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Sexo Frágil?

por Augusto Costa


Há menos de uma década, a cena de torcedoras vibrando nos estádios era motivo para surpresa e admiração. Era também um sinal de que mudanças estavam a caminho. Das arquibancadas, elas entraram em campo, calçaram as chuteiras ou tomaram conta dos apitos para colocar ordem nas duras competições dos marmanjos. No setor de mineração, elas assumiram o volante de grandes máquinas; na indústria, passaram a liderar grandes equipes; entraram na conquista espacial, política e já disputam ombro a ombro os postos de comando – antes um terreno reservado ao poder e vaidade masculina.

Com a sutileza e delicadeza próprias do gênero, elas conquistaram definitivamente seu espaço. Sem mais necessidade de provação, já demonstraram em análises de produtividade que são excelentes negociadoras e conseguem gerenciar diferentes tarefas ao mesmo tempo, com tal ou mais desenvoltura que os homens. Sem novidades, já encaramos com normalidade a ascensão das mulheres aos altos postos executivos. Mais que isso, necessitamos da dedicação e inteligência feminina em nossas corporações.

Apesar disso, elas ainda têm um longo caminho pela frente quando o assunto é igualdade entre os sexos no ambiente corporativo. De acordo com uma pesquisa realizada pela Manpower – líder mundial no segmento de consultoria em recursos humanos – junto a 29 mil gestores de 33 países, apenas 49,1% acreditam que o potencial produtivo feminino é bem aproveitado dentro das organizações, ante 74,3% do aproveitamento da força de trabalho masculina. Outro destaque da pesquisa é que, embora mais mulheres concluam o ensino superior, apenas 60% estão empregadas, contra 75% no lado masculino. Para agravar o quadro, ainda são donas dos menores salários.

Família – Quando chega o momento de assumir novos postos de alta gestão, elas repensam e, muitas vezes, optam pela preservação da harmonia familiar. O levantamento apurou que apenas 27% das mulheres almejam cargos de liderança em algum momento de suas carreiras, contra 37% dos profissionais do gênero oposto. Apenas 12% das funcionárias questionadas aspiram ao cargo de nível máximo, enquanto que 19% dos homens possuem esse desejo.

Se por um lado o mercado demanda sua participação e demonstra uma tendência de equiparação de gêneros nos postos de comando; por outro, peca em não facilitar a ascensão da mulher. Na maioria dos casos, a desistência em assumir cargos de liderança é tomada pela impossibilidade de conciliar uma carga horária pouco flexível (cerca de 40 horas semanais) com a vida em família. Ou seja, nós as queremos como parceiras, porém as condicionamos a aceitar as regras do universo masculino. Não abrimos mão de sua condição de mãe.

Dos gestores entrevistados, 48% acreditam que a maternidade seja um obstáculo, enquanto 44% pensam que não. Contudo, 72% dos participantes afirmaram que já foram dirigidos por mulheres que atingiram a maternidade.

Equilíbrio – Acredito que as empresas que investem na flexibilização do regime de trabalho feminino no mundo empresarial têm mais chances de prosperar no longo prazo, enquanto as que ainda não apostam nessa estratégia precisam reunir mais esforços para se manterem competitivas.

Pensar em uma organização familiarmente responsável – com políticas que contemplem as necessidades individuais das executivas e harmonizem trabalho com vida familiar – é valorizar e respeitar a condição dessas “mães-colaboradoras”. Em um contexto macro, tal atitude poderá acarretar crescimento econômico, redução da pobreza e elevação do bem-estar social, colaborando assim para a manutenção do desenvolvimento sustentável dos países. Empresários, colaboradores, líderes, liderados, filhos, maridos e nações agradecerão. Temos somente a ganhar!


Augusto Costa é diretor-geral da Manpower no Brasil, companhia com 60 anos de mercado e presente em 82 países.
Fonte: LideraOnline

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