Advertisement

Responsive Advertisement

3 Fatores Críticos Que Destroem a Competição Sadia Nas Empresas

Por Silvio Celestino


Dácio Campos, comentarista de tênis da SporTv, há uns 3 anos afirmava pausadamente e com muita ênfase: "Guardem esse nome: é Djo-ko-vic". Agora, ao ver Novak Djokovic ganhar de forma magistral o mais importante torneio de tênis do mundo, Wimbledon, materializa ali na partida final a relevância da competição como forma de desenvolvimento humano. Durante anos Djokovic jogou com Nadal e Federer e suas chances de vencê-los era reduzida. De forma consistente os padrões de jogo, físico e mental dele aprimoraram-se e agora é o atleta a ser batido nas quadras. Acrescente-se o fato de que compartilha o histórico momento em que vivem aquele que é considerado o maior tenista de todos os tempos, Federer; e um dos mais fortes atletas mentais da história, Nadal; seu feito ganha dimensões épicas.

Na raiz da competição estão a cooperação e a generosidade. Se você e eu competimos, então há o compromisso de que jogarei com você e darei o meu melhor e espero que você faça o mesmo. E ao darmos o nosso melhor, cooperamos para nos aprimorarmos. Generosidade porque não há vitória ou derrota eterna e enquanto nos dispusermos a jogar, estaremos sempre evoluindo. Como Federer, Nadal e agora Djokovic nesses anos fantásticos que vivemos no tênis.

Essa é a competição sadia. Aquela que desenvolve pessoas.

Entretanto, quando olhamos nas empresas, é evidente que os profissionais temem a competição dentro delas. O estresse, as injustiças, as deslealdades e ausência de regras degeneram a competição para ações destrutivas e por vezes auto-destruidoras das próprias pessoas e de suas carreiras profissionais.

Avaliando as razões, três são determinantes:

1) Favorecimento desleal: quantas vezes não vemos se abrirem oportunidades relevantes de projetos ou processos de contratação e muitos profissionais qualificados, inclusive de dentro da empresa, serem descartados por "não cumprirem as exigências do cargo". Logo depois se anuncia o vencedor: um amigo de longa data daquele que está contratando. Evidentemente, com toda a preparação esperada. Assim como em um jogo em que o favorecimento de um atleta desanima os demais, nas empresas, favorecimentos desanimam e tiram o desejo dos profissionais de se desenvolverem. Sou extremamente a favor de networking, marketing pessoal e habilidades política e de influência. Mas, desde que sejam usadas de forma limpa por profissionais que são reconhecidamente de excelência em tudo que fazem.

2) Líderes desonestos: chefes que não são claros quanto aos propósitos e objetivos da empresa, do departamento ou de uma determinada tarefa. Que não sabem esclarecer planos de ação e, principalmente, são incapazes de declarar seus critérios de decisão, criam um ambiente de desânimo, descrença e insegurança a todos. Bons líderes desenvolvem bons líderes, não bons seguidores. Um chefe arbitrário cria um senso de individualismo e auto-sobrevivência a todos que estão abaixo de si, preocupados mais em se manter empregados do que em se desenvolver e produzir cada vez mais resultados para a empresa e seus clientes.

3) Discurso e prática desconectados. Empresas que possuem valores, missão e visão escritos em uma placa na sua recepção, mas cujos líderes não conseguem transformá-los em ações práticas produzem como resultado uma rotina trágica de decepções e desmotivação. A cultura de uma empresa que não está expressa nos comportamentos de seus líderes, nos sistemas e nos símbolos dela é uma cultura moribunda. Assim, uma companhia diz que valoriza a satisfação dos clientes; mas seus profissionais são bonificados somente por vendas. Ou deseja a meritocracia, mas na verdade aceita que resultados sejam maquiados em processos e sistemas para que pessoas apareçam bem na foto da auditoria. E ainda existem aquelas que declaram que desejam que os profissionais se sintam responsáveis por suas ações, mas na verdade usam esse discurso para culpá-los por erros de natureza estratégica.

Não há como se criar um processo sadio de competição e desenvolvimento de talentos em empresas com esses graves equívocos.

Desenvolver pessoas, especialmente novos líderes, deve ser um propósito permanente em toda organização. Ela somente poderá existir daqui 5, 10 ou 20 anos se tiver líderes formados de forma consistente, com ética, valores e propósitos elevados. O mundo e as pessoas estariam em melhor situação se fossem desenvolvidos dessa forma. Muitos dos problemas que enfrentamos hoje na economia mundial, por exemplo, são resultados de líderes executivos sem caráter que preferiram a fraude à excelência. Optaram pelo resultado a qualquer custo e pela ausência de ética na condução de seus negócios. Não se formam boas pessoas em ambientes com esses fundamentos.

Vida longa a Djokovic, Nadal e Federer, que seus exemplos de competição sadia e ética sejam fomentados para preencher cada vez mais o propósito de prepararmos e formarmos pessoas e empresas campeãs. Vamos em frente!

 
Silvio Celestino é Consultor Organizacional e Senior Partner da Alliance Coaching

Fonte: Olhar digital
Fonte da imagem: gettyimages

Postar um comentário

0 Comentários