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A Importância de Equilibrar Diversas Carreiras Simultaneamente

Por Renato Bernhoeft

Um tema bastante discutido entre as décadas 1970 e 1980 retorna agora, no século XXI, sob nova roupagem, mas ainda debatido numa visão meramente dualista: a melhoria na qualidade de vida pessoal e profissional. 

As demandas e pressões relativas a este equilíbrio só aumentaram em todo esse período. Curiosamente, e apesar da quantidade de informações que se tornaram disponíveis sobre o tema, a grande maioria dos executivos continua dando prioridade a sua carreira corporativa em detrimento das questões ligadas a vida pessoal. Este risco agora também está presente no universo feminino que, ao ampliar sua participação no mercado de trabalho, está copiando o fracassado modelo masculino.

É preciso destacar, no entanto, que este tema não é apenas dualista. Ou seja, não podemos continuar analisando a questão apenas em termos de uma dicotomia entre a vida pessoal e profissional. É claro que, quando falamos da vida corporativa, o foco está centrado na carreira e tudo o que a envolve. Mas, ao tratarmos da vida pessoal, essa divisão é mais complexa e requer uma análise baseada nos diferentes papéis que vivemos ao longo da vida.

Devido a essa falta de clareza, é comum encontrar executivos que obtiveram muito sucesso em suas carreiras profissionais, mas que não conseguiram o mesmo resultado como cônjuges, pais e cidadãos. São brilhantes no mundo empresarial, mas tiveram a vida pessoal destruída pela dedicação excessiva ao trabalho.

Entre as maiores mudanças nesse cenário podemos registrar o aumento da longevidade em contraponto às carreiras mais curtas, um dilema para o qual a maioria dos profissionais nem sequer se apercebeu e, muito menos, se preparou. Outro ponto crítico que já é sentido, mas que também requer muita reflexão, são os novos modelos de estrutura familiar que surgiram no mundo. O último censo do IBGE, por exemplo, localizou cerca de duas dezenas de novos modelos de estruturas familiares.

Surgem então as dúvidas de como encontrar equilíbrio entre o sucesso corporativo ao mesmo tempo em que surgem novas exigências nos papeis de cônjuges e pais — como a questão das drogas, a violência, o mundo virtual, a quebra da privacidade e a diminuição dos índices de natalidade, criando filhos únicos mimados e despreparados para a vida.

Já não basta dizer que se trabalha para dar um bom padrão de vida aos filhos, sem que o mesmo venha acompanhado por muito diálogo, orientação e carinho.

Inclusive porque até o modelo de sucesso dos pais no mundo do trabalho já pode mais não servir de referência — afinal, também este universo está em constante mutação.

As organizações também desaparecem, morrem ou são incorporadas por outras. As carreiras na vida pública já não representam uma segurança de emprego para toda a vida. Corrupção, mudanças políticas e a maior integração entre os investimentos públicos e privados estão criando realidades diferentes, além de maior complexidade. As menores taxas nos rendimentos, o desafio em manter o mesmo padrão de vida após a aposentadoria e o aumento da importância do rendimento das mulheres no orçamento doméstico também merecem destaque.

A cada dia fica mais claro que não basta ser apenas um profissional de sucesso e adiar as demais conquistas e cuidados. O equilíbrio entre as várias carreiras simultâneas é assunto que deve ser visto desde o processo de preparo para a vida e, acima de tudo, tema de toda uma existência. Este é um dos assuntos que não pode ser delegado a ninguém. A responsabilidade é de cada um de nós.


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