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Geração Y: Não é Bem Assim

Quando o estereótipo não condiz com a realidade

Por Alexandre Santille

Há algum tempo se fala em geração Y, de como as pessoas desse grupo são ambiciosas, exigentes, como questionam tudo e têm pressa em ocupar posições de liderança, exigindo razões e recompensas. É comum ouvir que buscam qualidade de vida acima de tudo, que não têm lealdade pelas empresas e nem o comprometimento necessário para assumir responsabilidades mais complexas.

Mas quanto disso tudo é real ou apenas mito? Ao tentar encontrar esse típico profissional da geração Y, começamos a perceber que esse era um retrato que não condizia tanto com a realidade. Vimos também que pesquisas atuais sobre o tema revelam como o senso comum acabou reforçando ideias, aceitas como verdades, sem uma análise mais apurada.

Estudos recentes mostram que esses profissionais não são tão diferentes assim dos jovens da geração X ou Boomer. A pesquisa “The Generation Myth”, do Australian Institute of Management, perguntou para mais de mil colaboradores: “o que faz um ambiente ser bom de trabalhar?”. De 95 fatores testados, a resposta unânime de todos os colaboradores independentemente da idade foi: “uma gestão capaz” que tem confiança e respeito pela competência do colaborador. Isso demonstra que pessoas de todas as gerações querem ter como líderes pessoas em quem possam confiar e se apoiar.

Outra revelação feita pela pesquisa “Generation Y: Realising the Potential”, realizada pela ACCA com mais de 3.200 pessoas de 22 países, é que remuneração e salário, ao contrário do que se pensa, não é o aspecto mais valorizado por esta geração. O principal fator de retenção para essas pessoas são as oportunidades de aprendizagem oferecidas pela empresa. Isso indica como todo mundo quer aprender – mais do que qualquer outra coisa. No fundo, as pessoas querem aprender coisas relacionadas ao seu trabalho, não à sua geração.

Esses dados mostram como todas as gerações basicamente querem e valorizam coisas parecidas. A questão é que as prioridades, expectativas e comportamentos variam visivelmente. Com relação a mudanças, por exemplo, pessoas de todas as gerações acreditam que de alguma forma podem ser afetadas negativamente. O que significa que gestores gostam tanto de mudanças quanto estagiários.

É claro que existe sim uma diferença entre as gerações. Não se trata de negar isso, mas de constatar um certo exagero na forma como a geração Y vem sendo retratada. Os estereótipos criam expectativas que acabam influenciando a forma de perceber certos comportamentos. Além disso, o jeito de ser das pessoas muitas vezes pode estar mais relacionado à fase de vida do que a características específicas de uma geração. Ou seja, existem atitudes que são comuns em jovens – seja de que geração for. Nesse sentido, um profissional da geração Y pode demonstrar tanta ansiedade quanto um Boomer quando estava em início de carreira.

As circunstâncias, o contexto, também exercem influência no comportamento das pessoas – e esse é um fato que não pode ser subestimado. Atualmente, com tanta informação ao alcance da ponta dos dedos, não é difícil entender que essa geração tenha expectativas tão altas em relação ao que o mundo pode oferecer para suas vidas na esfera pessoal e profissional. Mas isso serve para qualquer geração, porque o ritmo produzido pela tecnologia já afetou a todos. Hoje, qual geração não está conectada acessando a internet e se comunicando via SMS? Ninguém mais trabalha sem email ou sem celular. Então, o rótulo de “interconectados” já não faz mais sentido para caracterizar apenas aqueles que pertencem à geração Y.

No fundo, a geração é apenas uma lente, um dos ângulos pelos quais é possível analisar as questões do ambiente de trabalho. O cuidado que se coloca é não tratar jovens como uma classe diferente, não julgar os outros baseados apenas em idade, pois essas são atitudes que não favorecem a diversidade.

É preciso lembrar que todos os colaboradores, jovens e mais velhos, de algum modo competem por reconhecimento e recursos e que a maioria reclama de colegas de outras gerações. Mas quando percebemos que as pessoas no trabalho buscam mais ou menos as mesmas coisas, começamos a entender que o conflito entre gerações é justificativa fácil para não enfrentar outros aspectos que realmente desestabilizam o ambiente de trabalho – como uma liderança despreparada, por exemplo.

Para promover um ambiente de trabalho construtivo, temos que entender que é possível trabalhar com (ou fazer a gestão de) pessoas de todas as gerações efetivamente. Basta buscar a conexão e a troca por meio do que há em comum entre os profissionais. O ideal é aproveitar as melhores qualidades de cada geração, aprender continuamente de pares e colegas mais experientes e, ao mesmo tempo, criar oportunidades para que os jovens possam descobrir suas aspirações e limites.



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