotou o hábito de separar parte do salário para gastar com cursos voltados a recursos humanos. No começo, eram 150 reais por mês.

O montante era investido em formações sobre cargos e salários, assinaturas de jornais e revistas e matrículas em seminários, palestras e conferências. Conforme seu salário ia crescendo, ela aumentava também a parcela separada para esse investimento de carreira.

"Fiz um MBA e uma dezena de cursos com essa conta simples", afirma. Segundo o consultor financeiro Mauro Calil, há três tipos de virada de carreira:

1) a mudança correlata, quando um publicitário vira um escritor, por exemplo;

2) o downgrade educacional, como quando um advogado decide virar tarólogo e, para isso, faz cursos específicos, mas não usa todo o conhecimento acumulado na faculdade e no trabalho; e

3) o upgrade educacional, quando um enfermeiro resolve ser dentista, por exemplo, e, para isso, precisa fazer uma nova faculdade. 

No primeiro caso, os gastos com educação são menores, porque a transição é lateral.

No segundo caso, o valor do investimento em educação varia conforme a necessidade ou não de fazer novos cursos. Invariavelmente, o último tipo de mudança é o que demanda mais dinheiro e empenho. No caso de Ana, a mudança foi correlata. E foi o planejamento financeiro que lhe permitiu investir em qualificação para ser contratada e atuar, com sucesso, na nova área — recursos humanos.


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